quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Entrevista do governador Aécio Neves

Evento: Entrega do prêmio “As melhores da Dinheiro 2009” - Revista Isto É Dinheiro
Local: São Paulo – SP
Data: 13-08-09

Governador, agora entrou um novo fator que é a senadora Marina Silva como possível candidata, que já anima o deputado Ciro Gomes a ser candidato presidencial. O senhor acha que ainda não se jogou as cartas ainda?
É, eu acredito nisso já há algum tempo. Acho que nós apenas em fevereiro do ano que vem teremos o quadro efetivamente definido. Eu vejo a candidatura da senadora Marina Silva como algo positivo no processo. Traz ao centro da discussão uma questão que na minha avaliação pessoal é fundamental para quem queira pensar o Brasil nos próximos dez, 20 ou 30 anos, que é a questão ambiental, questão da sustentabilidade. Naturalmente, ela vai trazer esse debate ao centro da campanha eleitoral. Acho que ela traz maiores preocupações ao núcleo do governo do que à oposição, até porque ela tem tido uma posição crítica em relação à condução da política ambiental por parte do governo. É uma candidatura, como eu disse, absolutamente legítima, não sei se se consolidará, mas eu vejo uma grande possibilidade de que se não for possível no primeiro turno, como nós gostaríamos. Nós termos entendimento como o PV no segundo turno.

É uma candidatura que ajuda o PSDB?
Eu não vejo assim, que ajuda o PSDB. Ela introduz um componente novo no processo eleitoral, e me parece que o governo preparou-se para uma disputa polarizada e aí qualquer componente novo traz preocupações. Repito: maiores para o lado do governo do que no campo da oposição. O PV tem uma aliança muito sólida com o PSDB em vários estados. Onde nós governamos, nós governamos junto com o PV. Por exemplo, em Minas Gerais, o PV é responsável pela área de desenvolvimento social do Estado, talvez a mais relevante do ponto de vista das pessoas. Então, uma proximidade nos estados muito grande, do PV conosco. Eu sempre trabalhei pela ampliação da nossa aliança, não apenas com o PV, mas com partidos como o PSB, o PDT, e outros partidos políticos. Acho que poderíamos ter uma aliança ainda mais ampla do que aquela hoje já anunciada com os Democratas e com o PPS. Mas na política, aquilo que não é possível ser constituído num primeiro momento, pode ser num segundo. E eu estarei mantendo contatos com ela. Devo me encontrar inclusive amanhã com o deputado Fernando Gabeira. Ele esteve comigo há duas semanas em Belo Horizonte. Então, devemos deixar as portas abertas, para que se não for possível no primeiro turno o entendimento, seja no segundo. Mas eu vejo como algo positivo e que ela eleva o debate eleitoral.

O senhor entraria nessa disputa?
Olha, eu não sou candidato por uma vontade pessoal. Eu posso vir ou não a ser candidato se o partido entender que o meu nome pode eventualmente agregar um pouco mais, trazer uma nova proposta ao país. A decisão será do partido. O que eu tenho dito é que gostaria que essa decisão fosse uma decisão mais democrática, mais ampla, onde as bases do partido pudessem participar. E não a decisão centralizada que tivemos nas últimas, pelo menos, duas eleições. Agora, tenho feito aquilo que tenho proposto, que é andar pelo país. Amanhã estarei no Recife, na próxima semana estarei no Ceará, na quinta-feira, depois em Sergipe, na outra semana estarei na Bahia, depois farei um grande giro pelos estados da região amazônica. Então, eu quero estar discutindo as nossas propostas nas diversas regiões do país. Porque eu acho que antes de escolher um candidato, antes de apresentar um candidato, o PSDB tem que apresentar uma proposta. Nós temos que dizer ao eleitor, ao cidadão comum, porque vale a pena votar numa candidatura da oposição e não continuar apoiando uma candidatura do governo que está aí. Esse é o nosso maior desafio. O PSDB estará unido, o governador Serra, eu, e as outras lideranças dos partidos aliados. Embora a minha preocupação em construir uma proposta nova, que gere novamente esperança nas pessoas, que reconcilie o PSDB com setores da sociedade, dos quais nós nos afastamos, a verdade é essa, ao longo desses últimos anos. E o meu papel é ajudar a construir essa proposta. E se isso tiver como conseqüência uma candidatura, certamente eu estarei preparado para ela. Se o caminho for uma outra candidatura, por exemplo a do governador José Serra, eu não terei a menor dificuldade em apoiá-lo, até porque é um nome extremamente preparado para a disputa presidencial.


O senhor viajando está projetando o seu nome?.
É natural, eu tenho, na verdade, as pesquisas mostram isso, um alto índice de aprovação onde eu tenho um alto grau de conhecimento. Isso acontece, por exemplo, na região Sudeste, onde as pesquisas me dão algo entre 33% e 38%. Ao mesmo tempo eu tenho um índice de desconhecimento muito grande, principalmente na região Nordeste. Eu jamais disputei uma eleição presidencial. Não tenho qualquer recall em outras regiões do país. E a oportunidade de eu falar de temas que me agradam e que eu considero importante, como gestão pública de qualidade como instrumento de desenvolvimento social, mostrando a nossa experiência de Minas Gerais, política de desenvolvimento regional, que o Brasil não tem hoje consolidada. Enfim a nossa ação na área social, que tem que ir muito além dos programas de transferência de renda, que são importantes, mas eles têm que ter uma porta de saída, uma continuidade, a qualificação daqueles que recebem a bolsa família. Quero discutir essas questões com muita franqueza nas várias regiões do país. Se isso possibilitar um conhecimento maior em relação ao meu nome e isso encaminhar para a minha eventual candidatura, muito bem. Se não, com o mesmo ânimo, com a mesma disposição, estarei apoiando a candidatura que o meu partido escolheu ou compreender como a melhor.


Como o senhor vê a candidatura do Ciro Gomes ao governo de São Paulo?
Olha, é uma seara que não é minha. É uma avaliação muito de longe. Eu tenho muito apreço pelo Ciro, isso é conhecido, e acho que ele tem todas as condições tanto de ser candidato a presidente da República, quanto para o governo de São Paulo. Mas esta questão de São Paulo eu deixo para os paulistas resolverem.

Ele ajudaria a sua candidatura a presidente como candidato em São Paulo?Não vejo essa ligação direta.


Ele prenderia o Serra em São Paulo e deixaria o campo mais livre para o senhor?
Não. Eu acho que a candidato do governador Serra à Presidência da República não depende da candidatura do governador Ciro ao governo de São Paulo. Ela depende de outros fatores, depende da compreensão do partido de que essa é a candidatura mais viável e a que tem melhores condições de vencer as eleições. Agora, eu acho que ainda tem muita água para rolar debaixo dessa ponte.

Polarização entre PT e PSDB
Eu acho que sim e essa é a questão que eu tenho colocado. Estamos vivendo ao longo das quatro últimas eleições uma polarização que coloca de um lado dos espectros políticos, PT com os seus aliados, e do outro, o PSDB com os seus aliados. E o que vem acontecendo dede 94, passando por 98, 2002 e 2006, quem perde vai para o outro canto do ringue e atua na oposição de forma a inviabilizar muitas questões que não são de governo, são de Estado, como as reformas pro exemplo, que não conseguimos viabilizar no governo Fernando Henrique, até porque lá nos tivemos outras dificuldades externas, por exemplo, como as crises, que não conseguimos no governo do presidente Lula.
Acho que mais que ficar brigando por paternidade deste ou daquele programa, devemos nos perguntar qual a agenda do país que ficou por fazer. Qual a próxima etapa, até porque eu acho que nós vivemos um processo que é da continuidade desde o governo de Itamar Franco com o início do Plano Real. O governo Fernando Henrique com a sua consolidação, com a modernização da economia, com o início dos programas sociais, passando pelo governo do presidente Lula com ampliação dos programas sociais que eu reconheço. A grande questão agora é o que fazer daqui por diante e como fazer. E eu gostaria, se eventualmente fosse candidato, de construir uma nova convergência que fugisse dessa polarização que não tem ajudado ao país.

Quem é melhor de voto, o senhor ou o governador Serra?
Isso só as urnas é que vão poder dizer. O governador José Serra é muito bom de voto como demonstrou aqui em São Paulo. E eu tenho demonstrado que em Minas não sou tão mal de voto. Em uma eleição presidencial é difícil dizer porque eu jamais disputei uma.

Um comentário:

  1. com Aecio ou com Serra estou jumto nesta batalha rumo ao planalto quero mudança sou aposentado mais fui traido por um trabalhador um lider sindical que esqueseu as suas origens

    ResponderExcluir