quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

MST diz que Governo Dilma foi o Pior para a Reforma Agrária

O governo Dilma Rousseff é apontado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como o pior da história para a reforma agrária. Para a coordenação nacional do movimento, o atual governo não assenta famílias, disponibiliza pouca terra e se aliou preferencialmente ao agronegócio.

— O governo Dilma foi o pior para reforma agrária. Assentou pouco, ou quase nada, e foi tomado pelo agronegócio, a quem se aliou. Os cem decretos de desapropriação de Dilma (assinados no final do ano passado), não representa nada. Assinar decreto não é criar assentamento. São apenas áreas decretadas. Ainda falta muito. E esse volume de terra não serve para assentar nem 4.700 famílias. É uma vergonha — disse Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.

Pelas contas do MST, há hoje 186 mil famílias acampadas no país, das quais 100 mil ligadas ao movimento. Conceição afirma que o governo Lula foi o que assentou o maior número de famílias e o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) o que mais destinou terras para essa política.

— O negócio do Fernando Henrique era jogar (sem-terras) na terra - disse Conceição.

Às vésperas de seu 6º Congresso Nacional, que ocorre semana que vem, em Brasília, o MST anuncia que precisa rever ações e que fará seu primeiro balanço crítico. Sob críticas de que se afastou da luta pela reforma agrária e de que já não representa a mesma ameaça de tempos atrás, sua coordenação anuncia uma defesa da reforma agrária popular e combate ao que batizaram de privatização dos assentamentos. 

Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, afirmou na manhã desta terça-feira que o descaso do governo com os assentamentos está fazendo com que parte dos assentados, sem acesso a políticas públicas, estão repassando suas terras para o setor privado.

— O mercado está tomando conta dos assentamentos, que estão sendo privatizados. Não há dinheiro público nos assentamentos. O investimento público fugiu. É preciso haver a titulação real da terra, onde a família tem o título mas não é dona da terra, é beneficiária.

Serão quatro dias de congresso e são aguardadas, pelo menos, 15 mil pessoas. Todos ficarão em alojamentos na proximidade do ginásio Nilson Nelson, onde ocorrerá o encontro. O evento terá espaço para feiras e até orientadores apontando as entradas para os participantes. O último congresso do MST ocorreu em 2007. A palavra de ordem "Reforma agrária por justiça social e segurança alimentar" será substituída por "Lutar, construir, reforma agrária popular".

O coordenador do MST reconheceu que é preciso fazer uma análise crítica do movimento e avaliar como "massificar as formas de luta". Conceição reconheceu que os sem-terra estão trocando a luta pela terra por empregos gerados pelas obras do governo.

— A classe trabalhadora tem mais acesso a emprego. Muitas pessoas do campo estão indo para as cidades para trabalhar em obras que devastam o meio ambiente, como as hidrelétricas. E ninguém aguenta mais esperar terra. Tem gente acampada há quase quinze anos. Eles preferem ir mesmo abrir estradas nas obras do PAC 1 e do PAC 2 — afirmou Conceição.

O líder do MST disse que as táticas de ação estão se modificando e que ocupar terras não é mais a única forma de luta.


— A ocupação de terra diminuiu mas há outros elementos de mobilização. Precisamos combinar na tática. Em abril do ano passado foram fechadas 95 BRs (estradas federais). Mas ninguém noticiou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário