Por Reinaldo Azevedo
A Polícia Federal decidiu indiciar Pimenta da Veiga, pré-candidato do PSDB ao governo de Minas. Há algo de estranho nisso? Há, sim! E não é pouca coisa, não. Mas, antes que entre no mérito, permitam-me fazer uma observação. Depois do escândalo do mensalão do PT, é como se a inocência tivesse acabado no país. Há gente que pensa assim:
“Se
até os petistas eram culpados, vai ver os outros também são”. Trata-se de um
raciocínio estranho, como se as pessoas desse partido fossem mais moralistas e
decentes do que a de outros. E isso, definitivamente, não é verdade. Agora
vamos ao caso de Pimenta de Veiga, que tem laivos de surrealismo, de absurdo.
Atenção! Em
2003 — há 11 anos, portanto — o tucano atuava apenas como advogado e recebeu,
em quatro parcelas, R$ 300 mil das agências de Marcos Valério. O dinheiro foi
depositado em sua conta e declarado em Imposto de Renda. Até aí, vá lá. Ocorre,
meus caros, que o mal chamado mensalão mineiro — é mal chamado porque, nesse
caso, sim, tratou-se de caixa dois de campanha — é de 1998, ano em que Eduardo
Azeredo perdeu a reeleição. Em 2003, como resta comprovado, Marcos Valério já
cuidava do esquema clandestino do PT. Não tinha mais nenhuma relação com os
tucanos.
Então
vamos ver: o chamado mensalão é de 1998; Pimenta recebeu honorários, como
advogado, em 2003. O caso veio a público em 2005, e ele é indicado pela Polícia Federal 9 anos
depois que a questão veio a público, 11
anos depois do recebimento e 16 anos depois do chamado “mensalão mineiro”? E
tudo isso ocorre justamente no ano em que se torna pré-candidato do PSDB ao
governo de Minas, no ano em que o candidato à Presidência do partido será o
senador Aécio Neves, de Minas?
A
acusação, de resto, é risível: lavagem de dinheiro. Ora, para tanto, Pimenta
teria de ter recorrido a subterfúgios para esconder recursos sabidamente
ilegais, dando lhe uma aparência de legalidade. Alguém faz isso declarando o
ganho à Receita Federal? Aí o sujeito que gosta de confundir alhos com bugalhos
chia: “Ah, quando é tucano, você não acredita?”. Não é isso, não! É que um
advogado, desde que atue segundo as regras, não é obrigado a investigar a
origem dos ganhos de quem pega seus honorários. Se fosse assim, bandidos teriam
de apelar sempre a defensores públicos.
Venham cá: alguém investigou a origem dos honorários dos advogados
de José Dirceu, de Delúbio Soares, de José Genoino, dos banqueiros do Rural?
São todos grandes medalhões da advocacia brasileira. Não! Nem era o caso!
De
fato, Pimenta já prestou esclarecimentos sobre esse dinheiro à CPI, à Polícia
Federal e ao Ministério Público. Demorou 9 anos — NOVE ANOS!!! — para a PF
concluir que havia algo de errado com o pagamento? Quer dizer que, em pleno
2003, no auge do funcionamento do mensalão petista, Marcos Valério estaria
pagando supostas dívidas do chamado mensalão mineiro, ocorrido em 1998? Tenham
paciência!
Não
é demais lembrar: na Venezuela de Hugo Chávez, tão admirada pelos companheiros
petistas, recorre-se a investigações de natureza criminal para perseguir
adversários políticos.
Mais: em
visita recente de Dilma a Minas, sabem quem preparou uma festança para ela?
Walfrido dos Mares Guia (PTB), que era o caixa da campanha do PSDB em 1998 em
Minas e um dos investigados no chamado mensalão mineiro. Como fez 70 anos, a
Justiça decretou a extinção da punibilidade. Ora vejam: Lula fez dele ministro
do Turismo em 2003 e depois da Relações Institucionais em 2007. Vai ver não
acreditava na sua culpa, né?
Essa
história de Pimenta da Veiga tem jeito de perseguição política, tem cheiro de
perseguição política, tem lógica de perseguição política. E é bem possível que…
seja perseguição política.
Fonte:
Portal PSDB MG