Nosso Estatuto do Desarmamento completa dez anos neste 2013. Não há dúvida de que trouxe mais controle e rigor para a posse, o porte e a comercialização de armas.
Dados oficiais mostram que,
entre 2004 e o começo de 2013, mais de 600 mil armas foram entregues
voluntariamente pela população. É um resultado que, à primeira vista, pode
impressionar, mas ainda muito distante dos 15 milhões de armas de fogo nas mãos
de civis.
Na forma como foi proposto,
mediante entrega voluntária, o estatuto tem se mostrado ineficaz para fazer
frente à magnitude dos problemas graves na área de segurança, assim como
ocorreu em outros países que experimentaram este modelo.
Para justificar a acomodação
de Brasília nesta área, utiliza-se como argumento a vastidão das fronteiras
nacionais e a dificuldade de conter o contrabando.
Sem entrar no mérito da absurda fuga de responsabilidade em fiscalizar nossas fronteiras, caminho livre para as drogas e armamento de todo tipo, a questão é que, neste caso, as pesquisas atestam que grande parte das armas é de produção nacional. O problema é de natureza doméstica, portanto.
Sem entrar no mérito da absurda fuga de responsabilidade em fiscalizar nossas fronteiras, caminho livre para as drogas e armamento de todo tipo, a questão é que, neste caso, as pesquisas atestam que grande parte das armas é de produção nacional. O problema é de natureza doméstica, portanto.
A paralisia na esfera
federal se converte em leniência do governo, ao tentar se livrar da questão da
segurança como se fosse um "abacaxi" a ser resolvido pelos governos
estaduais, já que a atribuição do papel de polícia Civil e Militar está nesse
âmbito por definição constitucional.
O governo federal precisa
assumir seu papel coordenador no combate à criminalidade, agindo de maneira
sistêmica em pelo menos duas frentes.
Apoiando com firmeza a
integração das ações entre as forças de segurança, inclusive as estaduais -um
trabalho que já tem resultados muito positivos, a partir do compartilhamento de
inteligência e de recursos. E também na expansão e melhoria do sistema
prisional, um esforço decisivo para golpear o crime organizado, que comanda o
banditismo de dentro para fora.
A outra forma de contribuir
é eliminando o crônico contingenciamento das receitas existentes, já
insuficientes. Inacreditavelmente, cerca de 80% de tudo o que se investe no
setor vêm dos cofres municipais e estaduais e, ainda assim, a União vem
reduzindo os seus investimentos em segurança.
Nesta área, infelizmente, o
Brasil nunca teve uma política consistente e integrada.
Nos últimos anos, tem-se
preferido adotar estratégias midiáticas em vez de ações estruturantes. Estas
devem ser construídas no dia a dia das organizações policiais em integração com
o governo federal -são menos visíveis, mas muito mais eficazes.
As 39 mil mortes causadas
por armas de fogo por ano no país não podem continuar encobertas pela omissão e
um silêncio inaceitáveis.
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