O
presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista exclusiva
à Rádio CBN nesta quarta-feira (26), na qual respondeu a perguntas relativas às
questões econômicas e os esforços para a instauração da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) da Petrobras.
Leia Abaixo a Entrevista
do Senador
Sobre a tentativa de
criação de CPI Mista para investigar denúncias na Petrobras.
Tenho
muito os pés no chão nessas questões, até porque temos que compreender que a
oposição hoje, principalmente no Senado, é pouco expressiva do ponto de vista
numérico. Somos hoje 17% da composição do Senado e alguma coisa em torno de 20%
da Câmara.
Então
é impossível conseguirmos o número de assinaturas necessárias a uma
investigação dessa importância se não houver também dissidência da base do
governo. Fizemos uma avaliação ontem à noite e há uma possibilidade real de
alcançarmos hoje no Senado esse número de assinaturas, por uma razão: a
gravidade do tema e a percepção de que na opinião pública, na sociedade
brasileira, também há esse sentimento de que essa questão está muito mal
explicada, como acabou de dizer minha conterrânea Miriam Leitão, estava aqui
ouvindo vocês.
Porque
esse governo é um governo reativo, é um governo que só toma providências no
momento em que alguém é pego com a mão na botija. Foi assim com os inúmeros
ministros que acabaram sendo afastados do governo e está sendo aqui, mais uma
vez, em um episódio de uma gravidade extrema, como esse.
O
que temos dito é o seguinte. A Comissão Parlamentar de Inquérito é para
investigar, ela não condena previamente ninguém. É a oportunidade quem sabe até
para a própria presidente da República prestar objetivamente esclarecimentos.
Por
que esse cidadão que ela acusa agora de ter sido responsável, a partir da
omissão de informações, por uma tão danosa como essa foi promovido? Hoje os
jornais dizem que ele recebeu uma moção de elogios quando deixou seu cargo na
Petrobras.
Essa
conta não fecha, o governo tem que escolher entre duas explicações
absolutamente contraditórias. Ou foi um bom negócio, como diz [o ex-presidente
da Petrobras, Sérgio] Gabrielli, em função da questão de mercado na época, e
essas cláusulas são absolutamente normais, ou, como diz a presidente da
República, ela foi enganada a partir da omissão das informações. A questão é
muito grave e vamos lutar para que ela possa ser esclarecida.
Sobre a pressão do governo
federal para que o Congresso não instale a CPI Mista.
Só
há uma forma maior do que a força do Poder Executivo sobre o Legislativo, que é
a força da opinião pública. É com ela que contamos, a gravidade do tema, a
perplexidade da sociedade brasileira de ver um descaso tão grande para com o
dinheiro público, tão pouco respeito ao planejamento.
Tanto
que essa nossa proposta de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito não se
restringe à Pasadena, ela entra nessa questão que para mim é tão grave quanto
que é a da refinaria Abreu e Lima. Uma refinaria orçada em US$ 2,5 bilhões vai
custar US$ 20 bilhões. A planta foi feita para refinar o petróleo pesado
venezuelano, portanto, com outra concepção.
Segundo
especialistas da Petrobras, mais cara do que seria apenas para atender ao
interesse brasileiro. A Venezuela deu um tchau para o Brasil, foi embora e que
sanção houve? Quais as salvaguardas que a Petrobras tomou para a eventualidade
de tomar um calote da Venezuela? Nenhuma? Isso não é ação entre amigos, não
pode ser.
Isso
não é uma quitanda de meia dúzia de amigos do poder. Isso é uma empresa
construída durante 60 anos e que leva mais um grande prejuízo pela ação
inconsequente desses que a tem tratado como se fosse um patrimônio pessoal ao
longo dos últimos anos.
Sobre possível desgaste da
imagem da presidente com a CPI Mista.
O
que desgasta a imagem da presidente é a realidade, são os fatos. A presidente
da República se elegeu há alguns anos, em 2010, sustentada em dois pilares
fundamentais. O da economia, que ia muito bem, emprego crescendo 10%, economia
crescendo a 7%, e o segundo pilar, o da grande gestora, da mãe do PAC.
A
economia está em frangalhos, essa decisão de rebaixamento da nota do Brasil
emoldura uma ação desastrada do governo ao longo de todos os últimos anos, que
fragilizou a nossa economia, recrudesceu a inflação, nos fez perder
credibilidade.
E,
por outro lado, a grande gestora está se mostrando agora. Quando vemos o que
aconteceu
no setor elétrico brasileiro, isso é de uma gravidade tão grande para
o futuro do Brasil, para a retomada do crescimento do Brasil, que até isso
mereceria também uma investigação.
Sobre os números de
emprego e renda continuarem em alta.
Se
você olhar a fotografia desse momento, em emprego, ela é adequada. Mas não
vamos nos esquecer que o Brasil está se transformando no país do pleno emprego
de dois salários mínimos, foram 2,5 milhões de postos de emprego de maior
qualificação que perdemos nos últimos três anos em razão do sucateamento da
indústria.
Mas
quando você olha o filme, não a fotografia, que está por vir, é de extrema
gravidade. O Brasil, em 1999, quando foi cunhada aquela expressão dos Brics, se
colocou ao lado dos países que iam buscar um lugar ao sol, ao lado dos países
desenvolvidos.
Agora,
estamos no final da fila, estamos ao lado dos países em crise, ao lado dos
países que necessitam de reformas extremamente urgentes. E o governo do PT
perdeu a capacidade de conduzir qualquer dessas reformas.
Sobre conversa com o
governador Eduardo Campos.
Estive
com o governador Eduardo em um evento no sábado à noite, disse a ele que a
questão da CPMI era uma decisão do PSDB, mas que precisaríamos do apoio do PSB.
Ontem, recebi o telefonema do líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg,
dizendo que assinaria a CPMI. Vamos aguardar para hoje a assinatura dos demais
senadores do PSB.
Fonte: Portal PSDB MG
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