Artigo do líder da Minoria na Câmara, deputado federal Nilson Leitão
(PSDB-MT)
Chegou o momento de estados e municípios se unirem para que não
haja mais adiamentos por parte do governo federal em relação à discussão de um
novo pacto federativo. A equação fiscal não fecha mais e recai sobre os ombros
de prefeitos e governadores a cobrança da população das cidades pelos serviços
básicos que o estado já consegue oferecer.
Não
seria exagero afirmar que o governo federal age como agiota com estados e
municípios.
Hoje,
quase 60% de tudo que se arrecada no Brasil vão para os cofres da União,
restando pouco mais de 30% para ser dividido entre municípios e estados. O pior
nisto tudo é que, ao se analisar a divisão das obrigações constitucionais em
relação aos serviços prestados, a proporção é inversamente igual.
Bem
lembrou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), no Congresso Paulista de Municípios,
como essa concentração de recursos foi aumentando ao longo dos anos, muito em
função da falta de regulamentação em relação a algumas decisões da Constituição
de 1988:
“Quando
cheguei à Constituinte, ao lado do governador Geraldo Alckmin, as
contribuições, que são impostos arrecadados exclusivamente pelo governo
central, sem que sejam divisíveis com estados e municípios, representavam não
mais que 20% de tudo que se arrecadava com IPI e Imposto de Renda, os impostos
que compõem a cesta a ser compartilhada com estados e municípios. Passaram-se
os anos, as contribuições foram crescendo. Em razão de inúmeras desonerações e
outros fatores conjunturais, IPI e Imposto de Renda foram perdendo
proporcionalmente peso na arrecadação. Hoje o que se arrecada com contribuições
e Imposto de Renda mais ou menos se equivale”.
O
ciclo é histórico, mas a falta de interesse do governo federal em contribuir
para uma mudança é atual. Os últimos governos do PT se especializaram no modelo
econômico chamado popularmente de “fazer bondade com o chapéu alheio”. Corta
impostos compartilhados com estados e municípios sem diminuir também o peso das
obrigações que seriam pagas com estes repasses.
Politicamente,
uma equação perfeita para um partido que tem a obsessão de se perpetuar no
poder, custe o que custar. Disto isto, pois é o que fica: os louros para o
governo federal e as mazelas e cobranças para estados e municípios.