Retomada. Investimentos previstos até 2014, a maioria em Minas Gerais, irão gerar milhares de empregos
Setor mineral vai investir US$ 54 bilhões – Preço do minério em alta reativa setor, e desengaveta antigos projetos
Passada a crise econômica mundial, que afetou duramente a mineração no final de 2008 e 2009, o setor, além de se recuperar, a cada dia dá sinais mais fortes de aquecimento. Essa linha ascendente é percebida desde abril do ano passado, quando o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) divulgou a previsão de que os investimentos no setor mineral no Brasil entre 2009 e 2013 seriam de US$ 47 bilhões. Em janeiro deste ano, esses números subiram para US$ 49 bilhões e, agora, o montante previsto até 2014 já chega a US$ 54 bilhões.
Como não poderia deixar de ser, em Minas Gerais, o maior Estado minerador brasileiro, os investimentos em expansão de novas plantas são esperados em diversas cidades, por diferentes mineradoras, gerando empregos, renda e desenvolvimento para os municípios.
A valorização do minério foi tamanha que, segundo o presidente da Sindicato Metabase de Itabira e Região, Paulo Soares, na última negociação realizada pela Vale com as siderúrgicas, o insumo foi vendido entre 92% a 114% mais caro do que a “safra” anterior. “Tem sido uma queda de braço negociar com a Vale, que tem jogado pesado, apoiada na grande valorização da commodity”, observa Soares, exemplificando que no ano 2000 a tonelada do minério de ferro era vendida a US$ 19 e, hoje, custa US$ 141.
Por isso, segundo Soares, é preciso que a maior mineradora do país devido o seu alto ganho, invista na geração de empregos e no desenvolvimento não apenas no município, como também em todo o Estado. “A estimativa de lucro da Vale é de R$ 35 bilhões neste ano. É preciso compartilhar isso”, acredita Soares, que preside o sindicato na região onde encontra-se as minas da Conceição e Cauê, que juntas formam o segundo maior complexo minerador da companhia, atrás apenas da mina de Carajás no Pará.
Para o presidente do Metabase, aos poucos a Vale está retomando os seus negócios nos moldes que antecederam a crise econômica. Tanto que das cerca de duas mil pessoas que foram demitidas pela companhia na região na época, aproximadamente 70% delas já foram recontratadas. “As minas aqui na região já operam com a capacidade de produção de 44 milhões de toneladas e, em novembro, a expectativa é de chegarem à produção máxima que é de 52 milhões de toneladas”, acredita Soares.
A Vale confirma o aumento de investimentos em Minas Gerais. A empresa já anunciou que existem projetos para a implantação e expansão de minas e usinas de beneficiamento de minério de ferro no Estado, que envolverão um montante de R$ 9,4 bilhões, gerando cerca de 9.930 empregos diretos e indiretos durante o período de construção. Os projetos abrangem sete municípios: Itabira, Itabirito, Barão de Cocais, Caeté, Raposos, Rio Acima e Santa Bárbara. Os recursos estão distribuídos em três empreendimentos: a mina Apolo e as usinas Conceição-Itabiritos e Vargem Grande-Itabiritos.
Após a implantação dos projetos, a operação vai gerar outros 2.200 empregos aproximadamente, aumentando a produção de minério de ferro da Vale em Minas Gerais em 46 milhões de toneladas por ano.
A companhia já assinou o protocolo de intenções com o governo do Estado para esses projetos que, somados os recursos, representam o segundo maior investimento da Vale em Minas Gerais, atrás apenas da implantação da mina de Brucutu localizada em São Gonçalo do Rio Abaixo, na região central do Estado, em 2006.
Samarco
Mineradora investe R$ 2,5 bi em MGA Samarco também anunciou mais investimentos na área. O Projeto Quarta Pelotização (P4P), que está em fase de viabilidade, quando concluído no final deste ano, será levado para a provação de acionistas. Seu escopo prevê investimentos de R$ 5 bilhões, sendo que R$ 2,5 bilhões serão investidos em Minas. No Estado, o projeto contempla a construção de um terceiro concentrador da unidade Germano, em Ouro Preto e Mariana e a implantação e um terceiro mineroduto com cerca de 400 km de extensão instalado paralelo aos dois já existentes ligando Germano à unidade de pelotização de Ubu, no Espírito do Santo – passando por 25 municípios. (TS)
Minas de aço
Siderúrgica investe em mineração visando preçoPara se tornarem mais competitivas e visando ficarem menos reféns dos preços impostos pelas mineradoras, as siderúrgicas têm investido na compra de minas. Em junho desde ano foi criada Mineração Usiminas, por meio da cisão dos ativos minerários e logísticos da Usiminas e da entrada da Sumitomo Corporation como sócia. A empresa nasceu com um valor de mercado de US$ 6,4 bilhões, no qual a Usiminas detêm 70% de participação no capital.
A empresa possui quatro minas em Itatiaiuçu e Brumadinho, entre elas a J. Mendes adquirida há dois anos por cerca de US$ 2 bilhões. Em 2009, as minas da empresa produziram 5,5 milhões de toneladas de minério de ferro e deverão fechar 2010 com 7 milhões de toneladas. O planejamento prevê a ampliação do volume de extração para 29 milhões de toneladas em 2015.
A empresa possui um plano de expansão que prevê investimentos de R$ 4,1 bilhões até 2015, que serão aplicados em projetos de instalações industriais, equipamentos, barragens e terminais de embarque, dentre outros. Esses investimentos proporcionarão a criação de cerca de mil empregos diretos nos próximos anos. “A verticalização da produção é um passo importante que visa garantir a competitividade das operações do grupo em um cenário de alta de preços das matérias primas”, afirma o diretor de Mineração da Usiminas, Wilfred Bruijn. (TS)
Fonte: Teo Scalioni – O Tempo
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