quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Eletrobras Investiu Apenas 41,2% do Orçamento em 2012



O Grupo Eletrobras, composto por 19 empresas do setor de energia elétrica, investiu apenas 41,2% dos recursos previstos para este ano. Do montante autorizado de R$ 10,7 bilhões para 2012, R$ 4,2 bilhões foram aplicados até outubro. Percentualmente, é a pior execução desde 2007.

A estatal é responsável por atividades de pesquisa, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, além da comercialização do setor. Os dados são do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.


Segundo assessoria da Eletrobras, a previsão é utilizar entre 80% e 90% dos recursos previstos para 2012. “O resultado não será de 100% devido a dificuldades pontuais nos andamentos de licitações (como empresa de economia mista, a Eletrobras segue a Lei 8.666, que dispõe sobre as licitações) e a alguns empecilhos na liberação de licenças ambientais”, aponta nota.

Os problemas estão refletidos nas principais companhias do Grupo. A Eletronorte, que por problemas técnicos deixou seis estados do Nordeste sem energia elétrica em setembro, aplicou somente R$ 229 milhões dos R$ 600 milhões autorizados, ou seja, 38,2%.

No começo de outubro outro “apagão” deixou sem luz quatro regiões do país. A pane aconteceu em um transformador de Furnas, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Até outubro, apenas 57,4% do total de R$ 1,5 bilhão previsto para Furnas foram investidos.

A assessoria da estatal afirmou, no entanto, que a Eletrobras está segura de que o ritmo dos seus investimentos nada tem a ver com os apagões. “Esses incidentes passaram por investigações rigorosas dos órgãos competentes”, completa nota.

De acordo Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB) e conselheiro do Conselho Federal de Economia (COFECON), os problemas são generalizados. “Há obras gigantescas, muito contestadas, mal planejadas, que deixam rastros de questionamentos e resistências tanto do ponto de vista ambiental como social (deslocamentos maciços de populações, ocupação de áreas contestadas etc.)”, afirma.

Piscitelli ressalta ainda a falta de convicção acerca da viabilidade técnico-econômica desses empreendimentos. “Em vez de realizarem obras gigantescas, que provocam profundas mudanças ambientais e de assentamento populacional, poderiam optar por obras menores, de prazos e custos bem menores, mais dispersas no território nacional”, expõe o professor.
 


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