quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Blog da Bertha: Alberto Pinto Coelho: vice como “bengala” é equívoco


Alberto Pinto Coelho: “Acho equivocado ter um candidato que precisa ter um vice como bengala”
O presidente da Assembleia Legislativa, Alberto Pinto Coelho (PP) assume na campanha de Antônio Anastasia (PSDB) um papel de bastidores: coordena politicamente o apoio de 50 parlamentares que sustentaram a sua indicação na chapa tucana ao governo de Minas, percorrendo o estado para articular os apoiamentos de líderes municipais. Alberto Pinto Coelho, rechaça qualquer especulação de que vá ser substituído na chapa. “Isso só interessa aos adversários”, afirma ele, ao mesmo tempo em que critica, sem citar nomes, a campanha da chapa adversária de Hélio Costa (PMDB), sugerindo ser o vice, Patrus Ananias (PT), “uma bengala”.

Ele alfineta: “O fato de o meu nome estar em todo o material, significa que há um vice definido e o vice sou eu. Mas sabemos muito bem que outras candidaturas elegeram os âncoras, que estão a comandar esse processo. Mas se isso pode por um lado ser correto, por outro acho equivocado ter um candidato que precisa ter um vice como bengala”.

Alberto Pinto Coelho diz que em campanha pelo interior pede votos para a chapa completa, inclusive para José Serra (PSDB). E afirma que, caso eleito, no eventual governo de Antônio Anastasia irá trabalhar intensificando o diálogo entre sociedade civil, Legislativo e Executivo, priorizando o desenvolvimento regional de Minas.

“Entre nós há a visão de que temos várias Minas e é preciso buscar a correção das discrepâncias regionais, com políticas específicas, como a criação da Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte Minas, que priorizou implantação de programas e ações, voltadas para o desenvolvimento e a melhoraria das condições de vida das populações dessas regiões”, afirma Alberto Pinto Coelho.

A entrevista com Alberto Pinto Coelho é a terceira da série, promovida por este blog, com os vices das três principais chapas ao governo de Minas. No domingo, entrevistamos Leonardo Mattos (PV). Na segunda, Patrus Ananias (PT).

Blog: Entre as diversas especulações que já circularam na campanha, uma delas afirma que o sr. renunciaria à vice da chapa de Antônio Anastasia (PSDB) para que Itamar Franco (PPS) assumisse o seu lugar. Tal possibilidade já foi cogitada algum dia?
Alberto Pinto Coelho: Isso só interessa aos adversários. Não tem o menor fundamento essa história. O próprio governador e candidato à reeleição, foi taxativo, fez desmentido.Além disso, acho importante lembrar que a minha posição na chapa não é fruto de um desejo pessoal. É fruto de uma composição partidária. O convite a mim foi feito dentro de uma percepção de que o meu nome agregaria e comporia politicamente. Essa percepção é resultado de uma construção ao longo de oito anos, quatro dos quais como líder de governo e os outros quatro na presidência, em que estive à frente das tratativas para os projetos do governo no legislativo. As afinidades, portanto, não são apenas no campo pessoal, mas resultado dessa construção política. Essa boataria não tem fundamento.

Blog: Na propaganda eleitoral do PSDB ao governo de Minas, o vice não tem aparecido. Isso vai mudar?
Alberto Pinto Coelho: Apareco na medida certa. Sou coadjuvante. Tenho o meu nome conhecido, em regiões do estado onde tenho maior presença eleitoral. Estou levando a mensagem a essas regiões, como fiz em Arcos neste domingo. Naturalmente a dosagem de minha presença caberá a partir da visão daqueles que efetivamente têm contribuição profissional a dar nos programas. O fato de o meu nome estar em todo o material, significa que há um vice definido e o vice sou eu. Mas sabemos muito bem que outras candidaturas elegeram os âncoras, que estão a comandar esse processo. Mas se isso pode por um lado ser correto, por outro acho equivocado ter um candidato que precisa ter um vice como bengala. Não é o caso de Antônio Anastasia. Por si, a sua história, mostra a que veio, a sua sua capacidade. Cada campanha tem de suprir a sua lacuna e a sua deficiência. Temos um líder em Minas, que está de maneira destacada na campanha, que é o Aécio Neves, como deve ser. Temos outro grande nome, o do ex-governador e ex-presidente, Itamar Franco e devemos a ele, em primeiro lugar a estabilidade econômica do país. Ao passo que eu, em atuação de bastidores, meu nome compõe a chapa como resultante de mais de 50 parlamentares. Portanto, a mim cabe uma interação no processo político junto ás lideranças municipais muito maior do que a minha evidência nas propagandas. Estamos no caminho certo e as pesquisas já estão mostrando isso.

Blog: Em um eventual governo Anastasia, que papel o sr. desempenharia na condição de vice?
Alberto Pinto Coelho: Constitucionalmente o vice tem uma definição clara. Assume na vacância do governador ou mesmo na coordenação do Conselho Nacional de Segurança. E naturalmente o que trago como experiência profissional ao longo da minha vida, são 30 anos de uma carreira em empresa estatal, em que fiquei por mais de 20 anos em alta gerência e na direção da empresa. Fui também delegado do Ministério das Comunicações e tenho 16 anos de parlamento, a metade dos quais como líder de governo e no meu último mandato não só tenho responsabilidade parlamentar como responsabilidade de gestão da Assembleia. Estou à disposição para contribuir com o máximo do meu empenho e mais importante, afinado com a visão de estado. Essa sintonia e sinergia entre o governador e eu existem e foram construídas ao longo desses últimos oito anos

Blog: O sr. não tem viajado com o governador Antônio Anastasia em campanha pelo estado. Como está a sua participação na campanha?
Alberto Pinto Coelho: Na própria campanha anterior, quando o nosso candidato ao governo era vice de Aécio, o vice cumpria agenda diversa daquela do candidato. O nosso estado é muito grande e temos de procurar estar presentes no maior número possível de municípios. Tenho feito reuniões em cidades do interior, agregando lideranças de municípios circunvizinhos, na região metropolitana com um grupo de prefeitos, no Sul de Minas, vou estar nos próximos dias, por exemplo, nas cidades de Extrema e em Cambuí. Vamos fazendo essa divisão da cobertura do estado, levando a mensagem e o nome do governador, mostrando a capacidade gerencial e mais do que isso, a sua grande sensibilidade política.

Blog: O sr. tem participado da construção do programa de governo de Antônio Anastasia? O que o sr. destacaria como eixo central do programa?
Alberto Pinto Coelho: Tenho participado do programa, mas há um outro encarregado em receber sugestões e traduzi-las em propostas concretas. A minha contribuição vai muito da experiência vivenciada no parlamento, onde assistimos a evolução da aplicação da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da execução dos orçamentos estaduais. Tenho participado de uma construção política em que estado e parlamento debatem com a sociedade, por meio da Comissão de Participação Popular, criada na Casa sob a minha inspiração, trazendo para dentro do Legislativo os segmentos organizados da sociedade civil. Temos construído um orçamento regionalizado e com a participação da sociedade, construímos os projetos chamados estruturadores. Alguns projetos estruturadores nasceram do diálogo entre o parlamento e Executivo. Entendo eu, como bem coloca o governador, que vamos dar ênfase ao desenvolvimento regional integrado, trazendo a nossa experiência de oito anos com este governo, intensificando-a e democratizando a construção do projeto. Intensificando os procedimentos, quem sabe até reeditando audiências públicas, como solução de compromissos para a presença regionalizada. Vamos reeditar essa experiência agora com mais condições de prosperar em projetos. Entre nós há a visão de que temos várias Minas e é preciso buscar a correção das discrepâncias regionais, com políticas específicas, como a criação da Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte Minas, que priorizou implantação de programas e ações, voltadas para o desenvolvimento e a melhoraria das condições de vida das populações dessas regiões. Neste governo Anastasia, a cada R$ 1,00 investido nas outras regiões de Minas, foram aplicados R$ 3 no Norte, no Jequitinhonha e no Mucuri. Vamos portanto continuar a dar ênfase a isso, buscando a autosufciência dessas regiões e o desenvolvimento equilibrado dos municípios no estado. É a enfase para diminuir as desigualdades e em processo gradativo, gerar ambiente concreto de renda.

Blog: No plano nacional, o PP continua no governo Lula. Essa orientação traz constrangimentos para o PP em Minas, que está atrelado ao projeto do PSDB?
Alberto Pinto Coelho: Nenhum constrangimento. O PP deu liberdade às executivas estaduais para se posicionar politicamente segundo as realidades locais. Existem outros partidos na mesma situação do PP. O que temos que acentuar é que o projeto político de Aécio em Minas, desde o primeiro momento, foi construído com nossa participação. O PP foi o primeiro a aderir publicamente à candidatura de Aécio Neves quando disputou o governo pela primeira vez em 2002. Também foi o primeiro partido a apoiar o movimento que elegeu Aécio presidente da Câmara dos Deputados em 2000. Historicamente temos essa afinidade. Em estados em que o PP é mais robusto, mais expressivo, como é o caso do Rio Grande do Sul e do Paraná, optamos pela independência em relação à orientação política nacional do partido de apoio a Lula. Nesses estados estamos agregados aos projetos com as candidaturas do PSDB.

Blog: No interior, onde tem rodado em campanha, o sr. tem pedido votos para o José Serra?

Alberto Pinto Coelho: O que assisto no interior é um certo recolhimento do eleitor em relação ao quadro nacional. Se a campanha estadual começa agora, – aliás o ex-governador Hélio Garcia costumava dizer que a campanha ao governo de Minas só começa após a parada de Sete de Setembro – no interior as pessoas estão evitando se colocar em relação ao quadro nacional. O que a gente nota das lideranças municipais é esse recolhimento, como se fosse processo político nacional estivesse mais distante da realidade das cidades. A rigor não há um entusiasmo com a disputa nacional. Mas eu peço voto para a chapa completa, inclusive para o Serra e argumento as razões. Tenho as minhas convicções e expresso todas elas quando estou em campanha.


Fonte: Blog da Bertha

Nenhum comentário:

Postar um comentário