O que está acontecendo com o
Brasil? Trabalhadores, empresários, donas de casa, muita gente já não esconde a
preocupação com os rumos do país e anda fazendo a mesma pergunta. Onde foi
parar aquela euforia, inflamada por um discurso que apregoava um patamar de
desenvolvimento jamais visto na nossa história?
Já não é possível esconder
as fissuras na paisagem econômica. A geração de empregos registrou o pior julho
dos últimos dez anos. A renda média do trabalhador vem caindo há cinco meses. O
setor de serviços desacelerou, a indústria perdeu competitividade. Com a economia
patinando, viramos o "patinho feio" entre as nações emergentes.
O ciclo virtuoso do
crescimento chegou ao fim sem as mudanças que o país tanto demanda.
Desperdiçamos uma safra recorde de oportunidades durante a última década. E
percebemos que agora faltam a aqueles que têm a responsabilidade de governar a
energia e a competência necessárias para reagir.
O governo queima
credibilidade ao afrontar os fundamentos clássicos da administração e do bom
senso. Como entender a manutenção de uma máquina pesada e cara, quando a
qualidade da nossa infraestrutura está em 107º lugar no ranking de 144 países
do Fórum Econômico Mundial? Qual é nossa prioridade, afinal?
Retrato deste descompasso, o
PAC é um inventário de obras inconclusas, com projetos ressuscitados para
abastecer palanques políticos. Setores estratégicos da economia pagam o preço
de erros sérios de planejamento, como o caso das hidrelétricas do rio Madeira.
Cresce o incômodo com a
falta de transparência. O governo injeta bilhões no BNDES e não permite que a
sociedade, que paga essa conta, conheça o destino desse dinheiro, alimentando
as suspeitas de privilégios que não atendem aos interesses nacionais.
Fica evidente a distância
entre discurso e realidade. Os mesmos programas são lançados diversas vezes,
como se fossem novas iniciativas. O governo que se recusou assumir a sua parte
no compromisso previsto na Emenda 29 e vem diminuindo há dez anos a sua
participação nos gastos com saúde é o mesmo que lança projetos improvisados,
como o Mais Médicos, que não resolve os problemas, mas alimenta o marketing
oficial.
Para voltar a apostar no
futuro os brasileiros precisam recuperar a confiança no país. Para tanto é
essencial que o governo faça pelo menos o básico: controle a inflação,
equilibre as contas públicas, priorize os gastos em educação, saúde e segurança
e crie condições institucionais para que os investimentos privados floresçam.
Acima de tudo, o momento requer uma gestão de responsabilidade.
Confiança, esta palavra anda
fazendo muita falta entre nós.
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