sábado, 13 de março de 2010

Anastasia e Aécio anunciam investimentos em Uberaba e entregam Comenda

UBERABA (12/03/10) - O governador Aécio Neves e o vice-governador Antonio Anastasia cumpriram agenda oficial, nesta sexta-feira (12), em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Além de anunciar a construção de um ramal de gasoduto na região, Aécio Neves presidiu a solenidade de entrega da Comenda Chico Xavier e anunciou R$ 4,5 milhões para obras de infraestrutura e R$ 7 milhões na área de saúde, sendo R$ 5 milhões para a construção do Hospital Regional.

“Estamos assinando aqui o primeiro convênio para o início da construção do Hospital Regional. Também um compromisso que havíamos assumido com a população de Uberaba. Alguns outros investimentos também na área da saúde estarão aqui hoje sendo feitos já com a transferência de recursos”, disse Aécio Neves, em entrevista.

Além dos investimentos para o Hospital Regional, o governador assinou outros dois convênios no valor de R$ 1 milhão, cada um. O primeiro deles assinado com a Associação de Combate ao Câncer do Brasil Central, Hospital Dr. Hélio Angotti; e o segundo, com Associação Portuguesa de Beneficência, Maternidade do Povo, futuro Hospital da Mulher.

O Hospital Regional de Uberaba beneficiará população estimada em 780 mil habitantes de municípios da região. Atenderá casos de média complexidade e deverá fazer cirurgias que podem ser agendadas e também de urgência e emergência de menor complexidade. Também oferecerá leitos de clínica médica e de UTI.

Além de consultórios de clínica médica, o hospital deverá oferecer consultas em ginecologia, ortopedia e urologia; exames de radiologia convencional e contrastada, tomografia computadorizada, ultrassonografia, endoscopia digestiva.

Chico Xavier

Aécio Neves também presidiu a solenidade de entrega da Comenda Chico Xavier, concedida pelo Governo de Minas e criada em 1999 pelo então governador Itamar Franco. Neste ano, foram agraciadas 14 personalidades que se destacaram na promoção da paz e no desenvolvimento de atividades científicas, culturais e de combate à desigualdade social.

“Chico Xavier foi uma pessoa que devotou toda a sua vida à paz. A paz é pressuposto à vida civilizada e à felicidade. Não há paz sem saúde, educação, segurança. Chico Xavier foi um exemplo”, disse o vice-governador Antonio Anastasia.

O governador também lembrou que a entrega da comenda aconteceu na data do centenário de nascimento de Chico Xavier. “A humildade e a simplicidade são os melhores caminhos para atingir a dignidade. Chico Xavier era isso”, afirmou Aécio Neves.

Durante a cerimônia, o governador assinou termo para cessão de terreno da Cohab-MG, onde será erguido o Memorial Chico Xavier. Com 12,9 mil metros quadrados, o espaço está localizado no Conjunto Habitacional Margarida Rosa Azevedo.

Aécio Neves também autorizou a liberação de R$ 4 milhões para a obra de acesso ao distrito da Baixa e mais R$ 500 mil para recapeamento do acesso a Ponte Alta.

Fórum e UAI

Acompanhado do presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Sérgio Resende, o governador participou do lançamento da pedra fundamental da nova sede do Fórum da Comarca de Uberaba, obra do Poder Judiciário.

Junto do vice-governador, Aécio Neves também visitou a Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do Governo de Minas em Uberaba. Com investimentos de R$ 600 mil do Governo de Minas, a UAI atende 750 pessoas diariamente, oferecendo acesso rápido a diversos serviços públicos, como emissão de documentos.

Filme

Encerrando a agenda oficial em Uberaba, o governador Aécio Neves e o vice Antonio Anastasia assistiram à pré-estreia do filme Chico Xavier, do diretor Daniel Filho. O evento aconteceu no Teatro Sesi/Fiemg, no Centro de Cultura José Maria Barra.

Agraciados com a Comenda Chico Xavier 2010

1. ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES PÚBLICOS DE MINAS GERAIS

2. CARLOS ANTÔNIO BACCELLI, escritor

3. CENTRO INFANTIL “CHICO XAVIER”

4. DANIEL FILHO, Diretor

5. ELIANA DE OLIVEIRA BARBOSA VIEIRA DA SILVA, Escritora

6. MÁRCIA DE OLIVEIRA FRANÇA FRANCO, Professora

7. NELSON XAVIER, ator

8. PEDRO ANTÔNIO GARCIA (Tio Pedro), Médium

9. PROJETO FRED

10. RUBENS CASCAPERA JÚNIOR, Médico

11. ÂNGELO ANTÔNIO, Ator

12. CARLOS DANIEL

13. GIULIA GAM, Atriz

14. MATHEUS COSTA, Ator

Aécio e Anastasia: Governo de Minas construirá gasoduto no Triângulo Mineiro


UBERABA (12/03/10) - O governador Aécio Neves anunciou, nesta sexta-feira (12), que o Governo de Minas construirá um ramal de gasoduto para atender o Triângulo Mineiro, demandando investimentos de R$ 750 milhões. Os estudos para a implantação serão coordenados pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O objetivo é dotar os principais polos industriais da região com fornecimento de gás natural. A ação do Governo de Minas também possibilitará a instalação, em Uberaba, de uma planta da Petrobras de uréia-amônia, insumo básico para a produção de fertilizantes.

“Determinei à Cemig que imediatamente faça todos os procedimentos necessários à construção do gasoduto que vai ligar São Carlos/SP a Uberaba e ao Triângulo Mineiro. O investimento até Uberaba é da ordem de R$ 500 milhões, conduzidos pela Cemig, mas que chegará depois também até a Uberlândia, com investimentos em torno de mais R$ 250 milhões. Existe uma demanda que é de todos nós mineiros para que a Petrobras construa aqui a sua fábrica de amônia. Se faltava alguma coisa, quero afirmar que a Cemig está procedendo já todas as ações necessárias para que, rapidamente, concluído o projeto, iniciemos as obras desse gasoduto”, disse o governador Aécio Neves, em entrevista.

Na primeira etapa, serão 235 quilômetros de gasoduto de São Carlos/SP a Uberaba. Em um segundo momento, outros 120 quilômetros até Uberlândia, totalizando 355 quilômetros. Concluído o gasoduto, a expectativa inicial é de um mercado de três milhões de metros cúbicos/dia, podendo chegar a cinco milhões de metros cúbicos/dia.

Planta da Petrobras

O governador Aécio Neves salientou que a escolha de Uberaba para a construção da planta de uréia-amônia é uma decisão que cabe à Petrobras. Porém, destacou que a construção do gasoduto por parte do Governo de Minas, aliada à localização privilegiada do Triângulo Mineiro, torna a cidade o melhor ponto para a instalação do empreendimento.

“Do ponto de vista técnico, não há lugar mais adequado para essa construção. Temos aqui as maiores plantas misturadoras de fertilizantes; temos demanda para esse produto sempre muito próxima dessa região. Não há sentido que essa planta não venha para Uberaba”. E completou, “o gasoduto atenderá à Petrobras. É uma decisão que a Petrobras, esperamos nós, tome o mais rapidamente possível, mas atenderá também a outras plantas dessa região. Será um marco novo no desenvolvimento econômico do Triângulo Mineiro”.

O governador está em Uberaba acompanhado do vice-governador Antonio Anastasia, do secretário de Desenvolvimento Econômico, Sérgio Barroso, e do presidente da Cemig, Djalma Morais. Ele participa da entrega da Comenda Chico Xavier.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Andrea Neves escreve artigo para o Valor Econômico e conta a trajetória do avô Tancredo na política brasileira


Fonte: Andrea Neves – para o Valor Econômico

Tancredo de Almeida Neves, cujo centenário de nascimento e a lembrança dos 25 anos de sua morte se dão neste 2010, está entre os atores políticos de maior relevância no Brasil da segunda metade do século XX, bem como entre os que mais foram corajosamente coerentes.

À primeira vista, parecem existir dois Tancredos. Um, extremamente ameno no trato e nas palavras. Outro, corajosamente radical nas ações e nos gestos. A fusão dos dois fez um homem por inteiro. Comprometido, sempre, com a ordem democrática. Absolutamente leal aos companheiros, honrando a palavra que empenhava, transformou-se num interlocutor confiável na cena política durante décadas. E, surpreendentemente, não jogava para a plateia, não buscava os holofotes.

Ele costumava dizer: “Na política, só se lembram de mim na hora da tempestade”. Era verdade. Tancredo assume lugar de importância nacional em 1953. Com apenas 43 anos de idade, foi escolhido pelo presidente Getúlio Vargas como seu ministro da Justiça, considerada a pasta mais importante da época. Havia sido opositor do Estado Novo, advogava para trabalhadores e chegou a ser preso duas vezes no período. Mas considerava que Getúlio, ao ser eleito, ganhara legitimidade popular.

Foi fiel ao presidente até o seu último instante. Na última reunião do Ministério, quando os ministros militares diziam ser impossível enfrentar o golpe que se anunciava e pediam o afastamento do presidente, Tancredo se ofereceu para ir pessoalmente dar voz de prisão aos rebelados. “Mas você pode ser morto”, disse um deles. “A vida nos reserva poucas oportunidades de morrermos por uma boa causa”, respondeu.

Tancredo costumava se lembrar da última noite de Getúlio com emoção. Até os seus últimos dias, dizia que não conhecera ninguém em quem o senso de dever e o amor ao país fossem tão fortes. Lembrava que já se preparava para sair do Palácio do Catete quando o presidente o chamou e lhe entregou a sua caneta pessoal. “Uma lembrança desses dias conturbados”, disse ele. Tancredo guardou a lembrança e quando saía do prédio escutou o tiro com que o presidente se suicidara. Correu aos aposentos dele e ajudou a filha, Alzira, a socorrer o pai. Dizia que os olhos do presidente circularam pelo quarto, passaram pelos dele até se fixar nos da filha. Morreu olhando para ela.

Extremamente abalado, Tancredo chegou para o enterro em São Borja, no Rio Grande do Sul. Fazia muito frio. Oswaldo Aranha lhe emprestou um cachecol que ele guardou, dobrado, na sua gaveta de objetos pessoais por toda a vida. De São Borja, enviou um telegrama ao então governador de Minas, Juscelino Kubitschek, denunciando a ação das forças golpistas. Há quem pense que o suicídio de Getúlio tenha atrasado em dez anos o golpe militar. O ano de 1964 poderia ter chegado em 1954.

Em 1961, a renúncia do presidente Jânio Quadros pegou o país de surpresa. O vice-presidente, João Goulart – ou Jango, como era mais conhecido -, se encontrava na China, e começaram as articulações para impedir a sua posse. Tancredo divulga um manifesto à Nação pedindo respeito à ordem democrática e que fosse garantida a posse do vice-presidente. O ambiente se agrava. Prioritário naquele momento era garantir que Jango chegasse ao país e ao governo.

Diante da irredutibilidade de setores militares, surge a solução parlamentarista. Tancredo vai de avião ao encontro de Jango no Uruguai. Haviam sido, Tancredo e Jango, ministros de Getúlio. A confiança entre os dois havia sido selada na antecâmara de uma tragédia. Em um momento de crise, em que o caráter e a fibra de um homem não podem se ocultar atrás de discursos de conveniência. Por isso era Tancredo – e não outro – que poderia ter entrado naquele avião.

Há quem diga que naquele encontro teria ficado implícita a certeza de que a alma brasileira, se consultada, não trairia a sua tradição presidencialista. Importante naquele momento era garantir que o presidente tomasse posse. Era evitar que 1964 chegasse em 1961. Jango tomou posse. Tancredo foi escolhido primeiro-ministro. Deixou o posto de chefe de governo em 1962 para disputar as eleições para a Câmara dos Deputados. Eleito, se transformou em líder do governo João Goulart na Câmara dos Deputados.

Chegou 1964. O presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declara vaga a Presidência da República, apesar de o presidente João Goulart se encontrar em solo brasileiro. Diante de uma Casa silenciosamente acovardada, escutam-se algumas vozes e gritos inconformados no plenário. Quem ouvir com atenção o áudio da sessão vai escutar, nesses gritos, as vozes da consciência nacional. Uma voz se destaca: “Canalhas!” Era Tancredo.

Naquela época também deputado, Almino Afonso conta: “Até hoje me recordo com espanto do deputado Tancredo Neves, em protestos de uma violência verbal inacreditável para quantos, acostumados à sua elegância no trato, o vissem encarnando a revolta que sacudia a consciência democrática do país. Não deixava de ser chocante ver a altivez da indignação de Tancredo e o silêncio conivente de muitas lideranças do PSD”.

O jornalista José Augusto Ribeiro diz que, ao sair dessa sessão, o indignado Tancredo deu uma entrevista: “Acabam de entregar o Brasil a 20 anos de ditadura militar!” Enfrentou soldados para se despedir pessoalmente de Jango.

E 1964, adiado tantas vezes, finalmente chegou. O primeiro momento, fortemente simbólico, foi a eleição do marechal Castelo Branco. Tancredo foi o único deputado do PSD de Minas a se abster na votação.

Vieram as cassações. Os inquéritos policiais militares. Nem os ex-presidentes são poupados. Juscelino foi convocado a depor. Não foi sozinho. Tancredo o acompanhou aos depoimentos. Solidário.

Exilado, o talvez mais festejado presidente que o país já tivera, se dirigiu ao aeroporto para deixar o Brasil. Era o ex-presidente bossa nova. Era um ex-presidente da Republica que seguia rumo ao exílio. Três pessoas acompanharam JK até o avião. Duas eram da família. A outra era Tancredo. “Me lembro que a sua foi a última mão que apertei!”, disse Juscelino na primeira carta enviada do exílio.

São anos de um paciente ostracismo para Tancredo.

Morre o presidente João Goulart no Uruguai. O governo militar a princípio se recusa a permitir que ele seja enterrado no Brasil. Começam diversas articulações. Tancredo recusa conselhos e vai ao general Golbery do Couto e Silva: “Ninguém pode negar a um presidente o direito de descansar entre o seu povo!” E, quando a conveniência indicava, de novo, o contrário, lá estava Tancredo em São Borja. Mais uma vez, a memória de Almino Afonso: “Era a única liderança de porte nacional presente no cemitério”.

Juscelino morre. De pé, Tancredo velou o presidente. É de Tancredo o mais forte e emocionado discurso de homenagem ao ex-presidente.

Trinta anos depois de 1954, é a vez de 1984. A campanha das Diretas Já ocupou as ruas e o coração do país. Tancredo participou, articulou, discursou. Mas conhecia a história. Ali estavam maduras as condições para deixar 64 para trás. Ideal que fosse pelo voto direto. Se não pudesse ser, que fosse por outro caminho. Importante era abrir a porta de saída. A porta que ele ajudou a não deixar que fosse aberta em 1954 e em 1961 precisava agora ser fechada.

De novo, era ele que precisava tomar aquele avião. Do ponto de vista da história, Tancredo estava pronto. Tinha que ser ele. Era o que se costumava ouvir dos analistas mais experientes. “Esta foi a última eleição indireta deste país”, foram as primeiras palavras do seu discurso como presidente eleito.

Getúlio, Juscelino e Jango sabiam do que ele estava falando. Sabiam o que havia custado chegar até ali. Saberiam o que ainda ia custar?

O avião decolou novamente. O piloto não desembarcou. Mas conduziu o voo a um pouso seguro. Afonso Arinos disse que “alguns homens dão a vida pelo país. Tancredo deu mais, deu a morte”.

Lembro-me dos olhos marejados de Tancredo recordando com respeito e reconhecimento o extremado senso de compromisso de Getúlio com o país. “Ele sabia o que estava em risco”, costumava dizer. “Vocês não imaginam o que foi a multidão que acompanhou o funeral do presidente. Foi ela, em torno do caixão do presidente Vargas, que selou o pacto que impediu, naquele momento, o retrocesso da ordem democrática”, insistia em nos explicar.

Mal sabia Tancredo que 31 anos depois, em 1985, uma outra multidão velaria o corpo de um outro presidente.

E que ele também deixaria a vida para entrar na história.

Andréa Neves, neta de Tancredo, é jornalista e presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social de Minas Gerais (Servas)

Tancredo, um homem por inteiro

Morre Cartunista Glauco

O cartunista Glauco Villas Boas, de 53 anos, morreu na madrugada desta sexta-feira após ser baleado durante uma suposta tentativa de assalto na Estrada Alpina, no bairro Jardim Santa Fé, em Osasco, na Grande São Paulo, segundo informações preliminares da Polícia Militar (PM).

De acordo com o Hospital Albert Sabin, o cartunista deu entrada no pronto-socorro por volta da 0h30 e morreu cerca de meia hora depois. O filho dele, Raoni, de 25 anos, também foi atingido pelos disparos e morreu a caminho do hospital.

O crime aconteceu por volta de meia-noite. O caso foi registrado no 10º Distrito Policial de Osasco e os corpos do cartunista e do filho já foram encaminhados para o Instituo Médico Legal (IML) da cidade. Ninguém foi preso.

Entre os personagens criados pelo cartunista estão Zé do Apocalipse, Geraldão, Cacique Jaraguá, Dona Marta, Nojinsk, Doy Jorge, Ficadinha, Netão e Edmar Bregman.

Quem era Glauco

Glauco sempre sentou na turma do fundão

No começo dos anos 70, o encontro com o jornalista Hamilton Ribeiro, que dirigia o "Diário da Manhã", em Ribeirão Preto, tirou o paranaense Glauco da fila do vestibular para Engenharia e o jogou direto para as páginas do jornal, já com uma tira: "Rei Magro e Dragolino".

Alguns anos mais tarde, em 1976, a premiação no Salão de Humor de Piracicaba abriu as portas do jovem cartunista para a grande imprensa. Em 1977, Glauco começou a publicar suas tiras esporadicamente na Folha de S. Paulo. A partir de 1984, quando a Folha dedicou espaço diário à nova geração de cartunistas brasileiros, Glauco passou a publicar ali suas tiras.

O cartunista é autor de uma família de tipos como Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge e Geraldinho. Para a estação UOL Humor, Glauco criou em maio de 2000 os personagens Ficadinha -publicada aos sábados- e Netão -publicado às terças e quintas. Netão é "uma mistura de Casal Neuras com Geraldão", explica Glauco. "Ele é um cara metropolitano, de uns 30 anos, que vive internado no apartamento e viaja pela tela do computador."

Nesses anos, as histórias se transformaram, sintonizadas com mudanças de comportamento, modas e manias, mas Glauco continua fiel ao seu traço único e desenha com nanquim no papel. Usa o computador só para colorir as tiras, depois de escanear seus desenhos. "Para meu tipo de desenho, só mesmo com a pena, que dá um traço peculiar", revela.

Ex-guitarrista, o pisciano Glauco também já inspirou personagens de outros cartunistas. Angeli baseou-se nele para criar o Rhalah Rikota, "na época em que o Glauco era seguidor do guru indiano Rajneesh", diz Angeli.

"Eles sempre me gozaram muito por causa do meu lado místico, principalmente depois que entrei para o Santo Daime", conta Glauco.

"Daimista" há anos, Glauco dirige um centro de estudos que usa a bebida feita de cipó -a ayahuasca- para fins religiosos, em cerimônias inspiradas em rituais praticados por índios da Floresta Amazônica.

Leia Mais sobre Glauco no UOL

quinta-feira, 11 de março de 2010

Aécio e Anastasia reinauguram aeroporto em Divinópolis e anunciam investimentos

DIVINÓPOLIS (11/03/10) - O governador Aécio Neves e o vice-governador Antonio Anastasia reinauguraram, nesta quinta-feira (11), o Aeroporto Brigadeiro Cabral, em Divinópolis, no Centro-Oeste do Estado. A obra recebeu R$ 11 milhões do Governo de Minas. Ainda na cidade, o governador lançou a pedra fundamental do Hospital Público Regional e autorizou a liberação de R$ 8,9 milhões para a sua construção.

No Clube Estrela do Oeste, no Centro da cidade, Aécio Neves também autorizou o repasse de R$ 6 milhões para pavimentação de vias públicas, R$ 840 mil para a construção de duas Unidades Básicas de Saúde nos bairros Tietê e Sagrada Família e R$ 730 mil para a construção do terminal de passageiros do Aeroporto Brigadeiro Cabral. O governador ainda autorizou a licitação para a construção da nova sede da 12ª Superintendência Regional de Educação.

“Estamos inaugurando o novo aeroporto de Divinópolis. Um aeroporto regional da maior importância, indutor do desenvolvimento econômico. Ele atrai investimentos, facilita a vida daqueles que já estão aqui instalados, portanto, uma demanda importante para uma cidade-polo como é Divinópolis”, disse o governador. E completou: “já o Hospital Regional, uma demanda, uma necessidade, uma carência quase que histórica dessa cidade, começa agora a ser implementado. Um hospital todo equipado é o que pretendemos oferecer à população de Divinópolis”.

O governador e o vice-governador estavam acompanhados do secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, do prefeito de Divinópolis, Vladimir de Faria Azevedo, além de deputados estaduais e federais e lideranças políticas locais.

Aeroporto

O aeroporto Brigadeiro Cabral, em Divinópolis, passou por ampla reforma em suas instalações e uma série de intervenções para melhorar e modernizar a sua estrutura. A obra faz parte do programa Proaero, que tem por objetivo dotar o Estado de uma rede de aeroportos de pequeno e médio porte e impulsionar a aviação regional e local, melhorando as condições de transporte de carga e passageiros.

A seleção dos aeroportos contemplados pelo Proaero foi baseada na distribuição estratégica do Estado, na densidade populacional, nas melhorias previstas no Plano Aeroviário do Estado de Minas Gerais (Paemg) e nos pareceres das vistorias realizadas pelos técnicos do Comando da Aeronáutica e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Desde 2009, o Governo de Minas investiu R$ 120 milhões nos aeroportos de Capelinha, Governador Valadares, Oliveira, Ouro Fino, Divinópolis, Guaxupé e Curvelo, já concluídos; Lavras, Piumhi, Passos, Claúdio e Ubá, em andamento. Também já foi licitada a obra do aeroporto de Viçosa, com R$ 5,2 milhões de investimentos, com previsão de início em março deste ano de 2010.

Os projetos de engenharia dos aeroportos de Almenara, Araçuaí, Araguari, Arinos, Campina Verde, Caxambú, Januária, João Pinheiro, Paracatu, Patos de Minas, Patrocínio, Pirapora, Ponte Nova e Taiobeiras, já foram finalizados.

Hospital

O futuro Hospital Regional de Divinópolis vai funcionar com os setores de urgência e emergência para atender uma população de aproximadamente 435 mil habitantes do Centro-Oeste do Estado. Serão 225 leitos, dos quais, 20 de CTI.

No total, o Estado vai repassar R$ 36 milhões para as obras do hospital. Além dos R$ 8,8 milhões liberados nesta quinta-feira (11), já foi investido R$ 1,1 milhão no projeto arquitetônico.

A prefeitura de Divinópolis vai entrar com contrapartida de R$ 4 milhões e firmará parceria com a Faculdade de Medicina de São João del-Rey para gestão e custeio do Hospital Municipal.

Aécio implanta nova tecnologia para identificar criminosos


BELO HORIZONTE (10/03/10) - O chefe de Polícia Civil de Minas Gerais, delegado Marco Antônio Monteiro de Castro, assinou nesta quarta-feira (10) um Acordo de Cooperação Técnica junto à Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), para implantação do Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais Criminal (Afis) em Minas Gerais. Com a implantação do Afis Criminal, o Estado ficará interligado com o banco de dados da Polícia Federal, estendido aos demais estados do país. A previsão de implantação é de dois meses.

O delegado Marco Antônio Monteiro, na oportunidade, conheceu as instalações do Instituto Nacional de Identificação (INI), onde verificou o funcionamento dos equipamentos que serão recebidos pela Polícia Civil de Minas Gerais. O recurso tecnológico que será doado à instituição por meio de convênio com a Senasp, do Ministério da Justiça e o Departamento de Polícia Federal, permitirá a criação de um banco de dados de suspeitos e criminosos com capacidade atual de cerca de seis milhões de registros.

A implantação do Afis criminal tem como objetivo agilizar o resultado das perícias papiloscópicas, identificando de forma instantânea a impressão digital de possíveis suspeitos deixadas nos locais de crime. Isso porque o programa realiza automaticamente a leitura e a comparação dos fragmentos de impressões digitais na base de dados criminais.

Agilidade

Será também através do sistema Afis que se identificará de forma mais rápida e eficaz cadáveres encontrados sem nenhum documento. Trata-se de uma arma tecnológica poderosa a serviço da segurança publica de todo o Estado, que facilitará o esclarecimento de vários crimes por meio de analise criminal, permitindo até mesmo o confronto de digitais em locais de crime.

Até então o trabalho de registro criminal era feito manualmente e muitas vezes levava semanas para ser concluído. "Com o Afis a identificação será realizada em questão de minutos e os resultados começarão a aparecer mais facilmente", avaliou Monteiro de Castro. Com a implantação do sistema a Polícia Civil irá se conectar com o núcleo central de armazenamento de dados sediado no Instituto Nacional de Identificação da Polícia Federal, por meio da Rede Infoseg, do Ministério da Justiça, podendo identificar também criminosos de outros estados que tenham praticado crimes em Minas Gerais.

O sistema Afis já é utilizado com sucesso por diversos organismos policiais e agências de identificação do mundo. No Brasil esse recurso tecnológico de última geração vem sendo implantado desde 2004 e em breve cada um dos 27 estados do país deverá ter no mínimo um computador conectado a este banco de dados de coleta e envio de digitais.

Outra novidade é que a mesma estação Afis fixa é dotada de uma estação móvel de identificação completa, totalmente digital e de um comparador portátil que permitirá a ampliação do trabalho desenvolvido durante os plantões das delegacias da capital e Região Metropolitana.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Após deixar cargo, Aécio fala em ’submergir’ por 30 dias


Após deixar o governo de Minas para disputar a eleição em outubro, o governador Aécio Neves (PSDB) pretende “submergir” por um mês antes de retomar a atividade pública. O governador passará o cargo para o vice, Antônio Anastasia – pré-candidato do PSDB ao governo do Estado -, no fim deste mês. E, somente no início de maio, pretende retomar as articulações políticas para fazer seu sucessor. “Eu pretendo submergir pelo menos esses 30 primeiros dias”, disse.

Após uma reunião com seu secretariado na Cidade Administrativa, Aécio também afirmou hoje que, no plano nacional, estará “absolutamente à disposição” para a campanha do virtual presidenciável tucano, o governador de São Paulo, José Serra. “No momento em que ele construir a sua estratégia, o que só ocorrerá no momento após o anúncio da sua candidatura, certamente eu pretendo ser o primeiro dos soldados perfilados ao lado do governador José Serra para disputarmos e vencermos essas eleições”, disse.

Ele também repetiu que não acredita na hipótese de o paulista desistir futuramente da candidatura presidencial. Para Aécio, “não há qualquer possibilidade de alteração do quadro atual do PSDB” e a estratégia de Serra deve ser respeitada. “Essa outra possibilidade (de ele assumir o posto de presidenciável) aventada por alguns, simplesmente não existe”, disse.

Sobre a campanha presidencial, lembrou que terá uma “disponibilidade maior”. “Caberá ao governador (Serra) dizer, e já disse isso a ele pessoalmente, aonde acha que a minha presença será útil: seja em conversas na construção da articulação da campanha, no projeto e no programa que ele conduzirá e mesmo com minha presença em eventuais eventos onde ela seja positiva”, afirmou.

“Estarei integralmente à disposição dele. Em primeiro lugar, em Minas Gerais, onde nós vamos buscar levar as suas propostas e o seu projeto. Mas quando ele achar necessário, também estou à sua disposição para ir a outros Estados da Federação”.


Niemeyer deixa Dilma em sai-justa: “Gosto do seu trabalho, ministra, mas se Aécio fosse candidato à Presidência, a senhora não teria meu voto”


Niemeyer diz a Dilma que votaria em Aécio


A ministra Dilma Rousseff passou por uma saia-justa durante um passeio, no último domingo, no Rio de Janeiro. Depois de participar da solenidade de inauguração de um hospital, na Baixada Fluminense, Dilma aproveitou para caminhar pelo Rio, cidade onde morou por um ano, durante o regime militar. Em um restaurante, ela encontrou por acaso o arquiteto Oscar Niemeyer. Na conversa, ele deixou claro sua opção partidária. “Gosto do seu trabalho, ministra, mas se Aécio (Neves) fosse candidato à Presidência, a senhora não teria meu voto”, disse Niemeyer, sem perder o costumeiro tom cordial.


terça-feira, 9 de março de 2010

Aécio e Anastasia visitam hospital em Uberlândia


O governador Aécio Neves e o vice-governador Antonio Anastasia visitaram nesta terça-feira (9), em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, as obras do Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro, que está em fase final de construção. A visita ao hospital foi o último compromisso oficial em Uberlândia, onde foram assinados convênios para investimentos nas áreas de saúde e infraestrutura, entre eles a liberação, pelo Governo do Estado, de R$ 15 milhões para a compra de equipamentos para o hospital municipal.

“Estou encantado com essa visita que faço ao hospital municipal e que até o final de agosto estará funcionando, entregue à população. É um hospital modelo para o país. É, sem dúvida alguma, a maior obra da saúde em curso em Minas Gerais. É um hospital inteligente e, a partir de agora, as dificuldades vão ser dos outros que terão que seguir esse padrão do Hospital e Maternidade Municipal de Uberlândia”, disse o governador, em entrevista.

A construção do hospital começou em 2007 e a conclusão das obras está prevista para o segundo semestre deste ano. Já foram investidos R$ 46 milhões nas obras, sendo R$ 38 milhões do Governo do Estado e R$ 19 milhões da Prefeitura de Uberlândia.

Antes de chegar ao Hospital Maternidade Dr. Odelmo Leão, Aécio Neves e Antonio Anastasia visitaram o prefeito da cidade de Ituiutaba, Públio Chaves, que está internado em Uberlândia, no Hospital Municipal Santa Genoveva. O prefeito sofreu infarto nessa segunda-feira (8), durante uma solenidade em Ituiutaba.

Veja mais: Agência Minas

segunda-feira, 8 de março de 2010

O dever dos outros

Quando Aécio retirou seu nome da disputa para ser o candidato tucano a presidente, não estava subentendido que permaneceria na chapa como vice. Aécio jamais pensou em ser candidato a vice e negou a possibilidade vezes sem conta.

Marcos Coimbra - Especial para o EM
Publicação: 07/03/2010 10:48 Atualização: 07/03/2010 10:55

A pressão que alguns setores da oposição fizeram, nos últimos dias, sobre Aécio Neves chegou a ser, em alguns momentos, engraçada. Tudo para que ele aceitasse, de preferência imediatamente, ser o vice de Serra nas eleições deste ano.

Começava aí o lado cômico, querer que alguém corresse para anunciar que seria o vice de quem ainda não dissera ser candidato. Até as pedras da rua sabem que não é assim que as coisas acontecem e que, para montar uma chapa, o primeiro passo é a "cabeça", como se diz no jargão da política. Chega a ser ridículo o inverso.

Não era engraçado, mas pouco compreensível, o argumento de que, mesmo sem que Serra tivesse assumido a candidatura, Aécio deveria se oferecer para secundá-lo. Nunca houve um compromisso desse tipo entre os dois e, quando Aécio retirou seu nome da disputa para ser o candidato tucano a presidente, não estava subentendido que permaneceria na chapa como vice. Aliás, o que sempre foi afirmado pelas lideranças dos partidos de oposição é que a vaga de vice seria para um nome de fora do PSDB, de maneira a reforçar a aliança entre eles.

Aécio jamais pensou em ser candidato a vice e negou a possibilidade vezes sem conta. Esqueçamos, por um momento, suas razões (que são boas). Digamos que era apenas seu desejo. Ou seja, que ele apenas preferia ser candidato a outra coisa, no caso, ao Senado. Que, não sendo candidato a presidente da República, não era de seu interesse participar da eleição nacional.
Na imensa maioria dos países, uma declaração como essa não causaria espanto. Salvo nos partidos altamente centralizados e com disciplina rígida (como as organizações extremistas militarizadas, de esquerda ou direita), os políticos costumam direcionar a carreira segundo suas próprias conveniências e preferências. Ninguém é obrigado a ser candidato a isso ou aquilo.

No Brasil, nem se fala. Aqui, os partidos não determinam "missões" a seus filiados, não os forçam a concorrer a cargos aos quais não aspiram.
Veja-se, por exemplo, o que está acontecendo agora, na eleição presidencial. Marina foi incumbida pelo PV a se candidatar? Teria sido Dilma constrangida a concorrer? Quando o PSOL quis que Heloísa Helena se candidatasse e ela não, o que aconteceu? Ciro está no páreo por determinação do PSB?

E Serra? Sua insistência em só assumir a candidatura quando quiser não está sendo respeitada por todos? Mesmo se a quase totalidade de seus companheiros não concorda com ele?

Não fazia sentido tamanha desproporção de pesos e medidas. Cobrava-se de Aécio algo que não existe em nossa vida política, a obrigação de se submeter a uma espécie de "dever partidário" (como se só houvesse uma interpretação do que é melhor para o PSDB!).

Enquanto isso, se aceita que o governador de São Paulo fique à vontade para fazer como quer, o que equivale a relevá-lo de deveres para com seus correligionários e aliados.

O curioso é que toda essa pressão veio quando as pesquisas confirmaram o que já se sabia fazia tempo, que Dilma iria crescer e Serra cair, à medida que aumentasse o conhecimento de ela ser a candidata de Lula, assim se tornando a opção de quem está satisfeito com o governo e quer sua continuidade. Não se pode falar em emergência, em fato novo, quando acontece o previsto. Se não montaram sua estratégia eleitoral (incluindo a escolha do candidato) levando isso em conta, as oposições erraram.

Quem sabe, finalmente, foi aceita a realidade: Serra é o candidato e Aécio não vai ser vice. A menos que tudo que foi combinado seja revisto. Agora, engraçado mesmo era achar que quem tinha que mudar era Aécio. Logo ele, que fez o que pôde para evitar que seu partido chegasse aonde está.

Marcos Coimbra é cientista político e sociólogo

domingo, 7 de março de 2010

O PT e o centenário de Tancredo

A ausência do PT nas celebrações, promovidas pelo Senado na quarta-feira, pelo centenário de Tancredo Neves, guarda coerência com a história do partido.

Embora hoje sustente o contrário, o PT foi beneficiário, mas não protagonista (em alguns momentos, nem coadjuvante) do processo de redemocratização.

Chegou a combater algumas de suas iniciativas, como a candidatura do próprio Tancredo Neves à Presidência pelo colégio eleitoral, em 1984. Além de não apoiá-lo – considerando que tanto fazia elegê-lo como a Paulo Maluf -, expulsou três de seus deputados (Beth Mendes, José Eudes e Airton Soares) que decidiram sufragá-lo.

Quando da promulgação da Constituição de 88, anunciou que não a assinaria, por achá-la conservadora. E só o fez, sob protesto, por instâncias de Ulysses Guimarães, que pedia uma chance para aquele momento que se inaugurava.

Mesmo na campanha das diretas – e isso é fato histórico -, não estava na sua gênese. Incorporou-se à campanha quando já estava nas ruas e atraía multidões.

Não obstante, todas essas iniciativas, de que manteve asséptica distância, o beneficiaram, deram-lhe visibilidade. Mas o partido sustentava que não lhe era conveniente manter proximidade de políticos tradicionais, como Franco Montoro, Leonel Brizola, Tancredo Neves ou Ulysses Guimarães. Considerava-os, sem distinção ideológica, farinhas do mesmo saco.

A política deles era promíscua, enquanto a do PT guiava-se por paradigmas de pureza. Lula desdenhava do trabalhismo varguista, de Brizola, considerando-o superado e de índole pelega. O seu era diferente, moderno, distanciado do Estado.

Recusou alianças e manteve-se, até chegar ao poder, numa redoma de impenetrável sacralidade. Recusou todas as frentes oposicionistas que se armaram para enfraquecer o último governo militar, do general João Figueiredo, o que suscitou suspeitas de que agia sob a inspiração do estrategista do regime, general Golbery.
O partido esteve na linha de frente do impeachment de Collor, mas recusou integrar o governo Itamar, expulsando Luiza Erundina, por tê-lo aceito.

Expulsaria mais tarde, em 1996, o deputado Eduardo Jorge, por ter votado a favor da CPMF, que o partido então combatia, mas que Lula, na Presidência, considerou imprescindível para governar o país. Só não expulsou os mensaleiros e aloprados.

A primeira aliança admitida foi com Leonel Brizola, que, embora com muito mais bagagem e história, se submeteu a ser vice na chapa de Lula, em 1998.

Na eleição anterior, o PT recusara convite de Fernando Henrique para figurar na sua chapa como vice, o que lhe abriria espaço para sucedê-lo e consolidar uma aliança progressista que dizia desejar. Preferiu, porém, combater o Plano Real, empurrar o PSDB para uma aliança conservadora com o PFL e continuar marchando sozinho, contra tudo e todos.

Ao finalmente se eleger, em 2002, incorporou-se ao “mesmo saco” das farinhas que execrara. Buscou alianças conservadoras com o PMDB, PL (hoje, PRB, do vice José Alencar), PTB et caterva.
Criticava o neoliberalismo dos tucanos, mas buscara o seu vice no Partido Liberal. Criticava a política monetarista do Banco Central, mas escolheu um banqueiro tucano, Henrique Meirelles, para presidi-lo.
Condenava a política assistencialista da Bolsa Educação e dos vale-gás e vale-alimentação, mas incorporou-as sob o rótulo Bolsa Família, que se transformaria no carro-chefe de seus dois governos.

Lula depois esclareceria, algo que antes não se percebera: que era (é) uma “metamorfose ambulante”. Mas, embora mostre sintonia com o que há de mais condenável nas tradições políticas nacionais, insiste em que refundou o Brasil, idéia que, sob o bordão “nunca antes neste país”, permeia a quase totalidade de seus discursos.

Ao revogar tudo o que se fez, de Cabral (o Pedro Alvarez, não o Sérgio) a FHC, não há mesmo por que celebrar o centenário de Tancredo, algo que, para os petistas, equivale a uma peça de ficção.
O Brasil petista começa com Lula e prossegue com Dilma. Apossa-se do que de bom produziu o Brasil anterior, sonegando-lhe a autoria, e atribui o que há de ruim, inclusive o produzido sob sua égide, aos antepassados. Vale-se do desconhecimento que o povo tem da história, recente e remota, para convencê-lo de sua encenação.

Pior: consegue.

Ruy Fabiano é jornalista

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/03/06/o-pt-o-centenario-de-tancredo-272147.asp