sábado, 28 de maio de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

MP-512 – Jequitinhonha e Mucuri sem incentivos: mineiros se decepcionam com decisão de Dilma Rousseff

Em dívida com Minas

Fonte: editorial – Estado de Minas

Presidente veta inclusão de áreas do estado em incentivos industriais

Foi com decepção que os mineiros receberam a decisão da presidente Dilma Rousseff de vetar a inclusão dos municípios do Norte do estado e dos vales do Jequitinhonha e Mucuri nas áreas beneficiadas porincentivos fiscais destinadas a atrair empresas do setor automotivo. Já não tinha sido nada favorável a Minas a edição da Medida Provisória (MP) 512, em novembro, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como parte de uma estratégia montada em sigilo para facilitar a instalação em Suape, Região Metropolitana de Recife (PE) da segunda montadora brasileira da Fiat, com investimentos de R$ 3 bilhões. O prazo previsto na MP para a apresentação de projetos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, depois de uma primeira prorrogação, se encerrou sexta-feira, sem que qualquer liderança política ou empresarial de Minas se fizesse ouvir e, pior ainda, sem que uma importante alteração no texto original, aprovado no Senado Federal, fosse acolhida pela presidente.

Essa alteração era a grande esperança de investimentos e geração de empregos naquelas regiões. Por iniciativa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) os 165 municípios das três regiões, as mais pobres do estado, foram incluídos na área beneficiada pela MP 512, desde que fossem apresentados projetos industriais de automóveis ou de autopeças até 20 de maio. Como o prazo era exíguo para a atração, negociação e decisão das empresas interessadas em aproveitar a vantagem fiscal, o que as lideranças empresariais e políticas de Minas reivindicavam era que se estendesse esse prazo até o fim do ano, o que deveria ser objeto de uma outra medida provisória. Mas Minas não mereceu essa atenção. A presidente simplesmente vetou a emenda aprovada pelos senadores, barrando definitivamente a inclusão do Norte de Minas, do Jequitinhonha e do Mucuri como áreas que poderiam ter investimentos incentivados. Essa teria sido uma compensação, não apenas por ter ajudado uma empresa com sede e faturamento em Minas a investir pesado em Pernambuco, como para décadas de evidente má vontade do governo federal com Minas.

Mineira de Belo Horizonte, não será necessário apresentar as virtudes e as mazelas de Minas a Dilma Rousseff. Foi, aliás, nos palanques das várias regiões mineiras que ela mais subiu para pedir votos. Ela conhece muito bem o descaso que há muitos anos produz mortos e feridos na maior malha rodoviária federal do país, enlutando milhares de famílias e confrontando nossa capacidade de articulação política. Sabe dos compromissos não cumpridos pelo programa de investimentos da Petrobras, assim como não desconhece a precariedade e a falta de empenho da União para com o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, apenas para citar alguns maus-tratos mais recentes. A presidente também sabe que os mineiros não desconhecem a atual fase de contenção de gastos, tendo em vista o equilíbrio das contas da União, atitude que aplaudem, na expectativa de breve retomada dos investimentos federais. Sabe também que os mineiros confiam e contam com compensações justas e compatíveis com a importância do estado. Mas a presidente sabe que, por enquanto, está em dívida com Minas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

PSDB faz ofensiva e avança nas negociações pela candidatura própria à Prefeitura de Belo Horizonte

Tucanos ensaiam voo solo em BH

Fonte: Juliana Cipriani – Estado de Minas

PARTIDOS
Executiva Municipal do PSDB convoca reunião de emergência e articula candidatura própria para a prefeitura da capital mineira

O PSDB está fazendo uma ofensiva e avança nas negociações pela candidatura própria à Prefeitura de Belo Horizonte. Cansados de esperar por sinalização do prefeito Marcio Lacerda (PSB) sobre uma possível aliança para a reeleição do socialista, os tucanos estão intensificando as conversas com os possíveis aliados. A Executiva Municipal do partido convocou uma reunião de emergência para segunda-feira para tentar acertar os rumos nas eleições de 2012. Por enquanto, cresce a articulação pela candidatura do deputado federal Rodrigo de Castro.

Depois da manifestação de lideranças municipais em prol da candidatura própria tucana, o partido adiantou as conversas para ampliar a base de apoio. Conseguiu a adesão do PR. Em conversa com o presidente do PSDB de BH, deputado estadual João Leite, o presidente do PR, Leonardo Portela, garantiu que o partido caminhará com os tucanos, independentemente das circunstâncias.

O dirigente já havia conversado com o presidente do PMDB municipal, deputado federal Leonardo Quintão, que chegou a ofertar a vaga de vice na chapa, mas não houve resposta. “Ouvimos honrados o convite, mas a gente tem hoje um caminho mais estreito e compartilha a visão de mundo com o PSDB. Os projetos do PR hoje são os mesmos do PSDB”, afirmou Leonardo Portela.

Um dos assuntos da reunião da Executiva será um possível acordo com o PRB, partido da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff (PT). O partido estuda uma aliança que envolveria Belo Horizonte e Contagem, na Região Metropolitana de BH. Em Contagem, o deputado federal George Hilton (PRB) deve ser candidato a prefeito. Em uma eventual aliança, Hilton seria apoiado pelos tucanos em sua candidatura e, em troca, o partido caminharia com a candidatura do PSDB. Também nesta semana, João Leite se reuniu com o vice-presidente nacional do PSC, Everaldo Dias Pereira, e acertou a adesão.

As próximas conversas serão com PPS e DEM. A convocação para uma reunião emergencial foi feita diante das investidas dos partidos, que querem uma definição dos tucanos. De acordo com o deputado João Leite, o maior interesse da legenda atualmente é pela candidatura própria. As articulações seguem diante da inércia do prefeito, que até agora não se posicionou sobre a reedição da aliança que o elegeu em 2008. “Estamos conversando com todo mundo. Ele (Marcio Lacerda) não nos convidou, então, naquilo que interessar para a gente, vamos construindo um caminho”, disse.

Ainda segundo o tucano, o PSDB somente deve mudar de posição se isso for interessante para alavancar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência em 2014. “O desejo do partido hoje é pela candidatura própria, só vamos mudar se isso for melhor para o nosso projeto nacional”, disse.

Interior de Minas recupera dinamismo na geração de emprego

Interior mostra força

Fonte: Marta Vieira e Paula Takahashi

OPORTUNIDADES
Depois de sofrer mais com a crise de 2009, cidades que ficam fora da Região Metropolitana de BH recuperam dinamismo. Saldo de vagas criadas entre janeiro e abril já passa de 42 mil


O interior de Minas Gerais recuperou dinamismo de janeiro a abril e com um saldo de 42.089 empregos voltou a gerar mais oportunidades no mercado de trabalho que a Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Grande BH apresentou resultado de 35.461 vagas além das dispensas no período, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Em 2009, o interior saiu sacrificado do impacto da crise financeira mundial, com um saldo negativo de 9.898 vagas, em boa parte influenciado pelo corte na produção das indústrias mineral e metalúrgica. O entorno da capital sofreu menos, mantendo saldo muito baixo de 635 empregos, ainda assim positivo. Em 12 meses encerrados em abril, no entanto, o interior vive uma disputa apertada: os saldos são, respectivamente, de 102.554 ante as 106.396 vagas da região metropolitana.

A capacidade de criação de empregos está essencialmente ligada à dinâmica da economia e à atração de investimentos, fatores pesados na Grande BH e que compõem uma estrutura que não muda em curto espaço de tempo, avalia Antônio Braz de Oliveira e Silva, analista do escritório mineiro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “São mudanças relativamente lentas. O melhor para a economia, de fato, seria que o interior começasse a responder pela maior parte do emprego no estado porque assim os polos de dinamismo e crescimento estariam mais bem distribuídos”, afirma.

Braz Silva observa que outro benefício do avanço do interior seria a melhor distribuição da população e dos rendimentos. A concentração da atividade econômica e dos postos de trabalho na Grande BH impressiona quando analisada à luz do tamanho da população. Tomando como base o censo do IBGE de 2010, a região metropolitana da capital mineira abriga 27,6% dos 19,597 milhões de habitantes de Minas, ou seja, 5,414 milhões de pessoas. Na geração de empregos, a Grande BH participou com 50,8%, portanto mais da metade do saldo de empregos medido nos últimos 12 meses até abril.

TENDÊNCIA Até mesmo dentro da região metropolitana a concentração é observada na capital. A cidade dá emprego a 71% dos 2,219 milhões de pessoas que estavam trabalhando em março na Grande BH, de acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego feita pela Fundação João Pinheiro, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Secretaria de Estado do Trabalho. Plínio Campos Souza, coordenador da pesquisa pela fundação mineira, acredita numa tendência de aumento do dinamismo da economia, com manutenção da boa performance do setor de serviços e da construção civil.

“Se não ocorrer nenhuma catástrofe na economia internacional, a taxa de desemprego deverá encerrar este ano como a mais baixa da nossa série histórica (desde 1996)”, afirma. A proporção de desempregados na Grande BH em 2010 foi de 8,4%, menor taxa já registrada. Na capital, praticamente todos os setores contribuem fortemente para a geração de empregos, inclusive a indústria. O crescimento do segmento deu a chance que Gilmar Alves Teixeira, de 30 anos, esperava para encarar novos desafios além do trabalho como faxineiro numa conservadora.

Gilmar conquistou o primeiro emprego na indústria em julho do ano passado como carregador da área de remessas da fábrica da Coca-Cola Femsa em BH. Depois de completar seis meses no cargo, já abriu novas possibilidades, ao concluir o curso de operador de empilhadeira. “Eu queria mudar de ramo porque buscava oportunidades de aprender e vencer desafios”, conta. Ele procurou trabalho durante dois meses e nesse tempo observou uma oferta maior de vagas na cidade.

DESAFIO O secretário de Estado do Trabalho, Carlos Pimenta, diz que o governo está envolvido num esforço conjunto para atrair investimentos com grande capacidade de gerar vagas e qualificar o maior número possível de trabalhadores. Em 2010, a rede do Sistema Nacional de Emprego (Sine), gerida pelo estado, com 121 postos em Minas, captou 222 mil vagas, mas não passou de 101 mil o número de trabalhadores colocados no mercado por meio do Sine. “As causas principais são a baixa qualificação e a falta de estrutura do Sine”, diz.

Segundo Pimenta, todo o sistema da rede está sendo uniformizado e o pessoal das agências passa por reciclagem para melhorar a eficiência dos serviços. O governo trabalha com a meta de elevar a 70% até o fim de dezembro o nível de colocação dos trabalhadores que procurarem emprego na rede. Serão implantadas 24 unidades do Sine este ano, além de dois postos móveis.