Desentendimentos entre os partidos ganham ares de batalha no apagar das luzes da campanha eleitoral em Minas
A três dias da eleições, PT e PMDB dão início a uma guerra interna que sugere o rompimento da aliança feita para lançar a candidatura do senador peemedebista Hélio Costa ao Governo de Minas, tendo o petista Patrus Ananinas como vice. Os dois partidos tentam se responsabilizar por uma eventual derrota ao Palácio Tiradentes no próximo domingo.
Ontem, os desentendimentos ganharam ares de batalha semelhante à que ocorreu na escolha do nome do candidato, em meados de junho. Troca de acusações e fogo amigo são a nova tônica do relacionamento.
O presidente do PT estadal, deputado federal, Reginaldo Lopes, acusou o PMDB de não se engajar na campanha pelo Governo. “Lamentavelmente, o PMDB não entrou na campanha de Hélio Costa”. A declaração é uma resposta aos ataques que peemedebistas e até mesmo Patrus Ananias fizeram, desde o início da semana, ao PT.
Na segunda-feira, Patrus responsabilizo o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) pelo desempenho pouco favorável da chapa majoritária na Região Metropolitana. Patrus disse que o equívoco que causou a queda de Hélio Costa nas pesquisas começou em 2008, quando Pimentel e Aécio se uniram para eleger Marcio Lacerda (PSB) prefeito de BH.
Desde a declaração, uma enxurrada de acusações partiu de representantes dos dois partidos. PMDB e o próprio Patrus apontaram a falta de empenho da militância petista.
Reginaldo Lopes rebateu ao afirmar que Hélio Costa só mantém o cerca de 33% nas pesquisas de intenção de voto porque o PT o ajudou. “O que mantém Hélio Costa com o índice atual se deve exclusivamente ao PT”, registrou.
Para Lopes, é injusto atribuir a conta de desempenho aquém da chapa aos petistas. Ele lembrou que o partido abriu mão de dois nomes para apoiar Héio Costa. A referência foi a Patrus e Pimentel, que até o último instante eram pré candidatos. “O PT fez o maior sacrifício. Tinha dois grandes candidatos e cedeu os dois para montar a chapa”, afirmou.
O fogo amigo parte de todos os lados. Até o secretário geral do PMDB, deputado estadual Antônio Júlio, admite a falta de empenho de seu partido para Hélio Costa. Ele se diz dos poucos que estão engajados, e afirma que existem grande dificuldades na campanha. “As coisas dificultam porque cada um quer jogar a culpa para cima do outro”.
Para o deputado, a falta de empenho dos colegas pode ter explicação. Ele registra que existe falta de planejamento generalizada. “É uma desorganização a campanha de Hélio Costa. Eles não nos comunicam sobre as agendas”. Antônio Júlio disse que só fica sabendo dos locais onde o candidato estará porque entra em contato com o comitê.
“Faltou planejamento, mas não fico reclamando. Comento o que acho que está errado. Eles não ficam satisfeitos, mas eu falo”, desabafou.
Mesmo com os problemas, Antônio Júlio garante que sai às ruas para fazer campanha para o colega. E ainda diz que pede votos para o candidato ao Senado pelo PT. “Pimentel nunca teve coragem de me dar uma ligação, mas eu faço campanha para ele”.
Nos bastidores, a guerra está declarada e tem proporções maiores. A informação é a de que a campanha peemedebista foi abandonada pelos deputados e lideranças dos dois partidos, que se empenham nas próprias eleições a uma cadeira na Câmara Federal ou Assembleia Legislativa. em muitos casos, estariam até fazendo campanha para o adversário, Antonio Anastasia (PSDB). Alguns petistas chegam a se referir aos peemedebistas com xingamentos, e vice-versa.
O presidente do PMDB em Minas, deputado federal Antonio Andrade, tentou colocar panos quentes na briga entre aliados e dentro do próprio partido. Ele minimizou as divergências. “Nem todo o PT está na campanha e nem todo o PMDB está na campanha. Isso é natural”, afirmou. “Respeito a posição de cada um e estou fazendo a minha parte, mas, na nossa campanha, tem lideranças de todos os partidos, até do PSDB”.
Se a chapa for derrotada, uma segunda fase de batalha terá início. A de ocupação dos cargos em um eventual governo petista, caso a presidenciável Dilma Rousseff saia vitoriosa do pleito. Setores do PT não querem que Hélio Costa reassuma o Ministério das Comunicações.
A chapa ao Governo de Minas da base do presidente Lula (PT) foi formada de forma turbulenta. Desde o início do ano, Pimentel e Patrus apostam que um dos dois seria o eleito para encampar a candidatura. Mas o PMDB pressionou e Hélio Costa foi declarado candidato pelo comando nacional dos peemedebistas e petistas.
Fonte: O Tempo Online – 30/09/2010
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