O
Grupo Eletrobras, composto por 19 empresas do setor de energia elétrica,
investiu apenas 41,2% dos recursos previstos para este ano. Do montante
autorizado de R$ 10,7 bilhões para 2012, R$ 4,2 bilhões foram aplicados até
outubro. Percentualmente, é a pior execução desde 2007.
A estatal é responsável por atividades de pesquisa, geração, transmissão
e distribuição de energia elétrica, além da comercialização do setor. Os dados
são do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Segundo
assessoria da Eletrobras, a previsão é utilizar entre 80% e 90% dos recursos
previstos para 2012. “O resultado não será de 100% devido a dificuldades
pontuais nos andamentos de licitações (como empresa de economia mista, a
Eletrobras segue a Lei 8.666, que dispõe sobre as licitações) e a alguns
empecilhos na liberação de licenças ambientais”, aponta nota.
Os
problemas estão refletidos nas principais companhias do Grupo. A Eletronorte,
que por problemas técnicos deixou seis estados do Nordeste sem energia elétrica
em setembro, aplicou somente R$ 229 milhões dos R$ 600 milhões autorizados, ou
seja, 38,2%.
No
começo de outubro outro “apagão” deixou sem luz quatro regiões do país. A pane
aconteceu em um transformador de Furnas, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Até outubro,
apenas 57,4% do total de R$ 1,5 bilhão previsto para Furnas foram investidos.
A
assessoria da estatal afirmou, no entanto, que a Eletrobras está segura de que
o ritmo dos seus investimentos nada tem a ver com os apagões. “Esses incidentes
passaram por investigações rigorosas dos órgãos competentes”, completa nota.
De
acordo Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB) e
conselheiro do Conselho Federal de Economia (COFECON), os problemas são
generalizados. “Há obras gigantescas, muito contestadas, mal planejadas, que
deixam rastros de questionamentos e resistências tanto do ponto de vista
ambiental como social (deslocamentos maciços de populações, ocupação de áreas
contestadas etc.)”, afirma.
Piscitelli
ressalta ainda a falta de convicção acerca da viabilidade técnico-econômica
desses empreendimentos. “Em vez de realizarem obras gigantescas, que provocam
profundas mudanças ambientais e de assentamento populacional, poderiam optar
por obras menores, de prazos e custos bem menores, mais dispersas no território
nacional”, expõe o professor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário