Vale Tudo?
Fonte: Folha de S.Paulo
A afirmação da presidente da República de que "podemos fazer o
diabo quando é hora de eleição" revela como o petismo vê e pratica a
democracia.
Explicita também o desconforto do governo ante reconhecidos e
recorrentes fracassos.
Os indicadores não deixam dúvidas: o crescimento médio nos dois últimos
anos é o menor desde Collor; a inflação ameaça romper o teto da meta; o PAC não
avança e o fechamento das contas públicas de 2012 só foi possível graças a
condenáveis manobras fiscais.
Como nada é tão ruim que não possa piorar, dados da CNI apontam o
crescente comprometimento da competitividade da indústria brasileira, que perde
mercado no exterior e no próprio país.
Em 2012, a participação dos importados no abastecimento do mercado
interno atingiu o nível recorde de 21,6% e, só nos últimos três anos, essa
"invasão" subiu 5%.
Com alta carga tributária e sem as reformas estruturais, as empresas
brasileiras perdem competitividade, situação agravada no segmento dos produtos
de alta intensidade tecnológica, portanto de maior valor agregado.
Para desviar os olhos da população dessa realidade, o marketing assumiu
a gestão do país. O site Contas Abertas aponta que, em apenas dois anos, a
presidente Dilma gastou em festividades quase o mesmo volume de recursos
públicos registrado durante todo o segundo mandato de Lula.
Confiando na falta de informação e memória dos brasileiros, o governo
anuncia pela terceira vez a liberação de recursos já anunciados, que seguem não
liberados desde 2010.
Veta a proposta do PSDB, aprovada pelo Congresso há seis
meses, desonerando a cesta básica, apenas para, em seguida, assumir o mérito da
autoria, prejudicando milhões de brasileiros que já poderiam estar usufruindo
da medida.
Sob o constrangimento da própria administração, faz uma milionária campanha
publicitária para comunicar o fim da miséria no país. Foge do debate do valor
per capita definido e contraria a visão de especialistas para quem a pobreza
significa um conjunto de privações, e não pode ser superada apenas com
transferência de renda, por mais importante que essa seja.
Em outra ação publicitária, o governo se apropriou das reformas dos
estádios, apesar de não haver nenhum recurso do Tesouro investido nessas obras:
omitiu a participação dos Estados, da iniciativa privada e do próprio BNDES, se abstendo de
informar que a presença federal se limita ao financiamento de parte dos custos,
feito pelo banco, e que será integralmente pago pelos tomadores.
De um lado a realidade, onde estão os brasileiros e deveria estar a
presidente. De outro a pirotecnia, onde estão a sobrevivência dos interesses do
PT e a candidata.
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