Aécio Neves é
um cara jovial. Mais do que uma questão de faixa etária – ele completou 53 anos
em março – este é um traço de personalidade que permeia todas as esferas da sua
vida.
Quem com ele convive, costuma usar as palavras entusiasmo e alegria para
definir tanto a forma como ele se entrega ao trabalho quanto ao fato de manter
uma vida social que não esconde: depois de uma exaustiva jornada , ele pode ser
visto em eventos culturais, batendo papo com amigos em um barzinho ou cantando
modas de viola, à beira da fogueira, na Fazenda da Mata – que pertence à
família desde 1867.
Não por acaso, dizem que uma de suas frases favoritas é da
escritora americana Gertrude Stein: “a alegria é a coisa mais séria da vida”.
Até semana
passada, esta jovialidade do mineiro parecia, aos olhos dos seus adversários,
uma fraqueza. Parecia. O quadro, porém,
mudou drasticamente a partir da quinta-feira passada, quando foi ao ar o
programa do PSDB.
As pesquisas qualitativas realizadas pelo Palácio do Planalto
durante o programa, fizeram piscar as luzes de alerta:
Aécio havia se saído bem
– e a jovialidade era um dos pontos de força do senador. Para completar, o hangout, realizado depois
do programa com Aécio Neves, fora assistido por quase 200 mil pessoas ao longo
de uma hora.
Some-se, a
isso, o alerta anterior, ao sabor das manifestações ocorridas no meio do ano,
que deixaram claro à presidente e seu marqueteiro, que Dilma estava afastada da
população – especialmente dos jovens, que passaram a ser alvo de inúmeras
ações.
De uma hora
para outra, começam a surgir programas e redes sociais chapa branca dedicadas à
conquista do público jovem.
Na sequência, temos boatos de que Dilma é dada a
surtos de jovem rebeldia – ela faria passeios noturnos, de moto, ouvindo rock,
pelas ruas de Brasília. Só faltou a roupa de couro – talvez porque o
Marqueteiro João Santana, que gosta da sutileza, tenha achado demais.
Nos últimos
dias, planta-se também a imagem de uma Dilma que foge de seguranças no exterior
para fazer compras em shoppings ou simplesmente perambular, rebeldemente, pelas
ruas de Manhattan.
Puro marketing alimentado por uma imprensa tola que, por
acreditar que tem um furo nas mãos, divulga a mentira e ajuda a alimentar a
fantasia.
A cereja do
bolo desta estratégia surgiu hoje, com o retorno da presidente da República ao
Twitter – rede que ela abandonara desde o final da campanha, em 2010.
Não por
acaso, a Dilma verdadeira voltou batendo papo com um fake famoso, o Dilma
Bolada. Seu autor,
Jefferson Monteiro começou realmente fazendo humor. Desde
abril último, porém, quando esteve em Brasília, há indícios sugerindo que ele
saiu da informalidade para reforçar a comunicação presidencial. É de se notar
que, ao sabor das pesquisas qualitativas durante o programa do PSDB, desde a
semana passada o perfil Dilma Bolada já se dedicava a atacar pesadamente Aécio
Neves – coisa inédita desde que foi criado.
De bolada a rebelde,
o que se vê nos últimos dias é apenas a tentativa desesperada de aproximar
Dilma de um segmento com o qual Aécio Neves tem uma proximidade natural. Na
ausência de uma Dilma jovial e rebelde, tentam agora, às vésperas de uma nova
campanha eleitoral, reinventá-la. Embora a estratégia seja quase ridícula, a
notícia não deixa de ser boa para a oposição. Mostra que Aécio tem bem mais
chance do que seus adversários querem nos fazer crer.
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