O
governo Dilma Rousseff é apontado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) como o pior da história para a reforma agrária. Para a coordenação
nacional do movimento, o atual governo não assenta famílias, disponibiliza
pouca terra e se aliou preferencialmente ao agronegócio.
—
O governo Dilma foi o pior para reforma agrária. Assentou pouco, ou quase nada,
e foi tomado pelo agronegócio, a quem se aliou. Os cem decretos de
desapropriação de Dilma (assinados no final do ano passado), não representa
nada. Assinar decreto não é criar assentamento. São apenas áreas decretadas.
Ainda falta muito. E esse volume de terra não serve para assentar nem 4.700
famílias. É uma vergonha — disse Alexandre Conceição, da coordenação nacional
do MST.
Pelas
contas do MST, há hoje 186 mil famílias acampadas no país, das quais 100 mil
ligadas ao movimento. Conceição afirma que o governo Lula foi o que assentou o
maior número de famílias e o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) o que mais
destinou terras para essa política.
—
O negócio do Fernando Henrique era jogar (sem-terras) na terra - disse
Conceição.
Às
vésperas de seu 6º Congresso Nacional, que ocorre semana que vem, em Brasília,
o MST anuncia que precisa rever ações e que fará seu primeiro balanço crítico.
Sob críticas de que se afastou da luta pela reforma agrária e de que já não
representa a mesma ameaça de tempos atrás, sua coordenação anuncia uma defesa
da reforma agrária popular e combate ao que batizaram de privatização dos
assentamentos.
Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, afirmou na
manhã desta terça-feira que o descaso do governo com os assentamentos está
fazendo com que parte dos assentados, sem acesso a políticas públicas, estão
repassando suas terras para o setor privado.
—
O mercado está tomando conta dos assentamentos, que estão sendo privatizados.
Não há dinheiro público nos assentamentos. O investimento público fugiu. É
preciso haver a titulação real da terra, onde a família tem o título mas não é
dona da terra, é beneficiária.
Serão
quatro dias de congresso e são aguardadas, pelo menos, 15 mil pessoas. Todos
ficarão em alojamentos na proximidade do ginásio Nilson Nelson, onde ocorrerá o
encontro. O evento terá espaço para feiras e até orientadores apontando as
entradas para os participantes. O último congresso do MST ocorreu em 2007. A
palavra de ordem "Reforma agrária por justiça social e segurança
alimentar" será substituída por "Lutar, construir, reforma agrária
popular".
O
coordenador do MST reconheceu que é preciso fazer uma análise crítica do
movimento e avaliar como "massificar as formas de luta". Conceição
reconheceu que os sem-terra estão trocando a luta pela terra por empregos
gerados pelas obras do governo.
—
A classe trabalhadora tem mais acesso a emprego. Muitas pessoas do campo estão
indo para as cidades para trabalhar em obras que devastam o meio ambiente, como
as hidrelétricas. E ninguém aguenta mais esperar terra. Tem gente acampada há
quase quinze anos. Eles preferem ir mesmo abrir estradas nas obras do PAC 1 e
do PAC 2 — afirmou Conceição.
O
líder do MST disse que as táticas de ação estão se modificando e que ocupar
terras não é mais a única forma de luta.
—
A ocupação de terra diminuiu mas há outros elementos de mobilização. Precisamos
combinar na tática. Em abril do ano passado foram fechadas 95 BRs (estradas
federais). Mas ninguém noticiou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário