2014
começou replicando as agruras do ano passado: desconfiança, expectativa de
baixo crescimento e indisposição para investir; balança comercial no vermelho,
juros mais altos para conter a ameaça inflacionária que continua rondando o
país; atrasos crônicos nas obras, movidas muito mais a foguetório e palanque,
do que planejamento e gestão.
Isso
sem contar as estranhezas de sempre, que se repetem em novas edições da
contabilidade criativa. Desta vez, nem mesmo áreas convulsionadas como saúde e
segurança escaparam dos cortes improvisados para compor o indefectível
superávit primário gerado a fórceps.
Bastam
alguns instantes acompanhando a política econômica do governo federal para
concluir que não devemos esperar muito mais do que os remendos dos últimos
anos.
A
agenda principal é paralisante, voltada para corrigir erros criados pela
própria administração federal, refletindo um tempo perdido em que discurso e
realidade se distanciaram "como nunca antes na história desse país".
A
necessidade do Brasil inaugurar uma nova agenda parece que ficará mesmo
circunscrita à reedição dos debates tradicionais em ano de sucessão
presidencial. Pouco ou quase nada se acrescentará de prático, como medida para
destravar o país.
Nunca
é demais lembrar que poderíamos estar em outro estágio, caso o ciclo de governo
petista não tivesse levado dez longos anos para decidir sobre as concessões em
infra-estrutura. Ou que poderíamos estar entregando agora as importantes obras
de mobilidade urbana, que tanto serviram de argumento para justificar os
esforços para realizar a Copa do Mundo de 2014 em nosso território, e que, em
grande parte, vão acabar ficando mesmo no meio do caminho.
Não
há qualquer sinal no horizonte ou disposição mínima para abrir discussão sobre
o que interessa -- o isolamento do país das mais importantes cadeias produtivas
do mundo, a competitividade perdida e o grande esforço que precisamos realizar
para incentivar inovação.
A
esse respeito, lembrei-me de recente entrevista de um dos mais prestigiados e
reconhecidos economistas brasileiros, José Alexandre Scheinkman, às páginas
amarelas da revista "Veja".
Nelas,
ele aponta o fraco desempenho do PIB como resultado de erros do governo em
questões cruciais para o avanço da economia -- os excessos de protecionismo e
intervenção no livre mercado e a omissão na criação das condições para que o
Brasil melhore a sua produtividade.
Scheinkman
nos lembra que produtividade é a força propulsora das economias que mais
cresceram no mundo. Desde 1989, segundo ele, os Estados Unidos aumentaram a
produtividade em 12%, a China, em mais de 50%, e a Coreia do Sul, em 65%. E o
Brasil praticamente não saiu do lugar. Não por falta de competência ou talento
das forças produtivas nacionais, mas de estratégia e estímulos na direção
correta.
2014
nasce refém dos erros de 2013, 2012, 2011...
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