segunda-feira, 23 de maio de 2011

Interior de Minas recupera dinamismo na geração de emprego

Interior mostra força

Fonte: Marta Vieira e Paula Takahashi

OPORTUNIDADES
Depois de sofrer mais com a crise de 2009, cidades que ficam fora da Região Metropolitana de BH recuperam dinamismo. Saldo de vagas criadas entre janeiro e abril já passa de 42 mil


O interior de Minas Gerais recuperou dinamismo de janeiro a abril e com um saldo de 42.089 empregos voltou a gerar mais oportunidades no mercado de trabalho que a Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Grande BH apresentou resultado de 35.461 vagas além das dispensas no período, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Em 2009, o interior saiu sacrificado do impacto da crise financeira mundial, com um saldo negativo de 9.898 vagas, em boa parte influenciado pelo corte na produção das indústrias mineral e metalúrgica. O entorno da capital sofreu menos, mantendo saldo muito baixo de 635 empregos, ainda assim positivo. Em 12 meses encerrados em abril, no entanto, o interior vive uma disputa apertada: os saldos são, respectivamente, de 102.554 ante as 106.396 vagas da região metropolitana.

A capacidade de criação de empregos está essencialmente ligada à dinâmica da economia e à atração de investimentos, fatores pesados na Grande BH e que compõem uma estrutura que não muda em curto espaço de tempo, avalia Antônio Braz de Oliveira e Silva, analista do escritório mineiro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “São mudanças relativamente lentas. O melhor para a economia, de fato, seria que o interior começasse a responder pela maior parte do emprego no estado porque assim os polos de dinamismo e crescimento estariam mais bem distribuídos”, afirma.

Braz Silva observa que outro benefício do avanço do interior seria a melhor distribuição da população e dos rendimentos. A concentração da atividade econômica e dos postos de trabalho na Grande BH impressiona quando analisada à luz do tamanho da população. Tomando como base o censo do IBGE de 2010, a região metropolitana da capital mineira abriga 27,6% dos 19,597 milhões de habitantes de Minas, ou seja, 5,414 milhões de pessoas. Na geração de empregos, a Grande BH participou com 50,8%, portanto mais da metade do saldo de empregos medido nos últimos 12 meses até abril.

TENDÊNCIA Até mesmo dentro da região metropolitana a concentração é observada na capital. A cidade dá emprego a 71% dos 2,219 milhões de pessoas que estavam trabalhando em março na Grande BH, de acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego feita pela Fundação João Pinheiro, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Secretaria de Estado do Trabalho. Plínio Campos Souza, coordenador da pesquisa pela fundação mineira, acredita numa tendência de aumento do dinamismo da economia, com manutenção da boa performance do setor de serviços e da construção civil.

“Se não ocorrer nenhuma catástrofe na economia internacional, a taxa de desemprego deverá encerrar este ano como a mais baixa da nossa série histórica (desde 1996)”, afirma. A proporção de desempregados na Grande BH em 2010 foi de 8,4%, menor taxa já registrada. Na capital, praticamente todos os setores contribuem fortemente para a geração de empregos, inclusive a indústria. O crescimento do segmento deu a chance que Gilmar Alves Teixeira, de 30 anos, esperava para encarar novos desafios além do trabalho como faxineiro numa conservadora.

Gilmar conquistou o primeiro emprego na indústria em julho do ano passado como carregador da área de remessas da fábrica da Coca-Cola Femsa em BH. Depois de completar seis meses no cargo, já abriu novas possibilidades, ao concluir o curso de operador de empilhadeira. “Eu queria mudar de ramo porque buscava oportunidades de aprender e vencer desafios”, conta. Ele procurou trabalho durante dois meses e nesse tempo observou uma oferta maior de vagas na cidade.

DESAFIO O secretário de Estado do Trabalho, Carlos Pimenta, diz que o governo está envolvido num esforço conjunto para atrair investimentos com grande capacidade de gerar vagas e qualificar o maior número possível de trabalhadores. Em 2010, a rede do Sistema Nacional de Emprego (Sine), gerida pelo estado, com 121 postos em Minas, captou 222 mil vagas, mas não passou de 101 mil o número de trabalhadores colocados no mercado por meio do Sine. “As causas principais são a baixa qualificação e a falta de estrutura do Sine”, diz.

Segundo Pimenta, todo o sistema da rede está sendo uniformizado e o pessoal das agências passa por reciclagem para melhorar a eficiência dos serviços. O governo trabalha com a meta de elevar a 70% até o fim de dezembro o nível de colocação dos trabalhadores que procurarem emprego na rede. Serão implantadas 24 unidades do Sine este ano, além de dois postos móveis.

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