O
que o atual líder da oposição, Aécio Neves, falava aos quatro cantos há 10
anos, exatamente quando o PT chegava ao poder central, infelizmente, começa a
acontecer: estados e municípios à beira de um colapso pela ausência da
rediscussão do Pacto Federativo.
E isto não precisaria ocorrer se os
presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff não passassem uma década
omissos, já que o governo federal só fez a concentração de recursos aumentar
nas mãos da União e se negou a propor uma reforma tributária que favorecesse o
fortalecimento de estados e municípios.
Enquanto
Aécio Neves levantava a bandeira da “refundação da federação”, onde uma reforma
tributária ampla e irrestrita deveria acontecer de forma urgente a salvar
estados e municípios da falência, o governo central do PT virava as costas para
a realidade destes entes federados.
A
renegociação das dívidas dos estados, o fim da guerra fiscal por meio da
unificação das alíquotas do ICMS, a criação de um Fundo de Desenvolvimento
Regional, entre tantos outros pleitos, já eram algumas das bandeiras defendidas
por Aécio Neves e inúmeras vezes levadas por ele ao ex-presidente Lula.
Em
vão. Nem Lula e tampouco sua sucessora Dilma Rousseff foram sensível a estas
demandas. Preferiram aumentar ainda mais a concentração dos recursos nas mãos
da União (chegando perto dos 60%) e usar desta realidade para barganhas
eleitoreiras, como o PAC, onde bilhões de Reais eram anunciados como
investimentos, mas pouco deles realmente foi realizado com recursos próprios da
União.
A
verdade é que a reforma tributária com o enfoque no fortalecimento do Pacto
Federativo, na redistribuição de renda entre os entes federados, nunca foi
interessante para Lula e Dilma Rousseff. Melhorar a capacidade de investimentos
de estados e municípios significaria reduzir a própria capacidade do PT de
utilizar a máquina federal como forma de se perpetuar no poder.
Agora,
a questão ficou insustentável. E os governadores resolveram dar o grito no
momento em que mais causa pânico ao PT e que, sabidamente, o faz trabalhar: o
período pré-eleitoral. Por isso, assistimos a uma presidente Dilma “preocupada”
com o Pacto Federativo.
Ora,
porque ela e o PT não se uniram para resolver essa questão nestes últimos 10
anos quando eram maioria, viravam as costas para estados e municípios e
tentavam desmerecer essas bandeiras que eram empunhadas pelo líder da oposição,
Aécio Neves?
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