Gestão eficiente
Fonte: Josette Goulart – Valor Econômico
Cemig e Eletrobras vão disputar a portuguesa EDP
Os brasileiros e os chineses devem ser os protagonistas da disputa em torno da privatização da EDP, companhia elétrica de Portugal que vale cerca de R$ 10 bilhões no mercado acionário. Além da Eletrobras, que já anunciou oficialmente seu interesse, o Valor apurou que também a Cemig vai apresentar proposta para a compra de 21,35% do capital da companhia portuguesa. A expectativa é de que a State Grid, elétrica chinesa que recentemente entrou no negócio de transmissão no Brasil, e ainda a Three Gorges Corporation também participem da negociação. O prazo para entrega das propostas termina hoje.
As elétricas europeias não estão com muito apetite pelo negócio em função da falta de liquidez do mercado financeiro da região em função da crise que assola o continente. Ontem, por exemplo, um porta voz da EDF disse à agência de notícias Bloomberg que a companhia francesa não fará propostas. Segundo fontes do mercado financeiro que estão assessorando o processo, entretanto, há expectativa de que a alemã EoN participe mesmo assim.
A franco belga GDF Suez, a espanhola Iberdrola e a brasileira CPFL Energia também foram convidadas para analisar o negócio. Os sócios da CPFL decidiram, na quarta-feira à noite, que não vão entregar propostas, pois o interesse estaria muito focado na distribuidora Bandeirante, que tem sua área de concessão próximo à CPFL e não nos negócios internacionais da empresa. Já o grupo Iberdrola estaria mais motivado nos negócios da Neoenergia e não na EDP, onde já tem uma participação acionária de cerca de 6%. A Cemig não quis se manifestar.
O governo português está vendendo também sua participação na REN, empresa de transmissão do país, mas as companhias brasileiras só estão interessadas na EDP em função da grande posição que a empresa tem no Brasil, sendo dona de mais de 1.400 MW em capacidade de geração de energia instalada e das distribuidoras do Estado do Espírito Santo e da Bandeirante Energia.
As empresas que tiverem interesse na aquisição devem entregar três propostas hoje ao governo português. Uma parte financeira, outra com um projeto de operação do setor e a terceira com um modelo de governança para a companhia. O capital da empresa é pulverizado e, portanto, o comprador passará a ser o maior acionista, mas terá de firmar acordos se quiser ser majoritário. Depois de entregue as propostas, poderá ser feita uma segunda rodada de negociação. A EDP é hoje a maior empresa portuguesa não-financeira, uma espécie de Petrobras do país. Por isso mesmo, segundo conta um dos assessores financeiros do governo português que não quis se identificar, a proposta de governança e de compromisso com o país terá forte peso.
No mundo, a estatal elétrica portuguesa tem uma capacidade instalada de quase 22 mil MW. O faturamento da companhia chegou a R$14,2 bilhões em 2010 e o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês) foi de R$ 3,6 bilhões. Cerca de 20% da capacidade de geração de caixa da empresa é gerada pelo negócio brasileiro. A Eletrobras é tida como uma das mais fortes concorrentes já que o ativo lhe dará estatura para se internacionalizar. (Colaborou Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte)
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