quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Debandada na Câmara de BH



Se depender da disposição dos vereadores de Belo Horizonte, a Câmara Municipal pode passar por grande renovação das cadeiras no meio do atual mandato. Entre conversas de bastidores, articulações com apoiadores políticos e teses de candidaturas para viabilizar estratégias partidárias, já chega a 26 o número de parlamentares da Casa que pretendem ascender na carreira. Há quem fale até em dobradinhas com atuais deputados para conquistar a nova vaga. Os pretensos aspirantes a espaço na Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados ou Senado são 63,4% dos 41 integrantes. Embora nem todos tenham definido a própria situação, as sondagens entre as bases e partidos estão a todo vapor.

Pelas conversas de corredor e listagens improvisadas entre os vereadores, o número seria maior, chegando a 30, mas, quando o assunto é assumir a pré-candidatura, alguns preferem deixar a possibilidade no ar. Até meados de agosto, as apostas eram em 20 nomes. O crescente número de vereadores candidatos ocorre porque para concorrer eles não precisam abrir mão da atual vaga, conquistada em 2008. Fato é que enquanto muitos usam o mandato municipal para chegar a postos mais altos, outros usam a disputa por cargos federais ou estaduais para ganhar mais visibilidade e garantir a própria permanência na Câmara Municipal num próximo pleito.

A tarefa é árdua. Pelas contas dos próprios vereadores, seria preciso passar de votações em torno de 6 mil a pouco mais de 10 mil para a casa dos 30 mil. Isso em partidos nanicos. Nos grandes, a projeção vai para cerca de 50 mil. O vereador Henrique Braga (PSDB) aguarda o aval das lideranças que o apoiam para decidir o seu destino. A intenção, se houver sustentação, é disputar um mandato de deputado federal. O mesmo diz Wellington Magalhães (PMN), que pretende tentar vaga de deputado estadual. “Estamos tentando acordos com prefeitos e vereadores do interior e, se conseguirmos fechar um grupo bom de apoiadores, serei candidato”, disse.

Para os vereadores Luis Tibé (PTdoB), Autair Gomes (PSC) e Geraldo Félix (PMDB), a questão partidária fala mais alto. Eles dizem que as possíveis candidaturas estão sendo definidas pelas legendas e seriam para fortalecer as bancadas, mas não deixam de fazer contas para a nova empreitada. Tibé pode tentar uma vaga de deputado federal e Autair Gomes, ao Senado. Este último avalia ser necessário passar de uma votação de cerca de 9 mil para 3 milhões. “No ano que vem, serão duas vagas, são muitos votos, mas a população tem menos opções também, em uma disputa com cinco ou seis candidatos. Fica mais fácil chegar perto do povo por meio da mídia”, afirmou, reforçando que não há nenhum senador do segmento evangélico mineiro.

Já Geraldo Félix pode tentar vagas de deputado estadual, federal ou suplente de senador. “Sou um soldado do partido e, se convocado, eu vou. Quem sabe Deus ilumina as mentes do meu partido e eu posso ser candidato a suplente de senador. Tenho quatro faculdades e sou bem- intencionado”, afirma. Ainda no time das dúvidas está Iran Barbosa (PMDB), que concorrerá se o pai, deputado estadual Irani Barbosa, não tentar a reeleição.

Divino Pereira (PMN) espera a posição do partido. Se o presidente Walter Tosta for candidato a deputado federal, ele concorrerá à Assembleia. Pablito (PTC) diz que ainda não definiu, mas se for se candidatar, será a uma vaga em Brasília. “Não tem essa coisa de escala, tanta gente já sai direito para deputado. Estou conversando com meu grupo de apoio porque, partindo para uma candidatura, é com o objetivo de ser vitorioso”, disse. Outro que depende de análises de viabilidade eleitoral é Sérgio Fernando (PHS).

DE OLHO EM DOBRADINHA

A Casa tem também os mais otimistas, que, como o estreante Edinho do Açougue (PTdoB), já se articulam mais abertamente para ampliar os votos e ganhar uma vaga. Ele tenta pela primeira vez o mandato estadual. “É um trabalho mais amplo, mas tem um deputado com o qual vou trabalhar fazendo dobradinha”, disse. O vereador Mohamed Rachid (PDT) é outro que, apesar de precisar de cerca de 50 mil votos, está animado. “Diga aos outros que são 76 vagas, porque uma já é minha.”

O vereador Cabo Júlio (PMDB), ex-deputado federal, também diz ter boas perspectivas. “Na última eleição, não entrei por causa da legenda. Este ano tenho viajado muito e mantido contato com minhas bases no interior”, disse. Condenado em primeira instância no caso da máfia dos sanguessugas, ele só será candidato se o projeto da Ficha-Limpa não prosperar no Congresso.

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