sábado, 15 de fevereiro de 2014

Eduardo Campos elogia Aécio Neves

Fonte: Valor Econômico

BRASÍLIA - “Mantivemos sempre uma relação de muito respeito, de respeito mútuo. Pela capacidade que ele mostrou ao gerir o Estado de Minas Gerais e deixar Minas Gerais como deixou, com os mineiros felizes”, disse nesta sexta-feira o pré-candidato a presidente da República Eduardo Campos (PSB) sobre seu adversário Aécio Neves (PSDB). O discurso aproxima ainda mais os dois candidatos da oposição ao governo Dilma.

Campos, governador de Pernambuco, falou sobre a união dos dois oposicionistas durante reunião do Diretório Nacional do PPS, partido que recentemente declarou apoio à sua candidatura. Ele foi questionado sobre a possibilidade de se aliar aos tucanos no segundo turno da eleição pela deputada estadual Luzia Ferreira, do PPS de Minas Gerais, uma pessoa muito próxima do presidenciável do PSDB.

Na resposta, Campos não disse claramente se está trabalhando por uma aliança entre seu partido e o PSDB. “Convivo com Aécio e sou amigo de Aécio há muitos anos. Nós nunca esperávamos viver um ano de 14 como vamos viver. Tivemos um momento muito bonito no processo da redemocratização, quando ele acompanhava o doutor Tancredo [Tancredo Neves, avô de Aécio] e eu acompanhava o doutor Arraes [Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos]”, respondeu o pernambucano.

Eduardo Campos falou ainda sobre a aliança que tem com Aécio há anos na cena política de Minas Gerais. Os partidos fizerem uma aliança, que também teve participação do PT, para eleger em 2008 o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda – hoje está no PSB, mas já foi filiado ao PPS. Disse que Aécio teve “capacidade de reunir forças quando ele teve um gesto com o PSB, e o Fernando Pimentel do PT também teve, de se encontrarem”, disse Campos.
Depois do evento, Campos não quis responder se está trabalhando por um acordo com o PSDB.

Brasil Reza a São Pedro para Resolver Crise de Energia

Fonte: Valor Econômico

O governo do Brasil parece estar pedindo chuva a São Pedro para resolver os problemas de energia do país, diz a revista britânica The Economist na edição desta semana. “Rezar para São Pedro não é uma política do setor de energia. Mas parece que é o que o governo está fazendo ao contar com a chuva para resolver a crise do setor elétrico”, diz a publicação.

Aproximadamente 80% da eletricidade do Brasil é proveniente de hidrelétricas, lembra a semanal. Normalmente, os reservatórios do país são preenchidos durante a temporada de chuvas no país, de dezembro a março. Mas, neste ano, “São Pedro pulou o Brasil”. Janeiro de 2014 foi o segundo mais seco em 80 anos.  Os reservatórios estão se esgotando e o consumo de energia aumentando, com os brasileiros passando por um dos verões mais quentes em muitos anos.

Racionamento

A publicação sugere que, além do calor e da falta de chuva, a atual crise do setor é reflexo das ações do governo, e destaca a promessa da presidente Dilma Rousseff de reduzir as contas de energia em um quinto.

“Para isso, ela ofereceu renovar as concessões que iriam se expirar entre 2015 e 2017, com a condição de cortes nas tarifas, tornando mais barata as contas de famílias, indústrias e pequenas empresas”, diz.

O consultor Arthur Ramos, da Booz & Co., ouvido pela revista, disse que “ninguém sabe realmente o quanto de energia está garantida” e que o governo brasileiro não deve descartar a possibilidade de racionamento, especialmente com a previsão de alta da demanda na Copa do Mundo neste ano.

A presidente, de acordo com a Economist, não deve faltar com a palavra e deixar os preços de energia subirem. Isso conteria a demanda e pressionaria a “já alta” inflação. Além disso, prejudicaria nos votos para as eleições deste ano. “Por outro lado, ela não quer uma reprise das eleições de 2002. Está nas mãos de São Pedro”, diz a revista.

Argentina

Enquanto a crise energética do Brasil ocupou páginas do miolo da respeitada revista, a crise Argentina está estampada na capa da semanal.

Segundo a publicação, o país, que já foi visto como promissor, é, mais uma vez, foco do nervosismo com emergentes.

O caos argentino, segundo a publicação, é fruto da incompetência da presidente Cristina Kirchner, que sucedeu a uma série de “populistas economicamente analfabetos”, desde antes de Juan e Eva Perón.

A lição que deve ser aprendida com a Argentina é que um bom governo importa. “Pode ser que essa lição tenha sido aprendida. Mas há chances de vermos, daqui cem anos, outra Argentina: um país de futuro que ficou preso no passado”, diz a revista.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Anastasia Lamenta Manifestações de Racismo contra o Jogador Tinga

Fonte: Agência Minas

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, lamentou as manifestações racistas contra o jogador Tinga, do Cruzeiro Esporte Clube, ocorridas durante partida pela Copa Libertadores da América, realizada na noite dessa quarta-feira (12), entre a equipe mineira e o Real Garcilaso, em Huancayo, no Peru.

Segue a íntegra do depoimento do governador mineiro:

“Lamento profundamente as manifestações racistas contra o jogador Tinga ocorridas durante jogo realizado na noite da última quarta-feira no Peru. Expresso minha indignação por esse ato tão abominável e levo a solidariedade de todo o povo mineiro ao atleta e a toda a equipe do Cruzeiro Esporte Clube. A intolerância e o racismo são inadmissíveis em qualquer campo da atividade humana, especialmente no esporte, que tem como uma de suas missões a confraternização entre os povos”.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Artigo de Almir Pazzianotto Pinto


Almir Pazzianotto Pinto é advogado e ex-ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Ele escreve sobre o legado de Tancredo Neves e coloca Aécio como o herdeiro desse processo democrático iniciado com o avô.

Fonte: Estadão

Nesta nação desmemoriada, em que persiste o analfabetismo, que engrossa a legião dos desonestos e alienados, é necessário remarcar, com insistência, episódios esquecidos. A crise do sistema de ensino, aliada à política de desinformação praticada pelo governo petista, relega ao esquecimento fatos da História e abre espaço a terroristas, corruptos e picaretas, festejados como heróis.

Passadas três décadas desde a vitória de Tancredo Neves para a Presidência da República, milhões pouco sabem do período 1960-1990, sendo comum encontrar quem imagine ter sido o PT responsável pela derrota, em 15 de janeiro de 1985, do candidato oficial, Paulo Maluf.

Tancredo pertence a reduzido grupo de estadistas. Lançou-se na vida pública em São João del-Rei, em 1933, pelo antigo Partido Progressista, fundado por Olegário Maciel, Antonio Carlos Ribeiro de Andrade e Venceslau Brás.

Vereador, deputado estadual, deputado federal, ministro da Justiça de 1951 a 1954, foi orador à beira do túmulo de Getúlio Vargas, em São Borja, cujo suicídio, no dia 24, gerou a crise que resultaria dez anos depois no movimento de 31 de março.

Grande ao longo da vida, Tancredo agigantou-se em 1984. Derrotada a emenda constitucional que restabeleceria eleições diretas para a Presidência, restou à oposição arriscada disputa no colégio eleitoral.

Discursos reunidos no livro Tancredo Neves - Sua Palavra na História revestem-se de atualidade. Os problemas levantados durante a breve campanha eleitoral permanecem como então se achavam: insolúveis. E 11 anos de petismo só fizeram agravá-los.

José Sarney recebeu o País em precárias condições econômicas e sociais. Fez o possível, sob o bombardeio de milhares de greves, que somaram milhões de horas de produção perdidas, e de serviços públicos interrompidos, em prejuízo da economia, dos salários, do povo.

Tentou três vezes, mas não derrotou a inflação. Fernando Collor de Mello foi abatido mal havia decolado. Itamar Franco aplainou o terreno para o Plano Real, que estabilizou a moeda, conteve os preços, zerou a inflação.

A Aécio Neves o destino reservou a missão de levar adiante a tarefa de reconstruir o País desejado pelo avô. Empenhou o futuro político no desfecho do próximo pleito.

Os derradeiros discursos de Tancredo consubstanciam, em linguagem serena e objetiva, autêntico programa de governo. Deixarei de lado parágrafos referentes a saúde, educação, transporte, relações internacionais, austeridade, combate à corrupção, recuperação da economia para me deter na área do trabalho, prioridade máxima de governo consagrado à tarefa de repor o Brasil na rota do desenvolvimento e lhe devolver a industrialização e prestígio internacional.

Antes, porém, rápida parada no discurso proferido em 1984, na Convenção Nacional do PMDB (o antigo, não esse que está aí), ao se referir à formação da Aliança Democrática: "Temos de compreender a verdade essencial do nosso pacto político. Nós o estabelecemos em favor da nossa gente. O Brasil que amamos não é entidade abstrata, feita apenas de símbolos, por mais que os veneremos. O Brasil que amamos está em cada coração e em cada alma de seus filhos. Restaurar, em seus olhos, o orgulho da Pátria é a missão que nos cabe. A soberania do País é a soberania de seu povo; a dignidade do País é a dignidade de sua gente".

Quão distinta dos negócios que se fazem agora, mediante a entrega de ministérios em troca de segundos de televisão.

No mesmo pronunciamento, a respeito da CLT observou Tancredo: "As relações entre capital e trabalho reclamam novo ordenamento jurídico. A Consolidação das Leis do Trabalho é um diploma envelhecido no arbítrio, que desserve aos empregados e não serve aos empresários. O código vigente só tem servido para iludir trabalhadores e intranquilizar empresas. Não há economia forte com sindicatos fracos. A autonomia sindical é imprescindível à construção democrática do País. Os sindicatos, quando no exercício das suas atividades legais, existem como legítimos instrumentos dos trabalhadores, e sem eles não há paz social".

Falando ao País após a vitória no colégio eleitoral, dirigiu-se aos assalariados para afirmar: "Retomar o crescimento é gerar empregos. Toda a política econômica de meu governo estará subordinada a esse dever social. Enquanto houver, neste país, um só homem sem trabalho, sem pão, sem teto e sem letras, toda a prosperidade será falsa".

Já no discurso redigido para o dia da posse tratou da liberdade sindical, tendo a audácia de registrar: "Os sindicatos devem ser livres. A unidade sindical não pode ser estabelecida por lei, mas surgir naturalmente da vontade dos filiados. Sendo assim, tudo farei para que o Brasil adote a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Os sindicatos não podem submeter-se à tutela do governo nem subordinar-se aos interesses dos partidos políticos. Se devemos ter uma política sindical, temos que evitar qualquer sindicalismo político".

Escândalos decorrentes de relações promíscuas entre governo e sindicatos confirmam Tancredo e robustecem a necessidade da reforma sindical. O pelego entrava a geração de empregos, pois desencoraja aplicações em atividades geradoras de emprego.

Aécio deve dar continuidade ao projeto do "Estado moderno, apto a administrar a Nação no futuro dinâmico que está sendo construído". Poderá adotar como emblema a frase "é proibido gastar", encontrada no discurso do avô ao novo Ministério.

A Nação sabe que nunca se esbanjou tanto, e de maneira tão irresponsável, dinheiro do povo como em 11 anos de petismo. Vejam-se as viagens e os estádios da Copa.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Entrevista com o Senador Aécio Neves

Fonte: Portal PSDB

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, após reunião da executiva da legenda, nesta terça-feira (11), em Brasília (DF).  O senador respondeu a perguntas sobre a reunião da Executiva nacional do partido; alianças regionais nas eleições 2014; declarações da presidente Dilma Rousseff e de Rui Falcão, presidente nacional do PT.

A seguir, a entrevista.

Sobre a Reunião da Executiva.

Tivemos uma decisão hoje, por unanimidade da Executiva nacional do partido, de que todos os entendimentos estaduais, que estimulamos que ocorram, seja em relação ao lançamento de candidaturas ou à formalização de coligações, terão que ser validados pela aprovação da Executiva nacional do partido.

Isso, de alguma forma, reforça o caráter nacional do PSDB, a prioridade que temos hoje de buscar dar ao Brasil um modelo de governo alternativo a esse que está aí, reforça nossa posição no campo nacional. Mas minha expectativa é de que todos os impasses que eventualmente ocorram sejam resolvidos no entendimento, no diálogo.

A nossa preocupação certamente não é onde tem candidatos colocados, seja a governador, seja ao Senado. Mas é uma cautela que devemos tomar em relação às seções do partido onde não há um quadro definido e não há candidatura majoritária colocada por parte do PSDB. Acho que o caráter de unanimidade que essa decisão teve é uma demonstração que o partido está unido como nunca na busca da viabilização do seu projeto nacional.

Como isso vai acontecer?

Os entendimentos regionais têm que preservar, obviamente, o partido localmente. Estou me referindo especificamente aonde não temos candidatos a governador. Então vamos dividir em duas etapas: onde temos candidaturas a governo colocadas, a questão está resolvida porque uma candidatura ao governo atende claramente ao interesse da candidatura nacional.

Onde não temos candidaturas majoritárias colocadas, temos que atender a dois preceitos ou a duas especificidades. Uma delas a preservação da bancada do partido, seja nas Assembleias, seja na Câmara Federal ou eventualmente no Senado. E ao mesmo tempo não ser contraditória ao interesse nacional do partido.

O que não podemos é, em determinado estado atender, por exemplo, a viabilização de uma coligação que eleja um deputado para o partido, mas que cause prejuízos à campanha nacional porque eventualmente coligou-se a uma chapa que tem outros candidatos. 


Sobre palanques duplos. Pensa em não aceitar?

Não vamos violentar as soluções naturais. Em alguns casos, teremos coligações em que, dentro dessa coligação, os membros de determinado partido farão campanha para o seu candidato à Presidência e os membros do PSDB, e de partidos que conosco estejam coligados nacionalmente, farão campanha para o candidato do PSDB.

Sem que haja impedimento de que ali, localmente, eles possam, por exemplo, estar apoiando a mesma candidatura a governador, porque isso não é uma invenção, isso é respeitar a lógica.

O que não vamos admitir é que localmente quadros do PSDB de alguma forma apoiem uma candidatura (nacional) de outro partido, até porque não existe essa posição.

Há algum exemplo?

Esse exemplo não existe.

Sobre a possibilidade de PSDB e PSB dividirem palanque em algum estado.

Isso vai acontecer em vários locais naturalmente. Vamos ter coligações. Minas pode ser um exemplo desses, para ficar apenas no meu estado, que segue a naturalidade de um entendimento que já existe há 10, 11 anos. Ali é natural que ambos os partidos apoiem o mesmo candidato a governador, localmente.

E dentro daquela coligação os deputados, por exemplo, do PSB, ou se eventualmente tiver alguém do PSB na chapa majoritária, apoiarão o seu candidato. Isso vai acontecer de forma inversa em outros locais. A violência seria outra.

A violência seria se nós, que viemos construindo, por exemplo, em Minas Gerais, um projeto até aqui para qual o PSB foi muito importante, chegasse e dissesse ‘agora não, agora vocês vão em outro caminho, contra a continuidade do projeto que vocês mesmo construíram’.  Porque eles estão dentro do governo, participam. Então, isso vai ser algo muito natural e o governador Eduardo Campos concorda comigo.

Por que essa decisão agora?

Porque é o momento dela. Porque, em vários locais, é preciso que haja uma orientação nacional. Na verdade, poderia se fazer amanhã uma intervenção se houvesse alguma decisão contrária ao interesse nacional do partido. É uma medida preventiva. É um sinal claro: o PSDB tem uma prioridade hoje, que supera todas as outras, eleger o próximo presidente da República.

Mas pelo histórico das últimas eleições presidenciais…

Acho que em alguns lugares nós deixamos de fazer coligações na direção que poderia ajudar mais fortemente a candidatura nacional. Não até por má vontade local, exatamente por falta dessa coordenação que nós estamos fazendo agora com razoável antecedência. Acho que esse é um fato novo. Nós estamos tendo a oportunidade de fazer essa construção com um mínimo de estratégia e racionalidade.

Sobre São Paulo.

Em São Paulo a condução será do governador Geraldo Alckmin. Ninguém questiona, ao contrário. Só de ter o nome do governador Geraldo Alckmin em São Paulo, a situação do partido tá bem resolvida.

No Rio de Janeiro, por exemplo, em que o partido pretende apoiar o Pezão, do PMDB, como é que vai ficar o palanque?

Não tem essa decisão, nem essa inclinação. É um estado ainda em aberto, mas não há essa inclinação. Nem decisão. Vamos construir algo que interesse a candidatura nacional do partido e preserve os nossos parlamentares. Essa é a regra. Não tem uma decisão tomada ainda em relação ao Rio de Janeiro.

Sobre crítica feita ontem pela presidente Dilma, que chamou adversários de “cara de pau”.

Foi no mesmo evento em que participou o presidente do partido também, não é? Olha, é lamentável que, em primeiro lugar, o presidente do partido que está no governo redija um discurso de sete laudas e não dê uma palavra em relação, por exemplo, à gravíssima crise de energia que assola o país e preocupa a todos os brasileiros; ou uma palavra em respeito aos direitos trabalhistas dos médicos cubanos, que nós defendemos; ou em relação, por exemplo, ao estado de calamidade que tomou conta da Petrobras, que perdeu mais de 50% de seu valor de mercado; ou sobre a crise de confiança que se abateu sobre o Brasil. Absolutamente nada.

Nós assistimos ali, de forma patética, uma sucessão de neologismos absolutamente desencontrados, que remontam aos mais gloriosos tempos dos aloprados. Na sequência devem vir aí mais alguns dossiês fajutos.

Infelizmente, acho que o PT protagonizou não uma festa, um evento partidário, mas, eu diria que inspirado talvez em Almodóvar, nós assistimos ali um partido à beira de uma crise de nervos. E está muito cedo, para um partido que nós sabemos que está preocupado com o cenário eleitoral, mostrar tanto desequilíbrio.

Em relação às ofensas ou ao palavreado da presidente da República, a minha boa formação mineira me impede de respondê-la no mesmo tom.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Entrevista do Senador Aécio para a Revista Viver


Como principal candidato das oposições, segundo as pesquisas, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, acredita que o favoritismo da presidente Dilma ficará abalado assim que começar o horário eleitoral gratuito. O monólogo terá fim e, na defensiva, a presidente terá que responder às críticas, com isso, o PSDB vai avançar.

“No segundo turno, os favoritos somos nós, e não o governo”, diz Aécio, que será o primeiro palestrante do ano, no dia 14 de fevereiro, no Conexão Empresarial, evento promovido pela VB Comunicação. Conhecido pela sua habilidade em transitar tanto no campo adversário quanto entre os aliados do governo, ele já se articula para formar uma forte aliança em torno do seu projeto de governo e para fortalecer os palanques nos estados. 

Guiado pelas muitas pesquisas que analisam o comportamento do eleitorado, entende que há um forte sentimento de mudança, observado nas manifestações de rua que surpreenderam pelo caráter suprapartidário, que não foi entendido pelo governo. “Os movimentos das ruas rasgaram a fantasia do PT”. 

Com palavras de ordem como tolerância zero para a inflação e herança maldita da administração petista, Aécio pretende tornar-se candidato oficial do PSDB em solo paulista, em março. “Quem sabe, após 60 anos, Minas tenha um presidente da República eleito pelo voto.”

Há algum simbolismo na escolha de São Paulo para o lançamento da sua candidatura à Presidência?

Foi um convite da direção do PSDB de São Paulo, feito pelo presidente Duarte Nogueira, que considera que seria um gesto de reciprocidade, já que a campanha de Geraldo Alckmin, quando se candidatou em 2006, foi lançada em Belo Horizonte. Essa é a primeira eleição, desde a redemocratização, em que o PSDB não terá um candidato de origem paulista e por ser o maior colégio eleitoral do Brasil.

A estratégia é a de concentrar as ações em São Paulo e estados do Nordeste?

Não há como você ter prioridades em uma caminhada como essa. Em primeiro lugar, não sou ainda o candidato do partido. A ideia é a de que essa definição ocorra até o final de março. Mas, mesmo antes disso, como presidente nacional do PSDB, estive, desde julho do ano passado, em mais de 20 estados, de todas as regiões, realizando encontros extremamente densos e discutindo as bases do nosso programa de governo, política ambiental na Amazônia, políticas regionais no Nordeste, questões do agronegócio no Sul e no Centro-Oeste.

Inúmeros encontros em São Paulo, com foco na preocupação com a desindustrialização. Não é um processo que se inicia agora. O que vamos fazer a partir de fevereiro é retomar a agenda de viagens, caminhando pelo Brasil inteiro. Pretendo intercalar essas visitas a outros estados com (visitas) a várias regiões de Minas.

Marina Silva virou um problema para o senhor na negociação com o PSB em alguns estados, inclusive em Minas?

Não, de forma alguma. Acho que a presença da Marina na disputa, ao lado do Eduardo Campos, é saudável. A Marina traz temas importantes para o debate eleitoral, oxigena essa disputa. Da mesma forma, o Eduardo. Quem tentou, como pôde, inibir outras candidaturas foi o PT.

Seja do ponto de vista congressual, quando atuou para impedir a criação do partido da Marina, seja do político, quando tentou inviabilizar a candidatura de Eduardo através da cooptação de seus aliados, e acabou levando alguns deles, como é o caso do Ceará. Mas nós achamos que era importante que outras forças políticas participassem do processo eleitoral.

O PSDB nunca temeu essa participação. Ao contrário, a minha expectativa é de que, no momento em que forças políticas que militavam no governo, como é o caso da Marina e do próprio Eduardo, que foi ministro do Lula, passam a militar no campo da oposição, isso tem que ser saudado por nós como algo extremamente positivo.

Mas eu tenho confiança plena de que o PSDB, pela clareza do seu discurso, pela estrutura que tem em todo o Brasil, pela força das suas lideranças, é quem representará a mudança de verdade, pela qual quase 70% da população brasileira clama.

Estou extremamente confiante em que o PSDB tem todas as condições de chegar ao segundo turno e, aí, o jogo se inverte, os favoritos somos nós, e não o governo.

O senhor sempre reclamou, nas eleições passadas, de que o PSDB precisava de um projeto claro de governo. Já tem claro o que é preciso fazer?

Nós fizemos, no final do ano passado, no dia 13 de dezembro, o lançamento das diretrizes básicas desse projeto, que foi fruto de tudo aquilo que nós buscamos ou nós elegemos nesses debates, seminários e encontros regionais, e que serão a base da construção do nosso plano de governo.

Ele será coordenado pelo governador Anastasia, a partir do final do mês de março, quando ele deve deixar o governo do estado, no prazo final de desincompatibilização.

Quais são elas?

Passa por questões que, para nós, sempre foram muito claras. A eficiência da gestão pública para combater a crônica deficiência do atual governo do PT. A meritocracia como antítese a esse aparelhamento perverso e absurdo da máquina pública feita pelo PT.

Uma visão de mundo muito mais atual e pragmática do que essa atrasada visão ideológica do Brasil, que tem nos levado a alianças que em nada têm ampliado os nossos mercados e contribuído para o crescimento da economia.

Uma visão muito mais solidária de estados e municípios para nos contrapormos a esse centralismo absurdo do governo federal, que vem transformando o Brasil não mais em uma Federação, mas em um estado unitário, com estados e municípios cada vez mais dependentes da União. Uma ação firme e decisiva na coordenação de política de segurança nacional para nos contrapormos à absoluta omissão do governo federal nessa questão, inclusive com um esforço maior no financiamento da segurança pública.

Hoje, 87% de tudo o que se gasta em segurança vêm dos estados e dos municípios e apenas 13% da União. O Fundo Penitenciário, aprovado no Congresso, nos últimos 3 anos de governo da atual presidente, teve apenas 10,5% do seu valor executado, o que mostra o descaso e a omissão nessa questão.

Em relação à saúde, houve, durante um período do governo do PT, queda de 54% de participação do governo federal no total de financiamento da saúde para apenas 45% hoje, o que mostra, também, nessa gravíssima questão, a grande omissão do governo federal.

Nós temos que resgatar a Federação no Brasil, estabelecermos a meritocracia e, no campo econômico, uma política fiscal transparente, que resgate a credibilidade perdida do Brasil, com tolerância zero à inflação, e que nos permita crescer de forma mais sustentável para sairmos do final da fila.

O Brasil cresceu no ano passado apenas mais do que a Venezuela, na América do Sul. A equação econômica do governo que a presidente Dilma nos deixará, essa sim uma herança maldita, se resume em crescimento pífio, inflação alta e maquiagem dos dados fiscais, que tem como consequência a enorme perda de credibilidade do Brasil.  

O governo tem conseguido se manter bem perante a opinião pública, mesmo com esses indicativos que o senhor está citando. Parece que nada atinge o governo do PT?

Ao contrário. Aparece em todas as pesquisas um dado que é relevante. Dois terços da população querem mudanças profundas. Só que o que existe hoje é quase um monólogo. Hoje os grandes veículos de comunicação de massa não falam no governo, falam na presidente apenas. Isso não permanecerá durante o processo eleitoral. Portanto, estou convencido de que o governo terá que fazer uma campanha na defensiva.

A inflação já é, sim, um problema para boa parte das famílias brasileiras. Estamos com a inflação no teto da meta, existindo há muitos anos. Isso porque nós temos preços controlados de combustíveis, de energia e de transportes públicos. Na hora em que destampar a tampa dessa panela, vamos ter a inflação média chegando a em torno de 9%. 

A cesta básica nos últimos 12 meses, em 16 capitais pesquisadas, está acima de 10%. Em Salvador, chega a 17%. Uma inflação na vida cotidiana das pessoas, porque o governo geriu mal a economia, flexibilizou os pressupostos básicos dos pilares fundamentais que foram herdados do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

A eleição deste ano terá componentes diferentes motivados pelos protestos. O senhor entendeu o recado das ruas?

É um recado claro para toda a classe política. A população está cansada da ineficiência dos serviços, do desleixo com o dinheiro público, das sucessivas denúncias de corrupção.

Ela clama por valores, por novas oportunidades. As respostas que o governo federal buscou dar, com uma agenda absolutamente descolada da realidade do Brasil e desse sentimento das pessoas, como a pífia reforma política, que foi a mais eloquente delas, não respondeu em absolutamente a essas expectativas.

Nós não trabalhamos esses eventos como um ativo eleitoral. Se ocorrerem, os governantes, todos eles, têm que estar prontos para dar as respostas. Mas é algo que nós, democratas, temos que compreender. As pessoas hoje estão inquietas, insatisfeitas com o que está acontecendo.

Agora, o governo federal, que vendeu aos brasileiros um nirvana, um país onde só existiam virtudes, que não tinha problemas, que superou a miséria, que tem suas empresas públicas geridas com a maior eficiência, esse país da fantasia se desfez. Esses movimentos rasgaram a fantasia do PT. 

Que alianças o senhor vai buscar nessas eleições? O PMDB, por exemplo, demonstra insatisfação com o governo.

Essas alianças são consequência da capacidade que você tenha ou não de apresentar um projeto viável. A nossa preocupação neste momento é apresentar ao Brasil um projeto exequível, que recomponha a credibilidade da nossa economia e aponte para cenário de crescimento sustentável por um bom período.

As alianças são consequência disso. O que posso antecipar é que cada estado é uma realidade, e nós teremos, certamente, apoios em vários deles, de forças políticas, mesmo estando em nível nacional, de alguma forma, alinhadas a este governismo de cooptação, porque não tem nada de coalisão, tem é de cooptação através de cargos públicos. Mas não se consegue cooptar todos. 

O senhor acha que vai ser possível se aliar ao PSB em Minas Gerais? Existe a possibilidade de palanque duplo?

O PSB é aliado do PSDB em muitos estados, inclusive em Minas, desde o meu primeiro mandato. Essa é uma aliança absolutamente natural, e eu acredito que ela possa ser mantida, sim, como será em outros estados.

Tenho conversado com o governador Eduardo Campos, e o nosso entendimento é o de que vamos deixar que as situações regionais, locais caminhem sem qualquer intervenção nossa.

O que eu percebo é que o PSB terá, em muitos estados, alianças com o PSDB e pouquíssimas com o PT, o que é uma sinalização importante em relação ao segundo turno.

A eleição terá um capítulo à parte na internet. O PT está lançando, inclusive, cartilha para a militância e o PSDB, como vai trabalhar com as mídias sociais?

O PT sempre utilizou a internet para fazer uma guerrilha que foge aos padrões éticos que deveriam orientar a disputa política e vai continuar nesse mesmo caminho, não é nenhuma novidade. Agora talvez mais, com financiamento maior e parte até com financiamento público, já estão montando um verdadeiro exército na internet. Obviamente, nós temos que estar atuando.

Vamos usar a internet para difundir ideias, debater o nosso programa, mobilizar as nossas forças. O PT costuma usar a internet para fazer, como fez recentemente com o Eduardo Campos, como faz permanentemente em relação aos seus opositores, o jogo da calúnia, da difamação, da desconstrução. Mas eu acredito muito no bom senso das pessoas.

Se não acreditasse, não estaria na política. Esse esforço hercúleo que é feito na internet, da difamação permanente, acaba tendo um resultado absolutamente inócuo. As pessoas têm capacidade de discernir o que é certo e o que é errado. 

A atuação do senhor na televisão também pode fazer a diferença?

A nossa campanha será a da verdade. A presidente da República fará uma campanha na defensiva porque falharam na condução da economia. Falharam na gestão do estado, porque o Brasil é hoje um grande cemitério de obras inacabadas.

Demonizaram por mais de 10 anos as concessões e as fazem agora de forma açodada, envergonhada e com absoluta falta de planejamento. Mesmo no campo social, onde se apregoam os grandes construtores de uma nova realidade no Brasil, os efeitos são muito limitados, daquelas antigas ações, na verdade, herdadas do governo do presidente Fernando Henrique.

Não houve nada novo. A saúde é trágica para grande parte da população. A segurança pública aflige brasileiros de todas as regiões, de todas as classes sociais. Na educação, também estamos no final da fila nos principais institutos de avaliação internacionais. No caso especificamente de Minas, a presidente tem muitas explicações a dar, porque o estado foi absolutamente preterido ao longo desses 12 anos de governo do PT. 

Como?

Seja em relação a investimentos programados, seja pelo setor automotivo que foram para outros estados. O metrô não terá no governo da presidente Dilma um centímetro sequer de expansão. Nas prometidas obras da BR–381, o governo apresenta um programa que atende a apenas 25%%. O Anel Rodoviário prometido lá atrás, ainda pelo presidente Lula, foi transferido para o estado devido à incapacidade do governo. 

O senhor já definiu quem vai ser o marqueteiro? 

Nós não temos o candidato ainda, só depois de março. O que posso adiantar é que nós não teremos, aí, um marqueteiro, um salvador da pátria, como o PT. O marqueteiro do PT tem status de primeiro-ministro de estado. Se ele ligar para o ministro da Fazenda, é atendido no primeiro toque, tamanha a importância dele para o atual governo.

Mas por que isso? Porque é o governo do marketing. Tem poucos resultados a apresentar e precisa privilegiar o marketing. Nós teremos pessoas competentes na área de comunicação, que nos permitam difundir nossas ideias, dar a elas visibilidade. 

Acredita que essa será uma campanha cara, mas também difícil para se arrecadar recursos devido às denúncias de corrupção e caixa 2?

Para o governo, certamente não será difícil, já que o PT, ao longo dos últimos anos, não tem tido qualquer dificuldade para se financiar, haja vista a movimentação não só dos candidatos majoritários, mas os parlamentares do PT em Minas.

Nós vamos ter o apoio daqueles que querem mudar o Brasil. Eu tenho muita confiança, mas não sei dimensionar quanto custa uma campanha presidencial. Mas vamos fazer uma campanha dentro da lei, oficialmente, como sempre fizemos em Minas. Nós vamos contar com financiamentos também dos cidadãos brasileiros. 

O mensalão mineiro pode atrapalhar o senhor?

A mim, de forma alguma, porque não tenho com ele qualquer vinculação. O que eu sempre digo em relação a essas denúncias e acho até com um nome inadequado, porque mensalão pressupõe pagamentos mensais e, ali, há denúncia em relação à parte do financiamento do ex-governador Eduardo Azeredo, que sequer venceu as eleições. Mas o que eu defendo é que todas as denúncias sejam investigadas e que possamos dar a ele o direito à defesa. 

Como o senhor está se sentindo com a notícia que será pai de novo?

Muito feliz. Esse é o lado bom. Eu sou alguém de bem com a vida. Estou na política porque acredito na transformação da sociedade. Mas ela não é toda a minha vida. Diferentemente de alguns que estão na política para ascender socialmente ou a tem como único objetivo de suas vidas e, aí, quando perdem, se frustram.

Eu vou cumprir o meu papel. Se couber a mim a responsabilidade de conduzir essa candidatura, vou fazê-la inspirado na minha história pessoal, nos mineiros e, quem sabe, depois de 60 anos, Minas tenha um presidente da República eleito pelo voto.