terça-feira, 26 de agosto de 2014

Juro cobrado é o maior desde 2011

Nem mesmo a interrupção do processo de alta dos juros básicos por parte do Banco Central, que levou as instituições financeiras a pagarem menos pelos recursos captados no mercado financeiro, impediu os bancos de cobrarem juros maiores dos seus clientes pessoas físicas e empresas.

Segundo números divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (26), a taxa média de juros cobrada das famílias pelos bancos subiu pelo sétimo mês seguido em julho, para 43,2% ao ano.

E atingiu, novamente, o maior patamar desde que o Banco Central começou a divulgar esses dados, em março de 2011. Em junho, a taxa estava em 43% ao ano. 


Desde março deste ano, quando o BC deu as primeiras sinalizações que poderia interromper o processo de alta dos juros básicos da economia, o que já gerou reflexo na curva de juros (usada como base para o quanto os bancos pagam pelos recursos), a taxa de captação dos bancos, que estava em 12,5% ao ano, recuou para 11,5% ao ano (patamar de julho), ou seja, uma queda de um ponto percentual.

Mesmo assim, as instituições financeiras continuaram subindo os juros cobrados das pessoas físicas e das empresas. Em março deste ano, a taxa cobrada das pessoas físicas, nas operações com recursos livres (sem contar crédito rural e habitacional), estava em 41,6% ao ano, passando para 43,2% ao ano em julho deste ano – um aumento de 1,6 ponto percentual.

Spread bancário sobe

O aumento dos juros bancários com intensidade maior que a alta da taxa básica, e o não repasse do corte da taxa de captação nos últimos meses, gerou o aumento do chamado spread bancário, a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram dos clientes.

O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

Em abril do ano passado, antes do início do processo de alta dos juros básicos da economia, o spread bancário nas operações com pessoas físicas estava em 25,4 pontos percentuais. Em junho deste ano, já estava em 31,3 pontos percentuais, passando para 31,7 pontos percentuais em julho – o maior valor da série histórica do BC, que começa em março de 2011.

Taxa média de empresas e geral

No caso das operações dos bancos com as empresas, ainda com base nos chamados recursos livres, a taxa média subiu de 22,6% ao ano em junho para 23,1% ao ano em julho – o maior patamar desde março deste ano. Já a taxa média geral de todas as operações com recursos livres (pessoas físicas e empresas) subiu de 32% ao ano em junho para 32,3% ao ano em julho, o maior nível desde fevereiro de 2012, quando estava em 32,5% ao ano.

Publicado no G1 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O modelo Mandrake de gestão

Os atrasos tornaram-se a principal marca do atual governo. Em se tratando de obras, estão por toda parte, em especial no programa que deveria acelerar o crescimento, mas fez mesmo foi levar o Brasil ao atoleiro.

Atrasar tornou-se agora, também, a forma encontrada pelos petistas para gerir o Orçamento da União e tentar evitar descontrole ainda maior das contas públicas. A criatividade – que nos aspectos da vida cotidiana é uma qualidade – tornou-se prática corrente para cuidar da contabilidade e burlar a boa gestão.

Os problemas deixaram, há muito tempo, de ser questões técnicas e agora ameaçam afetar a vida dos brasileiros comuns. A manipulação começa a alcançar dinheiro que vai para o pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família, o seguro-desemprego e o abono salarial. A tunga é ampla, geral e irrestrita.

Nas últimas semanas, quase diariamente, têm sido revelados casos de atrasos nos repasses de recursos por parte do Tesouro para instituições como a Caixa (responsável pelo pagamento de benefícios sociais), o Banco do Brasil (que opera o crédito agrícola) e o BNDES (que cuida de financiamentos). Até pagamentos do PAC entraram na dança.

Estima-se que o montante envolvido já alcance R$ 30 bilhões. Dividendos de estatais também são manipulados a bel-prazer como forma de fazer caixa e tentar conter o rombo fiscal. Nem assim, porém, tem funcionado: segundo o registrado no primeiro semestre, o superávit fiscal está hoje no menor patamar desde 2000.

Nos seis primeiros meses deste ano – o resultado de julho sai nesta semana – o saldo de caixa produzido pelo governo representou apenas metade do registrado no mesmo período de 2013. Transcorrido metade do ano, somente 21% da meta estipulada para 2014 foi alcançada. E o governo ainda jura que cumprirá o que prometeu...

A prática de maquiar dados e atrasar repasses, contudo, não é recente. Desde que as contas públicas entraram em franco desalinho, logo no início da gestão da presidente Dilma Rousseff, tem sido assim. Mandrake, o mágico herói das velhas histórias em quadrinhos, tornou-se modelo de gestor público no governo da petista.

Há hoje uma tremenda caixa-preta envolvendo as contas nacionais. Ninguém sabe ao certo o tamanho dos rombos, ninguém pode afirmar ao certo a dimensão das dívidas nem a real condição das receitas. A atual gestão – e não só a fiscal – é uma colcha de retalhos de truques, remendos, artifícios e manobras.

Cuidar bem do dinheiro público, aplicá-lo corretamente e prestar contas do que é feito é a única forma correta de atender o cidadão, fornecer-lhe os benefícios que tem direito e fazer retornar o que ele paga em tributos. Quem não faz assim está simplesmente nos roubando. 


Fonte: ITV