quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O dito e o não dito


Antônio Machado
Sociólogo e professor (UFMG) - professor_ machado@hotmail.com

A marolinha de Luiz Inácio vai se transformando, gradativamente, em pesada turbulência. As demissões anunciadas a cada dia que passa vão configurando um quadro de negras perspectivas para o futuro dos trabalhadores. Luiz Inácio, no entanto, inimigo contumaz do trabalho produtivo, insiste em permanecer nos palanques armados em todos os grotões do Brasil afora.
Vai ser inaugurada uma máquina de cortar salame em humilde creche no cafundó do Judas? Vai começar o criatório de tilápias em dois tanquezinhos num açude remoto do vasto Nordeste? Outra obra virtual será inaugurada, melhor dizendo, uma placa mambembe anunciando o começo de uma estrada que nunca sairá do papel?
Pois bem, em qualquer uma das hipóteses lá estará o rei da preguiça puxando pela mão a esquisita candidata que ele quer fazer sua sucessora. A realidade, entretanto, é mais forte que as mistificações lulescas.
Ainda recentemente, a Embraer anunciou a demissão de grande número de empregados. Luiz Inácio, fingindo-se indignado, torna público o seu desagrado aparente e, mais ainda, mostra-se surpreso com o insólito da medida.
É secundado por protestos dos altos dirigentes da CUT, que denunciam o comportamento daquela empresa aeronáutica ansiosos por se verem reconhecidos como defensores dos trabalhadores.
Esquecem de dizer, no entanto, que os companheiros do PT e da CUT estão entre os maiores acionistas e controladores da Embraer. Poderosos fundos de pensão que eles dominam (a começar pela Previ do Banco do Brasil) garantem à companheirada a ocupação de quatro cadeiras no Conselho de Administração, duas vice-presidências e três titularidades do estratégico Conselho Fiscal da Embraer. Isto sem falar nas complexas participações cruzadas em fundos de investimento de nomes exóticos, cuja compreensão adequada sobre seu poder só está ao alcance de sábios e iluminados.
A Embraer é apenas um exemplo dessa promiscuidade do petismo com os grandes interesses empresariais e o mundo das altas finanças. Todas as grandes empresas nacionais, aliás, principalmente as privatizadas, têm no seu controle os gulosos patrícios do PT. Essa gente poderia, ao menos, informar o "inocente" presidente Luiz Inácio sobre essas realidades e de como eles têm participado das infelizes e antissociais decisões.
Ficaríamos, assim, livres de ouvir as lorotas presidenciais e poderíamos, então, melhor qualificar o sentido do comportamento político desses amantes do mensalão. Similar àquela "nova classe" surgida no período stalinista (conforme Djilas), a nova classe dos controladores dos fundos de pensão forjada no lulo-petismo vai se constituindo como o pilar de sustentação do bloco de poder que comanda o Brasil de hoje: essa implausível, mas real, aliança da mais retrógrada oligarquia nordestina com financistas e agiotas que não se cansam nunca de nos espoliar.
"Só uma observação professor, que artigo perfeito"
Reinaldinho.

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