quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Amaury Ribeiro Jr pagou despachante para obter dados ilegais da Receita Federal de membros do PSDB, farsa foi montada em Brasília
Quebra de sigilo: encomenda foi de Amaury Ribeiro
O despachante Dirceu Rodrigues Garcia afirmou que o jornalista Amaury Ribeiro Jr foi a pessoa que lhe encomendou a quebra de sigilo de pessoas ligadas ao candidato tucano à Presidência, José Serra.
Segundo o “Jornal Nacional”, que exibiu nesta quarta-feira uma entrevista com Dirceu, a Polícia Federal apurou que Amaury saiu de Brasília para São Paulo num voo de 7 de outubro do ano passado. No dia seguinte, ele teria acesso aos documentos sigilosos.
O despachante afirmou que o encontro com o jornalista foi breve e que ele teria dito que sua missão estava cumprida, ao ver, satisfeito, as declarações de renda dos tucanos.
- Esperei ele conferir a documentação e ele me passou o valor combinado. Conferi o valor e fui embora – disse Garcia ao “Jornal Nacional”.
O despachante contou que recebeu R$ 700 por declaração de renda e que, no total, foram 12 documentos:
- Eram doze, então deu um total de R$ 8.400.
Garcia disse ainda que só voltou a se encontrar com Amaury no mês passado, depois que o caso ganhou destaque na imprensa:
- Ele me ofereceu um auxílio, né, e quis saber como tava a situação – disse Rodrigues Garcia ao “Jornal Nacional”, confirmando que Amaury lhe ofereceu dinheiro: – Aceitei.
Foram, segundo Garcia, R$ 5 mil, em dois depósitos feitos na conta do despachante em duas datas: dias 9 e 19 de setembro. O despachante negou que tenha entendido o pagamento como um “cala boca”:
- Não, não, não. Jamais. Eu entendi como um auxílio, uma ajuda – afirmou.
Acusado de ter falsificado as assinaturas de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência, e de outros tucanos para obter as declarações de renda, o auxiliar contábil Antonio Carlos Atella negou que conhecesse o despachante que negociou com Amaury:
- Não sei quem é. Nunca vi mais gordo. E esse jornalista, de onde é? – disse ele.
Demonstrando irritação, Atella disse ter prestado seu serviço de cidadão ao país, ao afirmar em depoimento que o trabalho foi encomendado pelo office-boy Ademir Cabral, que agiu como intermediário no vazamento:
- Agora é com vocês. Se foi a Dilma, se não foi.
Entre as pessoas que tiveram seus dados sigilosos vazados na Receita Federal de Mauá, além da filha de Serra, está o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas.
Amaury, que trabalhava na época no jornal “O Estado de Minas”, afirmou em seu depoimento que acessou os dados para proteger o então governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), durante a disputa da pré-campanha tucana.
Segundo o depoimento de Amaury, que não quis dar entrevistas, o jornal teria pagado R$ 12 mil em despesas para que ele viajasse até São Paulo, onde contratou os serviços de Dirceu Garcia.
Ele disse à polícia que começou a investigação sobre tucanos após saber que esse grupo estava investigando a vida do governador mineiro.
Amaury Ribeiro disse ainda que, depois de sair do jornal mineiro, foi procurado por pessoas ligadas à pré-campanha da petista Dilma Rousseff. Esses petistas estariam interessados no material obtido na investigação de Amaury.
O jornalista foi flagrado em um restaurante de Brasília, no dia 20 de abril deste ano, em encontro com Luiz Lanzetta, um dos assessores da campanha petista, e com ex-delegado da PF Onézimo Souza. Com a denúncia do suposto dossiê, Lanzetta – ligado ao então coordenador da campanha de Dilma e ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel – foi afastado da campanha.
Leia mais em Despachante diz que Amaury pagou por quebra de sigilo de pessoas ligadas a José Serra
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Anastasia presta solidariedade aos familiares das vítimas do acidente da MG 451, que tinha alunos da Apae
O governadorAntonio Anastasia prestou, nesta segunda-feira (18), solidariedade aos familiares das vítimas do acidente na MGC 451, durante o velório, em Ipatinga, no Leste do Estado, onde esteve acompanhado do prefeito da cidade, Robson Gomes, do presidente da Federação das Apaes, deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG), e do presidente e da diretora da Apae de Ipatinga, Francisco Eduardo Rodrigues e Simone Assis, respectivamente.
O Governo de Minas se solidarizou com as famílias das vítimas e participou das providências necessárias por meio das Secretarias de Estado de Esportes e da Juventude (Seej) e de Desenvolvimento Social (Sedese). Uma equipe da Polícia Civil, com legistas e peritos,f oi deslocada de Belo Horizonte para a região e atuou na identificação dos corpos.
Segundo informações da Polícia Militar, os dois ônibus são da empresa Translima de Ipatinga, no Leste do Estado, e vinham de Montes Claros, no Norte de Minas, e foram contratados pela Prefeitura de Ipatinga. Na tentativa de fazer uma ultrapassagem, os dois veículos dividiram o mesmo espaço na ponte sobre o rio Araçuaí, que não era suficiente. Com o impacto lateral, um dos ônibus foi jogado no rio.
Os estudantes retornavam da etapa final do Jimi em Montes Claros. Os feridos foram encaminhados para hospitais de Carbonita, Itamarandiba e Diamantina.
Polícia Federal já indiciou sete pessoas ligadas ao dossiê preparado pela campanha de Dilma Roussef contra tucanos
PF ouviu 37 pessoas sobre violação de sigilo
Polícia indiciou sete pessoas, entre as quais servidoras da Receita e do Serpro, dois despachantes e um office-boy. O jornalista Amaury Ribeiro Jr., responsável por encomendar os dados fiscais, não foi indiciado até agora
No inquérito aberto para investigar a violação do sigilo fiscal de parentes e pessoas próximas ao candidato José Serra (PSDB), a Polícia Federal já ouviu até agora 37 pessoas em mais de 50 depoimentos -alguns foram inquiridos mais de uma vez.
A PF também já indiciou sob suspeita de corrupção e violação de sigilo sete pessoas, todas envolvidas na quebra dos dados fiscais.
Entre os indiciados estão os despachantes Dirceu Rodrigues Garcia e Antonio Carlos Atella, o office-boy Ademir Cabral, a funcionária do Serpro cedida à Receita Federal Adeildda dos Santos e Fernando
Araújo Lopes, suspeito de pagar à servidora pela obtenção das declarações de Imposto de Renda.
O jornalista Amaury Ribeiro Jr., que encomendou os documentos, não foi indiciado até o momento.
A filha e o genro do candidato tucano, Veronica Serra e Alexandre Bourgeois, tiveram seus sigilos quebrados numa delegacia da Receita de Santo André (SP).
Em outra agência, em Mauá (SP), mais cinco pessoas, quatro delas ligadas ao PSDB, tiveram o sigilo acessado em 8 de outubro de 2009. Entre eles o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) e Gregório Preciado, casado com uma prima de Serra.
Diretor do Banco do Brasil no governo FHC, Ricardo Sérgio Oliveira também teve seus dados quebrados. Em todos os casos, as consultas duraram poucos segundos.
O acesso às informações de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, consumiu quase uma hora.
Conforme a Folha revelou em junho, cinco declarações de IR de EJ integravam um dossiê elaborado por pessoas do chamado “grupo de inteligência” da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT).
Fonte: Folha de S. Paulo
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Itamar Franco defende oposição mais forte contra o PT
Itamar quer oposição ‘autêntica’ contra o PT
O ex-presidente Itamar Franco parece mais sereno com a idade. “Eu me eduquei a não ter mágoas”, diz o recém-eleito senador pelo PPS de Minas Gerais a reboque da popularidade do ex-governador Aécio Neves (PSDB).
As rusgas – ou “algumas tristezas”, como ele diz – com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o PSDB foram deixadas para trás, talvez com base no ensinamento do velho senador Teotônio Vilela, que lhe recomendou a “não deixar a mágoa passar da garganta para baixo porque faz mal ao coração”. Hoje, aos 80 anos, Itamar Franco é um dos principais cabos eleitorais do presidenciável José Serra (PSDB) em Minas.
“Minas pode indicar a virada necessária para o Serra ganhar as eleições. Agora, ele precisa tocar os corações mineiros. Aí vem o problema político”, afirma o ex-presidente. Apesar de mais suave, Itamar continua direto e franco. O problema político, analisa, é a necessidade de Serra se assumir como oposição e de adaptar o discurso para diferentes estratos sociais. Ao lado de Aécio, Itamar acha que a oposição precisa ser mais autêntica e se contrapor ao governo Lula, mostrando as transformações sociais obtidas graças ao Plano Real, implantado na transição entre o seu governo e o de FHC.
“Quando a dona Dilma (Rousseff, presidenciável do PT) diz que todos melhoraram de vida, por que eles não rebatem dizendo o seguinte: o pãozinho custava de manhã um preço, de tarde outro, de noite outro. E, além do pãozinho, o salário do trabalhador à noite estava totalmente corroído. A inflação era de 4% ao dia. Hoje é de 5% ao ano.”
Enquanto rabisca um papel e diagnostica o resultado das eleições em Minas, Itamar Franco manda recados aos tucanos, a Serra e a Fernando Henrique. “Sei que eles vão jogar tudo no lixo, mas eu falo assim mesmo. Eles não gostam que eu fale.” Logo em seguida, deixa claro que as advertências ao presidenciável são feitas com extrema cautela e consideração: “Eu estou fazendo uma crítica positiva. Serra terá meu voto, meu apoio cívico”.
“Leio que o ex-presidente Fernando vai querer uma conversa cara a cara quando o petista puser o pijama. Ora, o que assistimos a todos os dias na televisão? Ataques ao presidente Fernando. E por que ele vai esperar o homem por pijama? Por que não já vem agora, com um minuto ou 45 segundos no programa do Serra, e diz assim: olha presidente Lula, eu estou aqui, e me chame para o debate na hora que quiser. Faça isso antes de terminar o horário eleitoral. Porque não adianta ele querer esconder a face. Toda hora eles (o PT) mostram a face dele. O que vai adiantar ele dizer que quer debater com o Lula depois que ele sair do governo? Nada”, irrita-se Itamar.
O senador eleito repudia estratégias baixas de campanha, atribuídas por ele a parte do PT. Reconhece, porém, que também os tucanos cometem seus excessos, como o vídeo que comparou petistas a cães rottweilers. E os reprova. “Empobrece muito a política brasileira e é por isso que começa a haver essa descrença. Agora também o PSDB faz isso porque a agressão parte primeiro deles. Eles ficam toda hora atacando o ex-presidente. Cada um usa a arma que quer usar. Eu condeno. Acho que a campanha deve se dar em alto nível.”
O debate religioso e de valores terá seu espaço em Minas Gerais, com seu lado conservador, reconhece Itamar Franco. Porém, mais uma vez, o ex-presidente faz advertências a seus aliados e adversários: “Tem horas que você tem que buscar os valores sim. Temos que mostrar aos moços e às moças que o Brasil não surgiu com o presidente Lula. Mas, de repente, todo mundo volta a ser religioso. Uma hora fala de aborto, outra hora fala dos gays. São temas muito sensíveis. Por que não falou logo de uma vez: eu defendo a legislação atual em relação ao aborto. O Serra, pelo que sei, defende a legislação atual”, afirma. Minas, segundo ele, “é fundamentalmente religiosa”. “Acho errado é usar a religião para ganhar votos.”
O discurso duro de Itamar reserva momentos de bom humor, coisa rara de se ver em suas atuações políticas no passado. “O governo do pão de queijo foi tão bom que eu poderia ter cobrado royalties”, brinca, relembrando a maneira pejorativa a que muitos se referiam a seu mandato.
Segundo ele, Serra não tinha campanha em Minas. “Por mais que falássemos do nome de Serra, tinha cidade em que não havia nenhuma propaganda dele. Ele descuidou de Minas. Mas para eles não perderem muito tempo, é só chamar Aécio. É colocar Aécio na campanha”, prega. Serra, segundo ele, deve ter a humildade de deixar Aécio ”ensiná-lo” a fazer campanha em Minas.
Aécio aproximou o novo senador do tucano Serra
Itamar Franco não esconde que a construção de pontes entre ele e o tucano José Serra foi mérito exclusivo de Aécio Neves. “Aqui em Minas foi Aécio que fez nos aproximarmos dele.”
Aécio, que será seu colega de Senado, foi escolhido por Itamar como o grande líder nacional. Sem poupar elogios, Itamar demonstra a certeza de que o futuro político do colega mineiro é promissor. Sobre compromissos entre o ex-governador de Minas e Serra sobre 2014, Itamar Franco demonstra descrença.
“É uma bobagem jogar com o tempo. O tempo às vezes favorece, mas às vezes também não ajuda. Não acredito que ninguém faça compromisso para 2014. Não sabemos se virá reforma política, não sabemos os desígnios de Deus. É muito difícil.”
“Aécio”, continua, “é suficientemente inteligente e sabe que hoje é ele a grande liderança nacional”. Sobre o futuro do colega, ele faz uma menção filosófica que explica também aonde ele próprio chegou: “Ele tem o tempo a seu favor. Isso me faz lembrar o filósofo Plutarco, que dizia que o importante não é correr, é andar”.
Itamar diz que chegará ao Senado para libertá-lo “das teias do Executivo”. “O presidente esquece-se da Constituição, esquece-se de que os poderes são independentes. O Senado hoje é ajoelhado perante o Executivo.”
Fonte: Estado de S. Paulo