Fonte: Estadão
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO -
Rachaduras nas paredes, problemas de esgoto e vazamento de água de chuva – e,
para Ministério Público Federal e Polícia Federal, denúncias de
superfaturamento são alguns dos desafios das 2.491 residências construídas pelo
Minha Casa Minha Vida no Residencial Parque Nova Esperança, em São José do Rio
Preto, interior paulista.
Entregues há mais de dois
anos pela presidente Dilma Rousseff, as casas custaram R$ 109 milhões. Foram
dadas por prontas sem revestimento no piso e sem muro entre os terrenos – que
os próprios moradores tiveram de construir. Em muitas delas, as pias racharam e
surgiram problemas de infiltração. A Caixa Econômica e a construtora Haus,
responsável pela obra, reformaram algumas unidades mas os problemas continuam
em outras.
"Já cansamos de
reclamar. Quando o tempo fecha temos um medo danado", diz a moradora
Tatiane Gomes de Paula, mostrando um colchão manchado por água de chuva.
"Perdi a cama da minha filha, tive de comprar outra. Acho que há problemas
de estrutura na fixação do telhado", acrescenta. Outros moradores também
se queixam do mesmo problema. Em agosto de 2013, muitos deles tiveram de cobrir
o telhado com lonas plásticas. "Ainda tem casas com lonas até hoje",
conta Tatiane.
Mas os problemas vão além.
Entupimento da canalização do esgoto, pias quebradas, paredes rachadas,
aquecedores danificados. "Tive de comprar outra pia, por R$ 650,00. Agora
o forro do banheiro caiu. As telhas não têm encaixe, são só colocadas uma em
cima da outra", diz o bombeiro Anderson Carneiro Lacerda.
Investigação. A Polícia
Federal enviou ao Tribunal de Contas da União o contrato entre a Haus
Construções e a Caixa Econômica para saber se há irregularidades – como
superfaturamento e pagamento de propinas a autoridades.
O dono da ATL Premium, que
fez a prospecção da área, Alcides Barbosa, afirmou que sua empresa receberia R$
4,2 milhões para prestar serviços à Haus, mas que parte desse dinheiro, R$ 2,7
milhões, teria sido destinada ao prefeito.
A PF apura a denúncia para
saber se o contrato teria servido de fachada para desvio de recursos públicos.
Em seus depoimentos, tanto o prefeito Lopes como o representante da construtora
Haus negaram as acusações do empresário.
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