sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Merval Pereira analisa que o PT pós-Lula ‘pode se transformar num outro PMDB’

PT pós-Lula


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito a amigos que está na hora de revermos uma antiga certeza na hora de analisarmos nosso sistema político, a de que o país não tem partidos organizados, e por isso as negociações são feitas pontualmente, de acordo com interesses fisiológicos ou de grupos.

Segundo ele, o país já tem um partido organizado organicamente, e este partido é o PT. Essa constatação de Fernando Henrique fica mais confirmada ainda quando se lê que os oito governadores do PSDB, seu partido, decidiram que não farão oposição ao governo Dilma, atrás das verbas que o governo federal pode distribuir aos estados.

Um dos feitos do PSDB na recente eleição, em que foi derrotado pela terceira vez consecutiva para a presidência da República, foi justamente ter sido o partido que mais governadores elegeu, especialmente mantendo o comando dos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, o que demonstraria sua força política.

Ora, se esses oito governadores abrem mão de fazer oposição, numa estratégia orquestrada pela direção nacional do partido, o que esperar?

Essa estratégia de neutralidade, aliás, já foi tentada durante os oito anos do governo Lula, e deu no que deu.

Os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, passaram seus mandatos tendo uma atuação generosa com o governo central, num cálculo de aproveitar um bom relacionamento para obter favores federais que beneficiassem suas gestões estaduais.

Desse ponto de vista deu certo, os dois fizeram governos muito bem avaliados. Mas não se identificaram junto ao eleitorado como políticos de oposição.

Ambos apareciam ao lado de Lula como se fossem seus correligionários, e Serra tentou até mesmo confundir o eleitorado mostrando-se com de Lula no programa de propaganda eleitoral da televisão, querendo passar a idéia de que Lula não se incomodaria com sua vitória.

Ambos, em momentos distintos da disputa eleitoral, sentiram a mão pesada de Lula e do PT.

O ex-governador de Minas sentiu também a objetividade do PT como partido, ao ver vetado a nível nacional o acordo regional que fizera com o então prefeito Fernando Pimentel.

Nem Lula nem o PT, quando foi preciso, fingiram neutralidade ou tentaram aparentar generosidade com os adversários políticos.

É disso que trata Fernando Henrique quando diz que o único partido organizado que temos no país é o PT.

O comando de Lula sobre o partido sempre foi exercido com mão de ferro, com o auxílio direto de José Dirceu, e foi devido a essa liderança incontrastável que o partido permaneceu unido durante as três derrotas consecutivas, mantendo-o como candidato mesmo quando parecia que não tinha mais chance de vencer.

E o partido manteve-se na oposição, mesmo quando a unanimidade do país apoiava o Plano Real.

Quem se colocou no seu caminho foi mantido à parte, como os senadores Eduardo Suplicy e Cristovam Buarque, que ousaram questionar se ainda valia a pena manter Lula como o candidato do partido à presidência da República depois de três derrotas.

No governo, à medida que sua popularidade foi aumentando, Lula se impôs ao partido de maneira tal que os poucos dissidentes acabaram sendo forçados a abandoná-lo, e formaram o PSOL.

No seu segundo mandato, a influência de Lula sobre o PT foi tamanha que ele conseguiu a unidade em torno de Dilma Rousseff à sua sucessão, uma candidata improvável e sem tradição partidária.

Mais uma vez mostrou que estava certo ao impedir que setores do partido apresentassem candidatos em estados em que o PMDB tinha interesses divergentes, tudo para garantir o apoio do maior partido à sua candidata.

Ao mesmo tempo em que sufocava politicamente as diversas facções partidárias, Lula dava a elas pedaços do poder e proteção política.

O partido superou a crise do mensalão sem se desintegrar e continua sendo o preferido do eleitorado brasileiro.

Seu teste de fogo será a saída de Lula do poder, e uma amostra do que pode acontecer estamos vendo agora, na disputa para a presidência da Câmara e na montagem do primeiro ministério de Dilma Rousseff.

As diversas facções em que se divide o partido estão em disputa como sempre estiveram, só que agora não têm uma liderança que organize essa disputa e a subordine aos interesses maiores do partido.

A tendência Construindo um Novo Brasil, que é majoritária no partido, estava dividida entre Cândido Vacarezza e Marco Maia, o que indicava que o candidato oficial poderia ser derrotado na disputa.

O ex-deputado federal e candidato ao Senado pelo PSOL, Milton Temer, acha que é “excelente para a democracia brasileira que o PT saia do sufoco que lhe foi imposto pelo pragmatismo lulista, e retome a energia interna que marcou suas duas primeiras décadas de existência como o principal partido brasileiro, nascido das bases sociais”.

Para Temer, o partido encontrava sua energia exatamente na disputa de caminhos políticos distintos que suas diversas tendências, e lideranças independentes, disputavam em cada reunião das instâncias.

Ele se recorda da disputa com José Dirceu pela presidência do partido, no Congresso do Glória, em 1997. Na ocasião, representando o campo de esquerda, ele obteve votos de 47% dos delegados, enquanto Dirceu obteve a vitória com apenas 49%, “tendo ao seu lado, na boca de urna, nada menos que Lula e o então presidente da CUT, João Felício”.

Para Temer, mesmo com esse resultado apertado, a unidade partidária só não foi conseguida pela “falta de generosidade e fraternidade do campo majoritário que, já no ano seguinte, promovia a arbitrária intervenção no diretório do Rio de Janeiro, por conta de vitória legítima que Vladimir Palmeira obtivera nas prévias que indicariam o candidato próprio ao governo do Estado”.

Essa “falta de generosidade e fraternidade” era a marca da liderança de mão de ferro de Lula e Dirceu, que hoje já não existe.

Lula tem dito que pretende continuar atuando dentro do partido, mas é difícil que encontre tempo para isso.

Temer acha que o PT pode ter agora “sua última oportunidade de ressuscitar a identidade que a sigla tinha até chegar aos tapetes do Planalto”, abandonando a lógica de ocupação de cargos no aparelho do Estado para voltar à discussão programática.

Ou então o partido pode se transformar num outro PMDB.


Fonte: Artigo de Merval Pereira – O Globo

Assembleia de Minas aprova ‘Leis Delegadas’ e ‘Ficha Limpa’, medidas vão ajudar Antonio Anastasia na composição do novo governo

Assembleia aprova ”Ficha Limpa” mineira e leis delegadas


Depois de uma queda de braço entre governo e oposição, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou em segundo turno, na manhã desta sexta-feira, dois projetos que irão influenciar a composição do segundo governo de Antonio Anastasia (PSDB). O primeiro deles é o projeto de resolução que autoriza a criação de leis delegadas pelo Executivo. O projeto vai dar ao governador Antonio Anastasia (PSDB) poderes para alterar órgãos da administração diretas e indiretas, através da criação, fusão e extinção de secretarias, mudanças nas atribuições e nas remunerações de funcionários que ocupam cargos de confiança. A reforma administrativa pretendida pelo governador poderá ser feita entre o dia 1º e 31 de janeiro. Quarenta e nove deputados votaram a favor da medida e doze foram contrários.

Com a aprovação, fica a expectativa do anúncio do novo secretariado do estado, já que o governador havia justificado que a demora no anúncio se deu porque ele queria esperar a aprovação do projeto pelos deputados.

Ainda durante a reunião extraordinária, na ALMG, deputados aprovaram por unanimidade a chamada ”PEC da ficha limpa”, que exige que a nomeação de secretários de estado e diretores de órgãos da administração indireta se enquadrem nos requisitos da Lei da Ficha Limpa, a mesma aplicada a candidatos que vão concorrer nas eleições. A partir de agora, pessoas condenadas pela Justiça por órgãos colegiados não poderão ocupar cargos no primeiro escalão do governo estadual.

Oposição

Mesmo com reação intensa, a oposição não teve como barrar o projeto de delgação, já que representa a minoria na casa. Antes da votação, a bancada do PT fez várias críticas ao projeto. O deputado Padre João (PT) foi um dos que ocupou a tribuna, afirmando que ”legislar à revelia da assembleia legislativa é uma prática da ditadura”. Ele também rejeitou o argumento do governo de que as leis delegadas são medidas similares às medidas provisórias editadas pela União. ”Não me venham comparar lei delegada com medida provisória. A medida provisória é analisada pelo Congresso, essa premissa não foi tirada”.

O deputado Carlin Moura também lamentou a atitude do executivo, afirmando que a arovação do projeto é ”um péssimo exemplo da utilização de um instrumento que só deveria ser usado em último caso”.

O deputado Alencar Silveira Júnior (PDT) defendeu a aprovação, lembrando a votação expressiva de Anastasia no Estado. ”O choro é livre, pode falar o q for, no futuro vamos ver mais uma vez que valeu a pena”. Antonio Júlio (PMDB) rebateu o argumento. ”Se for por essa lógica, o Executivo devia fechar a Assembleia e cada um ir embora para sua casa, já que ele teve uma votação espetacular”.

Fonte: Luisa Brasil – Estado de Minas


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Editorial imperdível no Estado de Minas: "Parceria golpeada: Com o apoio de Lula, a Fiat preteriu Minas em favor de Pernambuco"

O grupo Fiat confirmou sua decisão de preterir Minas e instalar em Pernambuco sua segunda fábrica de automóveis em território brasileiro. A montadora italiana negociou discretamente e obteve dos governos federal e do estado nordestino vantagens tributárias para investir R$ 3 bilhões na construção de uma unidade de grande porte, projetada para produzir 200 mil carros por ano, em sua primeira fase. Além das instalações industriais, a fábrica pernambucana da Fiat terá condições de desenvolver, testar e produzir novos modelos. Quando estiver em plena atividade vai gerar 3,5 mil empregos diretos. Segundo a direção da empresa, o primeiro modelo será o de um carro popular e barato, mas equipado com acessórios. A nova unidade faz parte dos planos de expansão da Fiat no mercado brasileiro, no qual o grupo é líder no segmento de automóveis de passeio e comerciais leves. A empresa pretende chegar à produção anual de 1 milhão de veículos a partir de 2014.
 
Além de incentivos fiscais estaduais e da cessão de um terreno 740 hectares com obras de terraplenagem por conta do governo de Pernambuco, a Fiat obteve uma série de benefícios, especialmente concedidos pelo governo federal. Parte do investimento será financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva incluiu na Medida Provisória (MP) 515, de 25 de novembro, alterações na legislação de incentivos fiscais em favor de investimentos privados da indústria automotiva no Norte e Nordeste, claramente destinados a viabilizar a localização da Fiat em Pernambuco. Em vigor desde 1996, esses incentivos fiscais terminariam este ano, mas foram prorrogados até 2020. Vão permitir à Fiat quitar tributos federais como PIS e Cofins com créditos acumulados de IPI, resultante de exportações. Além disso, a MP altera a Lei 9.440/97, que concede isenções de tributos federais a empresas que apresentarem projetos novos até 29 de dezembro, bem a tempo do projeto da Fiat.

É, portanto, resultado de decisivo empenho do presidente Lula em favor de estado comandado por um de seus aliados políticos, o governador Eduardo Campos (PSB). Nessa ação política em que a União prejudica os interesses de Minas, destino natural da nova unidade da Fiat, a montadora também cumpriu papel inaceitável ao golpear, sem justificativa, a mais bem-sucedida parceria entre uma comunidade e uma indústria automotiva no Brasil. Afinal, foi a partir da fábrica construída em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, há 36 anos, com renúncia fiscal e aporte de capital em espécie pelo estado de Minas Gerais, que o grupo italiano conseguiu recuperar o tempo e o terreno perdidos para seus concorrentes que tinham se instalado havia décadas no Brasil. Desde a equivocada opção pelo modelo 147, passando pela arrancada com o Uno, nos anos de 1980, até a liderança atual, a história da Fiat no Brasil não teria sido a mesma sem a parceria e o apoio de Minas. Tanto os italianos da montadora de Turim como o governo federal do presidente Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff, que obteve maioria dos votos aqui, seu estado natal, estão em débito com os mineiros. E serão cobrados.
 
Fonte: "Estado de Minas" - 16-12-2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Lula manipula legislação federal e leva os empregos da nova unidade da Fiat de Betim para Pernambuco

É chocante saber que o presidente Lula manipulou a legislação que trata de incentivos fiscais para o nordeste para levar para o estado natal dele, o Pernambuco, empregos que seriam gerados aqui em Minas, com uma nova unidade da Fiat.

Toda a negociação para favorecer a Fiat e aos pernambucanos foi feita na calada da noite, nos porões do Palácio do Planalto.

Os mineiros que votaram em Dilma devem estar se sentido, no mínimo, traídos pelo presidente e pela candidata dele, a Dilma. E a bancada do PT da Assembléia foi conivente com este ato? O que eles, que representam o governo federal em Minas, vão fazer em defesa do nosso estado? E a prefeitura do PT de Betim, também vai ser conivente?

O jornalista Carlos Lindenberg, do Hoje em Dia, conta com detalhes como foi feita a manobra para levar a nova unidade da Fiat para Pernambuco.

Nova fábrica da Fiat preocupa

Por Carlos Lindenberg,

Parece que só agora está caindo a ficha das lideranças políticas e econômicas do Estado, surpreendidas na semana passada com sutil manobra do presidente Lula que, no apagar das luzes, dá de Papai Noel a seu Estado natal, Pernambuco, uma fábrica de automóveis. Com efeito, ao alterar a Medida Provisória que concede incentivos fiscais ao sistema automotivo às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, Lula possibilitou que a Fiat Automóveis, instalada em Betim, engatasse uma primeira e acelerasse para montar uma outra fábrica de carros no País, desta feita em Pernambuco - onde Lula nasceu. Um presente de filho para pai ou vice-versa, como queiram, tanto ao Estado como à montadora italiana.

Pelo jeito como a coisa foi feita, tem-se a impressão que Lula resolveu dar a Pernambuco o que Fernando Henrique fizera com a Bahia, onde a Ford se instalou com benefícios fiscais, a exemplo, aliás, de outras empresas que só vêm para o país quando o governo abre mão da arrecadação de impostos - a indecente renúncia fiscal que agrada tanto aos empresários, mesmo àqueles que detestam a presença do Estado na economia ou a intervenção dos governos nos mercados.

A instalação da Ford na Bahia, a propósito, fez ampliar ainda mais a disputa que historicamente travam os dois estados do Nordeste, não por acaso as duas maiores economias da região. Lula agora compensou os seus conterrâneos. E o que Minas tem a ver com isso? Perguntarão, alguns. Muito e nada ao mesmo tempo. Nada, se a Fiat, que se instalou em Betim na década de 70, ganhando do estado tudo de mão beijada, se comprometer a compensar a região onde está instalada de alguma forma, sobretudo firmando compromisso com as autoridades mineiras de que não desviará um centavo de seu caixa, vale dizer, da economia mineira, para se instalar em Pernambuco, muito menos tirando daqui algum centro de decisão, como já fez ao transferir para São Paulo a área de comercialização de veículos. Ao mesmo tempo, Minas terá tudo a ver com a decisão da montadora italiana se essas coisas não forem acertadas.

O que está preocupando as autoridades mineiras é o fato de tudo isso ter sido feito em segredo. Nem o presidente Lula deu qualquer satisfação a Minas nem a Fiat deixou vazar a negociação que vinha sendo mantida com o Governo federal por meio do Governo de Pernambuco. E tudo foi feito calculadamente. A lei dos incentivos fiscais para o setor automotivo estava com data marcada para morrer. Lula a prorrogou recentemente até o ano 2020 e estabeleceu o prazo, que termina dia 29 de dezembro, para que as interessadas de enquadrassem na nova legislação.

Essa nova legislação diz, em linhas gerais, que as empresas se beneficiarão dos incentivos fiscais desde que já instaladas na região. A Fiat correu e comprou uma fábrica de cabos e chicotes elétricos sediada em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. A mesma lei que Lula alterou mexeu também num item importante: abriu a possibilidade para que as empresas beneficiadas pudessem alterar o perfil de seus produtos. Com isso, a Fiat, que só poderia fabricar cabos e chicotes elétricos em Pernambuco, ao adquirir a fábrica de cabos, poderá agora mudar a planta da fábrica e produzir automóveis. Os mineiros, a partir do Palácio da Liberdade, e da Federação das Indústrias, estão de orelha em pé como tudo isso correu quase que sob sigilo absoluto e de forma tão concatenada, como se fosse uma engrenagem mecânica, em que cada peça se ajusta à outra e dá andamento ao conjunto. Um presentão, sem dúvida, digno de um filho pródigo. Em tempo: há quem pense em alterar a Medida Provisória no Senado, para lembrar que um quinto do território de Minas está na área beneficiada por Lula e que poderá também oferecer benefícios.Por fim: a Fiat garante que manterá em Minas R$ 7 bilhões dos R$ 10 bi que vai investir nos próximos anos no país. Como R$ 3 bi irão para Pernambuco, a União deixará de arrecadar R$ 4,5 bilhões.

Fonte: Jornal Hoje em Dia - 15/12/2011: "Nova fábrica da Fiat preocupa"

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Lei Ficha Limpa para ocupação de cargos no Governo de Minas é aprovada em 1º turno, novo secretaria de Anastasia deve atender as novas exigências

Ficha Limpa é aprovada

Deputados votam proposta que determina nomeação para cargos do primeiro escalão em Minas apenas para pessoas que não tenham pendências na Justiça. Medida já vale para 2011

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 63/2010, que ficou conhecida como PEC da Ficha Limpa mineira, foi aprovada em primeiro turno pela Assembleia Legislativa, durante esforço concentrado dos deputados, na tarde de ontem. A PEC altera a Constituição do estado para impedir que sejam nomeados para o primeiro escalão do governo e o comando de empresas públicas, aqueles que não estiverem enquadrados nas exigências da chamada Lei Ficha Limpa sancionada neste ano. O próximo secretariado do governador reeleito Antônio Anastasia (PSDB) já deverá estar em acordo com a exigência.

De acordo com o texto aprovado, não poderão ocupar cargo de secretários, subsecretários e secretários adjuntos, além de diretores de autarquias, fundações estaduais e empresas estatais pessoas que tenham sido condenadas pela Justiça. Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, abuso de autoridade, racismo, crimes eleitorais, contra o patrimônio público e sistema financeiro são exemplos de condenações que irão impedir a nomeação para esses cargos.

Na semana passada, a votação da PEC foi interrompida por divergências entre os deputados sobre o substitutivo apresentado pela comissão criada para analisar a proposta e o texto original, chegando a colocar em risco a aprovação da proposta. Após negociações, os deputados acabaram aprovando o texto original, que é mais abrangente.

O relator da proposta, deputado Lafayette Andrada (PSDB), disse que tal nível de detalhamento na Constituição não é usual e, por, isso propôs o substitutivo. Para ele, alguns casos deveriam ser tratados por legislação infraconstitucional. Ele abriu mão da discussão por entender que o momento pede a maior abrangência, já que o ficha limpa atende a um clamor social. “Acredito que a PEC inova ao estender aos cargos públicos não eletivos as exigências do ficha limpa. Eu defendo o projeto”, afirmou o relator, lembrando que Minas Gerais sai na frente com a aprovação da PEC.

De acordo com o deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT), autor da PEC, o substitutivo limitava o alcance da norma ao retirar do texto subsecretários e secretários adjuntos. “Não podia aceitar uma ficha limpa meia boca. O objetivo é impedir que os principais cargos do governo sejam ocupados por quem tem ficha suja. A norma deve valer para todos”, afirmou o deputado.

Para vigorar a partir do ano que vem, a proposta tem que ser aprovada em segundo turno pelos deputados até sexta-feira, quando se inicia o recesso parlamentar. Antes de voltar ao plenário, passa novamente pela comissão especial para receber novo parecer. De acordo com o deputado, é tradição da Assembleia seguir no segundo turno a votação do primeiro turno, por isso ele garantiu a entrada em vigor da emenda ainda este ano.


Fonte: Ana Carolina Utsch – Estado de Minas

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tasso Jeiressati: “A nossa expectativa de poder é o Aécio”


“A nossa expectativa de poder é o Aécio”

Entrevista: Derrotado em outubro, Tasso rejeita nova candidatura

O PSDB tem que recuperar o que era seu. Ao longo desses anos, perdeu a classe média, mas já está se recuperando”

Não acredito e não tenho mais nada a ver com o entendimento do que é política que os irmãos Gomes têm”

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) faz, em 2011, aos 62 anos, uma nova virada em sua vida, tomando o caminho de volta ao eixo Ceará-São Paulo para retomar a direção de suas empresas, do ramo imobiliário (shoppings), de TV a cabo, TV aberta e de bebidas. Com um grupo de jovens empresários amigos abandonou os negócios, há quase 30 anos, para ingressar na carreira política, tomando a liderança, no Estado, dos antigos coronéis da velha política do voto de cabresto. Três mandatos de governador e um mandato de senador depois, perdeu pela primeira vez uma eleição, não foi reeleito senador na última disputa. Perdeu para Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT).

Mas, uma vez político, político sempre. Tasso manterá sua participação com contribuições – apenas de ideias, nada de assumir cargos – à “refundação” do PSDB, uma meta de todos da cúpula partidária agora. Ele defende que o partido se reorganize e reveja seus fundamentos tendo em vista os novos tempos. O PSDB precisa, por exemplo, reconquistar a classe média, o que “já vem conseguindo” aos poucos, e para acelerar isso é preciso adotar alguns caminhos que melhorem a qualidade da política. Propõe que o partido assuma a defesa do Orçamento impositivo, da profissionalização do serviço público – com redução de cargos em comissão -, de um novo pacto federativo e das privatizações.

Ex-presidente do PSDB três vezes, Tasso afirma que o senador eleito Aécio Neves (MG) representa a expectativa de poder do partido e, por isso, será sua liderança natural. Evita, no entanto, defender abertamente uma candidatura a presidente em 2014. Tasso coloca o ex-governador José Serra no mesmo patamar do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de “hors concours”, intelectuais que devem ajudar a pensar o partido.

Em entrevista concedida no dia de sua despedida do Senado, na quarta-feira, Tasso avaliou as dificuldades de fazer oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente, mas a qualquer presidente da República, pela forma como se dão as relações entre os Poderes e as esferas administrativas. Não existe possibilidade, hoje, de um prefeito se opor ao governador, e de ambos se oporem ao presidente, diz Tasso, por causa da estrutura de distribuição de verbas. Ele também admitiu impressão positiva com as primeiras declarações de Dilma Rousseff depois de eleita.

Valor: O senhor vai sair da política?

Tasso Jereissati: Não sou candidato a mais nada, mas gostaria de ajudar nessa discussão da reestruturação partidária. Minha vida política foi muito intensa. Fui governador três vezes. Como presidente do PSDB participamos intensamente da crise do Collor, do governo de Itamar e, em seguida, de toda a articulação para levar Fernando Henrique para a Presidência da República. Fiquei 100% envolvido em política. Depois, mais oito anos como governador e, em seguida, oito anos como senador, que também não foi um período tranquilo. Nós, no Senado, caracterizamos muito a oposição ao governo Lula. Um governo que se tornou cada vez mais forte e a gente teve que ser cada vez mais resistente.

Valor: Com a força do Lula foi impossível fazer oposição, no Brasil, nesses oito anos?

Tasso: Existem distorções na política hoje que tornam muito difícil fazer oposição de forma articulada. Nas atuais condições é praticamente impossível o prefeito ser de oposição à Presidência da República e aos governos estaduais, porque dependem deles para sobreviver. Não existe mais prefeito de oposição. E os governadores também estão chegando nesse ponto. O Parlamento vai se descaracterizando. O parlamentar ou perde o contato com seus prefeitos e suas bases ou é do governo também. Num governo longo, as oposições vão definhando.

Valor: Uma espécie de mão de ferro federal que mantem os governos sob controle?

Tasso: Claro. E quanto mais o governo se acomoda nesse tipo de cooptação, mais isso vai ficando grave. Muitos vão dizer que isso sempre existiu. Existia, mas numa escala muito menor e pontual. O governo do PT desistiu, abriu mão de qualquer tipo de convencimento em torno de qualquer coisa, qualquer programa, qualquer projeto, e institucionalizou a cooptação através das emendas. Hoje é tido como “a” norma, “a” prática, “a” referência de atuação parlamentar.

Valor: O que fazer?

Tasso: A Comissão de Orçamento e o Orçamento autorizativo talvez sejam o grande coração que alimenta todas essas distorções. Na vida dos executivos municipais e estaduais e na vida do Congresso. Se fosse impositivo, não tinha essa dependência. Uma solução seria acabar com a Comissão de Orçamento e implantar o Orçamento impositivo. Outra é a profissionalização do serviço público para manter níveis mínimos de indicação de confiança. O país passa por uma letargia ao assistir brigas por uma diretoria financeira. O que interessa a um deputado ou a um partido ter uma diretoria financeira de determinada empresa? As coisas estão ficando tão explícitas e despudoradas porque foram institucionalizadas.

Valor: O PT, quando na oposição, também foi sufocado dessa maneira?

Tasso: Estamos num processo mais longo. No início da redemocratização, o PMDB era um partido de oposição. Aos poucos, foi se transformando e se consolidando como um partido profissional de poder. A política no Brasil mudou muito nesses 20 anos porque não havia isso. Não havia um partido em que qualquer que fosse a tendência ideológica ou a tendência programática estivesse no poder.

Valor: Como o PSDB vai se estruturar para enfrentar isso e exercer a oposição?

Tasso: O PSDB tem que recuperar o que era seu. Isso já está acontecendo. O PSDB era um partido de quadros, apoiado na classe média. Ao longo desses anos, perdeu a classe média e a densidade no Congresso, mas há uma análise equivocada dos 43 milhões de votos recebidos este ano, o PSDB já está recuperando esses votos de classe média. Quando eu comecei na política, o PMDB era o partido das áreas urbanas e desenvolvidas e o PFL era o partido dos chamados grotões. O caminho se inverteu. O PT está hoje onde era o PFL, o PT está nos chamados grotões, e o PSDB está recuperando os grandes centros urbanos. O PFL foi posto pra fora desses redutos e ficou sem lugar nenhum.

Valor: José Serra diz que nunca viu eleitores tão furiosos por terem perdido a eleição, apaixonados, teriam sido 43 milhões de votos na oposição mesmo, que existe apesar da propaganda em contrário.

Tasso: Era gente que ficou petista lá atrás e hoje não está mais, está voltando. O PT vendia ética e moralidade e perdeu esse discurso. E nós temos que voltar a ter também. O PSDB perdeu a liderança simbólica dessas questões para o PT lá atrás. Mas o PT não é mais o partido da moral e da ética de que a classe média gosta. E nós estamos entrando e recuperando esse espaço. Agora, a gente precisa ter um discurso para a frente. Como vamos acabar com a falta de ética? Vamos acabar por intermédio do Orçamento impositivo, profissionalização, pacto federativo, diminuição de cargos em comissão, defendendo de uma maneira muito clara nosso entendimento do que é o papel do Estado na economia, defendendo nossa privatização – que foi um sucesso e foi demonizada.

Valor: O senhor deverá integrar um conselho que vai discutir a refundação do partido. Essa será a linha do novo PSDB?

Tasso: Estou falando por mim e não pelo partido. Mas é onde eu gostaria de trabalhar. Nessas discussões.

Valor: Qual vai ser o papel do Aécio Neves no PSDB dos novos tempos?

Tasso: A liderança nacional do partido naturalmente é do Aécio. Ele não tem a menor necessidade de ser líder no Senado ou presidente do partido. Quem representa hoje a nossa expectativa de poder, do Acre a Uruguaiana, no Rio Grande do sul, a Minas Gerais e Mato Grosso, é o Aécio. Isso vai torná-lo a liderança natural do partido.

Valor: Então ele já é o candidato a presidente em 2014?

Tasso: Não digo que ele seja o candidato a presidente. Quatro anos é muita coisa.

Valor: O senhor acha que o partido tem que começar agora a trabalhar um nome?

Tasso: O partido tem que começar a discutir essas ideias, construir nosso projeto, levar essas ideias principalmente para a classe média urbana, começar a se reestruturar na sua capilaridade. Agora, o mais importante é o discurso: ter um discurso afinado, homogêneo e que seja orgulhoso da nossa história.

Valor: A divisão entre paulistas e mineiros não dificulta essa recuperação?

Tasso: Não tem isso. Alckmin se dá muito bem com Aécio. O Serra e o Fernando Henrique são dois ‘hors concours’, que têm um papel importantíssimo. São intelectuais brilhantes. São fundamentais na reconstrução do nosso discurso e da nossa visão.

Valor: O senhor rejeita voltar a presidir o partido?

Tasso: Isso tem que ser visto com muito cuidado. Eu tive uma vida de quase 30 anos muito ativa na política e tem certas coisas que eu não tenho mais vocação para fazer. Não tenho mais a mesma vontade necessária para rodar de Estado em Estado, resolver brigas de diretórios municipais, estaduais, dirimir conflitos.

Valor: O presidente de um partido tem que fazer isso?

Tasso: É só o que faz.

Valor: O senhor atribui sua derrota na disputa da reeleição ao Lula, que foi aos Estados objetivamente trabalhar contra os senadores de oposição?

Tasso: Só ao Lula, não. O que havia na política cearense? O PSB no governo estadual, o PT no governo municipal e o PT no governo federal. E o PT não vê oposição como adversário político. Vê como inimigo a ser aniquilado. Ou coopta ou aniquila. No momento em que o governo estadual também assumiu essa posição, praticamente não tivemos partidos para ficar com a gente. Eu não tinha nada a oferecer, nenhuma perspectiva de poder. Além do mais, tinha uma campanha maciça de televisão e o telemarketing com a voz do Lula. No Brasil não havia uma lei que proibisse, mas havia uma certa praxe, certa convenção de que isso não acontecia. Eu nunca vi nenhum presidente da República fazendo isso. Uma praxe que foi quebrada.

Valor: Suas empresas foram afetadas por sua ausência todos esses anos?

Tasso: Meus negócios são de porte mediano, não têm uma estrutura profissional que anda só. Se você não está presente no dia a dia, eles [os negócios] não têm o mesmo dinamismo que teriam com o principal acionista focado lá dentro. Não sou nenhum Bradesco, nenhum Ermírio de Moraes, nenhum Eike Batista. Mas, por outro lado, digo que não tive prejuízo porque, se voltar como pretendo, para a empresa, duvido que tenha algum empresário que conheça o Brasil, as diferentes nuances do Brasil na sua região.

Valor: Atribui-se a Lula sua derrota. Em compensação, dizem que nunca houve governo melhor para os empresários. Então, o senhor foi atingido por um lado mas ganhou por outro?

Tasso: Pena que eu não fosse banqueiro [risos], porque eu teria ganho mais.

Valor: Os empresários ganharam ou não?

Tasso: Ganharam, mas alguns empresários ganharam muito mais, porque estamos voltando ao velho capitalismo de compadrio. Empresas e grupos são alavancados de maneira excepcional e desproporcional em função de bons acessos ao governo, principalmente ao BNDES. Tem grupos escolhidos pelo governo para serem mais privilegiados. O BNDES virou o grande patrocinador daqueles que vão ser fortes. E o critério é ser amigo do rei. Estamos voltando ao capitalismo de compadrio, que é um retrocesso gravíssimo no país. É um filme já visto. A grande modernização que nós quisemos fazer foi justamente essa. Quando se fala em neocapitalismo não é nada disso. É voltar ao velho capitalismo em que o Estado é que patrocina o capitalista. Esses sistemas de construção de navios são totalmente patrocinados pelo Estado a grupos escolhidos.

Valor: Senador, um pouco de política cearense, criador e criatura, vamos falar de sua relação com Ciro Gomes…

Tasso: Não consigo dar uma entrevista sem falar de Ciro.

Valor: Há um rompimento de fato desta vez?

Tasso: Não acredito e não tenho mais nada a ver com o tipo de política, com o entendimento do que é política, que os irmãos Gomes têm. Sou completamente diferente deles hoje.

Valor: O senhor vai liderar a oposição ao governo Cid Gomes?

Tasso: O PSDB tem que ir para a oposição no Estado. E existem muitos jovens aparecendo no partido, aos quais vou ajudar e dar suporte necessário para fazer uma oposição efetiva ao governo, que a meu ver tem retrocessos profundos.

Valor: Como o senhor vê a aproximação de Aécio Neves do PSB, partido de Ciro e Cid?

Tasso: O PSB do Ceará está a léguas do que pensamos e fazemos. Mas tem no quadro nacional figuras próximas de nós e muito próximas do Aécio. Não vai ser uma circunstância local que vai impedir uma coisa maior, se isso for possível ou viável.

Valor: Aécio Neves diz que a oposição ao governo Dilma tem que ser propositiva e qualificada. O que significa isso?

Tasso: A oposição não tem que ser rancorosa, do quanto pior melhor, mas tem que ser firme. E sem receio de falar o que tem que ser falado. Durante os primeiros anos do governo Lula, criticar Lula era complicado por causa do patrulhamento. Diziam que era preconceito. A gente tinha que pensar dez vezes para fazer uma crítica que faria tranquilamente a outro presidente.

Valor: Com Dilma não haverá novamente o recurso ao preconceito, desta vez por ser mulher?

Tasso: Acho que a Dilma não entra tão protegida dessas coisas quanto o Lula. Como ela vem do governo Lula, já foi atacada de diversas formas. E nem simboliza “a” mulher. Na campanha do Geraldo Alckmin de 2006, quando houve aquele episódio dos aloprados, a gente ouvia nos comícios: ‘é tudo igual, ficamos com Lula porque pelo menos é um de nós’. Era essa visão. A Dilma não é ‘uma de nós’ para as mulheres. Ela não tem o carisma do Lula.

Valor: Quem perde com a troca de Lula por Dilma?

Tasso: Os sindicatos, com certeza. Pelo que ela está falando depois das eleições, acho que ela vai ter um governo menos político. Se você observar a área econômica, ela tirou o Henrique Meirelles e colocou o Alexandre Tombini, que é mais técnico do que o Meirelles. O próprio Guido Mantega tem características técnicas e o Luciano Coutinho é um técnico. Nenhum dos três tem gosto pela política nem a característica de fazer alguma concessão por aí.

Valor: Qual a sua expectativa em relação ao governo Dilma?

Tasso: Para ser sincero, algumas das primeiras declarações dela estão bem melhores do que eu pensava. Ela está me passando ter muito mais bom senso, equilíbrio, do que o Lula. Não sei se isso é uma interpretação verdadeira para mais adiante, mas, se for, fico muito mais tranquilo com a Dilma para mais quatro anos do que com o Lula


Fonte: Raquel Ulhôa e Rosângela Bittar – Valor Econômico

Época 100 – Aécio Neves e Antonio Anastasia estão entre os brasileiros mais influentes de 2010



ÉPOCA 100 – Os brasileiros mais influentes de 2010 – Aécio Neves

Líderes, construtores, heróis e artistas: confira quem, do país, exerce mais influência
Qualquer um que queira entender as transformações por que o Brasil vem passando deve olhar com cuidado para a lista que publicamos nas próximas páginas. Nelas estão 100 pessoas que se destacaram pelo exercício do poder, pela construção de um projeto, pela inspiração, pelo talento. Por meio de seus perfis, é possível entender melhor os caminhos, as apostas, os desafios do país.

Este é o quarto ano em que publicamos a lista –

e produzi-la é uma tarefa árdua. O trabalho envolveu praticamente toda a redação de ÉPOCA, com a valiosa colaboração de milhares de leitores (que fizeram suas indicações pelo site) e de especialistas nas diversas áreas. Para escrever os perfis, convidamos 99 personalidades (um dos textos é sobre um casal) que tivessem afinidade com o homenageado ou com a área. São a garantia de fornecer a você, leitor, um olhar privilegiado, diverso, atual sobre nossa realidade.

Líderes
Quem são os líderes mais influentes de 2010

As 100 pessoas que se destacaram em 2010 pelo exercício do poder, pela construção de um projeto, pela inspiração, pelo talento, foram classificadas em quatro grupos: líderes, construtores, heróis e artistas. Por meio de seus perfis, é possível entender melhor os caminhos, as apostas, os desafios do país.

Aécio Neves

O grande vencedor da oposição elegeu o sucessor em Minas e terá no Senado uma poderosa tribuna nacional

Admiro o senador Aécio Neves por sua liderança, capacidade administrativa, habilidade política e sensibilidade, que é muito forte. É um político extremamente carismático. Eu o acompanhei durante estes oito anos, como secretário de Estado e depois como vice-governador, e mais intensamente agora, nacampanha eleitoral de 2010

em Minas Gerais.

Percorremos juntos todo o Estado por duas vezes, neste ano. A primeira, no primeiro turno, na campanha que resultaria em minha eleição para o governo do Estado e na de Itamar Franco e do próprio Aécio para o Senado. Depois, no segundo turno, com o candidato à Presidência José Serra. Nós percebemos no governador Aécio, na relação que tem com as pessoas, uma força extraordinária: é naturalmente uma pessoa bem-humorada, de bem com a vida. É muito bom conviver com ele. É um líder único, pois conjuga capacidade de gestão e habilidade política, sempre atento às necessidades da população e das pes

soas mais carentes.

Por Antonio Anastasia - Governador eleito

(PSDB) de Minas Gerais


ÉPOCA 100 – Os brasileiros mais influentes de 2010 – Antonio Anastasia


mago da gestão pública de Minas Gerais triunfa nas urnas e alça voo na política

Uma semana após a eleição de Aécio Neves para seu primeiro mandato de governador, em 2001, recebemos, eu e o professor José Godoy, a visita do professor Antonio Anastasia. Ele chegou lá pelas 5 horas da tarde e ficamos conversando até as 9 da noite. Ali, juntos, traçamos o que poderia ser feito de nossa parte para ajudar a resolver o problema de 12% de déficit do Estado de Minas Gerais. Combinamos também como participaríamos da transição.

Sob a liderança de Anastasia, então secretário de Planejamento e Gestão, trabalhamos duro, enfrentando muitas dificuldades. Um ano e meio depois, ogovernador Aécio Neves nos convidou e aos empresários patrocinadores para um almoço no Palácio das Mangabeiras quando, de surpresa, anunciou o tão almejado equilíbrio fiscal. Foi uma festa! Mal sabíamos nós que se iniciava naquela hora um movimento muito positivo no Brasil de engajamento dos políticos na linha da gestão, pelo exemplo de Minas Gerais.

Nós, brasileiros, devemos isso ao governo do Aécio Nevese em particular ao trabalho firme, entusiasmante e dedicado de nosso amigo Antonio Anastasia.

Por Vicente Falconi - Professor, consultor de grandes grupos empresariais brasileiros e orientador técnico do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG)


Fonte: Revista Época