Lula demite presidente dos Correios – Decisão de despedir Carlos Henrique Custódio e seu diretor de Gestão de Pessoas visa estancar crise política
Ambos foram indicados por Hélio Costa, que tem apoio do PT em Minas e nega contágio; sucessor trabalhou com Roriz
Na tentativa de evitar a politização da crise dos Correios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu o presidente da empresa, Carlos Henrique Custódio, e o diretor de Gestão de Pessoas, Pedro Magalhães Bifano.O engenheiro David José de Matos, que trabalhou nos governos de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, no Distrito Federal, vai assumir a vaga de Custódio.
As demissões devem ser publicadas no “Diário Oficial da União” de hoje. Os dois foram indicados pelo ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, candidato do PMDB ao governo de Minas Gerais.Lula seguiu recomendação de Erenice Guerra (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento), que foram escalados para fazer um raio-X da instituição em junho, após uma crise de gestão que culminou com o atraso na entrega de correspondências.
O ministro das Comunicações, José Artur Filardi, e a cúpula do PMDB não foram consultados. José Serra (PSDB) fez menções críticas, ao longo da campanha, à administração dos Correios.O relatório dos ministros apontava três problemas: 1) atraso na licitação de 1.429 franquias cujos contratos vencem em novembro e que podem causar um “apagão postal”; 2) logística falha; 3) demora na realização do concurso público que atraiu mais de 1 milhão de inscritos.
SEM COMUNICAÇÃO
O raio-X apontou ainda que os diretores não se comunicavam e não funcionavam como um colegiado, emperrando todas decisões administrativas da estatal.
Na gestão de Custódio, no posto desde 2006, os Correios tiveram o menor lucro na era Lula (em 2009). O ganho foi impactado pelo rombo do fundo de pensão Postalis, como revelou a Folha.
Nesta semana, surgiu nova crise com a revelação de que o site dos Correios tinha um manual ensinando os candidatos a conquistar eleitores. Ele foi alterado após a Folha publicar a notícia.Pedro Magalhães era o responsável pela realização do concurso. Será substituído por Nelson de Oliveira, uma indicação do PT.
O ex-ministro Hélio Costa minimizou as demissões. “Não vejo como nada de excepcional. Não tenho nada a dizer.” O mesmo tom foi adotado pelo líder do PMDB, Henrique Alves (RN). “”Não vai ter nenhuma repercussão política. Foi uma avaliação técnica baseada em problemas administrativos internos.” A Folha apurou que o PMDB decidiu não brigar por mais seis meses de cargo.
Fonte: Folha de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário