terça-feira, 22 de junho de 2010

Serra critica falta de infraestrtutura, 70% dos investimentos são feitos por estados e municípios – denuncia


Serra: país está estrangulado por infraestrutura

‘A soja de Mato Grosso custa até Santos o mesmo que de lá à China. Não é possível. Não tem cabimento’

Em encontro com líderes rurais em Uberaba (MG), o presidenciável José Serra (PSDB) rechaçou ontem as propagandas do governo Lula sobre investimento em infraestrutura. Segundo Serra, 70% das aplicações governamentais no setor são feitas por estados e municípios. O tucano criticou as condições das rodovias.

- A soja de Mato Grosso custa até Paranaguá ou Santos o mesmo que de lá à China. Não é possível. Não tem cabimento.

Estamos estrangulados por infraestrutura, reflexo do baixo investimento governamental, mas também de política errada de concessões de serviços públicos, começando pelas estradas.

O tucano criticou o sistema atual de reforma agrária e a falta de políticas agressivas do governo Lula para derrubar barreiras sanitárias. Serra discursou em palanque e se intitulou o candidato da produção.

Reforçou a importância da agropecuária na consolidação do Plano Real e disse que o Brasil não terá desenvolvimento sem o setor produtivo: – E eu, presidente, seria presidente da produção. Sem isso, o país não vai para a frente.

Para o tucano, o atual sistema de reforma agrária é um problema, porque os assentamentos não conseguem produzir.

- Paga uma nota para desapropriar.

Custa R$ 40 mil, R$ 50 mil, R$ 60 mil por família assentada.

Tem cabimento depois ter que manter com uma cesta básica? Nenhum – argumentou, sem perder a chance de alfinetar o MST. – O MST não faz reforma agrária, é um movimento político com gente que não tem ideia do que acontece no meio rural.

Não pode dar dinheiro público para esses movimentos.

Serra rebateu a política externa de Lula. Disse que a taxa cambial está desfavorável ao agronegócio, e censurou o governo por não ser agressivo na derrubada de barreiras sanitárias ou na defesa do produto nacional: – Não tem política. Nem de defesa comercial, nem de penetração comercial.

Mais cedo, em sabatina do UOL e do jornal “Folha de S. Paulo”, Serra disse que gostaria de fazer, no segundo turno, “tabelinha” com Marina Silva, do PV: – Eu adoraria ser o herdeiro (dos votos do PV), mas a decisão não é minha, é dos eleitores.

Eu até toparia uma tabelinha, mas não acho que a Marina esteja fazendo algum viés, não. Agora, tenho uma proximidade grande com a área ambiental.

Me considero um ambientalista.

Mas não há nenhum tipo de entendimento político.

Serra rasgou elogios ao candidato verde ao governo do Rio, Fernando Gabeira – “é um caso único, tem apoio de todos os candidatos a presidente”. Em duas horas de sabatina, atacou o governo federal e a campanha de Dilma. Sobre privatizações, disse que os rivais fazem terrorismo eleitoral sobre o tema.

- O governo Lula privatizou dois bancos, não reprivatizou nada, e acho que essa questão é mais usada como terrorismo do que como debate. Falar “Serra vai privatizar o Banco do Brasil” é um terrorismo.

O tucano disse apostar as fichas em sua biografia política. E que caberá ao eleitor escolher a partir da história dos candidatos, em crítica velada ao currículo de Dilma na vida pública: – Quem deve dizer isso é o eleitor, que deve julgar a biografia, e não só a biografia familiar.

Mas me refiro à biografia na vida pública, coerência, experiência, o que já sefez.

Serra disse que a escolha do vice ficará para o fim do mês, mas que o assunto não o estressa.

Ele afirmou ainda que até ele tem curiosidade para saber quem será o escolhido: – Também tenho uma enorme curiosidade (sobre o vice), mas até o fim do mês se resolverá.

Essa não tem sido uma questão estressante para mim nem para o PSDB. Como temos o prazo, estamos fazendo uma boa avaliação, que some.

Serra voltou a dizer que Dilma deveria ter pedido desculpas publicamente por causa do suposto dossiê contra os tucanos: – Deveria ter afastado pessoas, pedir desculpas. O que não pode é dizer que o problema é da Receita. O que não pode é também culpar a vítima, o que significa que isso ainda vai continuar.

Acho que ela deveria pedir desculpas, sim. Do tipo: desculpa, nós erramos e estamos tomando as providências.
Fonte: Gisele Barcelos – Flávio Freire – O Globo

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