domingo, 11 de dezembro de 2011

Leia trechos da gravação da PF que incrimina Rogério Correia do PT de Minas como mentor da lista de Furnas

Estelionato do PT, corrupção do PT, escândalos do PT, mar de lama do PT

Fonte: Revista Veja

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PT usou estelionatário para desencaminhar CPI dos Correios

Escutas da PF revelam como deputados petistas encomendaram a Lista de Furnas para incriminar opositores, no auge do mensalão. Há dois anos, o mesmo falsificador tentou entregar documento forjado ao STF

O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP) participa de evento comemorativo dos 30 anos do PT, na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 2010

O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP) participa de evento comemorativo dos 30 anos do PT, na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 2010 (J.F. Diório/Agência Estado)

No começo de 2006, a chamada Lista de Furnas quase enterrou a CPI dos Correios, que investigava o mensalão, maior escândalo do petismo. O documento elencava doações irregulares de campanha, no valor de 40 milhões de reais, a adversários do governo Lula, e serviria para mostrar que práticas escusas de financiamento não eram adotadas apenas pelo partido do presidente, mas seriam comuns a todas a legendas. Poucas semanas depois, porém, descobriu-se que a tal lista não passava de grosseira falsificação. A edição de VEJA que chegou às bancas neste sábado finalmente revela como o documento foi forjado por um notório estelionatário, por encomenda de dois deputados petistas de Minas Gerais, com incentivo e apoio da cúpula nacional do partido.

VEJA teve acesso a conversas gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial, no primeiro semestre de 2006. Elas evidenciam que o estelionatário Nilton Monteiro – preso em outubro deste ano por forjar notas promissórias – agiu sob os auspícios dos deputados Rogério Correia e Agostinho Valente (hoje no PDT) com o objetivo de fabricar a lista. Há diálogos seguidos entre Monteiro e Simeão de Oliveira, braço direito de Rogério Correia. Os dois discutem os padrões das assinaturas de figuras importantes da oposição naquele momento, como o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia, do DEM, e o então líder do PSDB, Antônio Carlos Pannunzio. Em troca das falsificações, Monteiro, além de receber pagamento diretos, exigia a liberação de recursos em bancos públicos. É o que demonstram as gravações.

Embora a Lista de Furnas tenha sido desacreditada ainda em 2006, Nilton Monteiro esteve em Brasília, há dois anos, para tentar apensar ao processo do mensalão, que corre no Supremo Tribunal Federal, um recibo em que o ex-presidente do DEM, Rodrigo Maia, assumiria o recebimento de 200 000 reais do caixa da estatal de energia. Relator da causa no STF, o ministro Joaquim Barbosa rejeitou o documento – outro óbvio embuste. Em sua visita à capital, Monteiro foi ciceroneado pelo advogado petista William dos Santos, próximo do deputado Correia e de José Dirceu, principal réu do mensalão. Na ocasião, os dois visitaram também o gabinete de Ideli Salvatti, hoje ministra de Relações Institucionais, então no exercício de seu mandato como senadora. Procurada pela revista, Ideli negou o encontro.

Leia abaixo um trecho das gravações obtidas por VEJA. O interlocutor é Simeão de Oliveira, assessor do deputado Rogério Correia:

Nilton: Vou acabar com eles tudinho. Agora, é o seguinte: você tem que me dar proteção, porque eu estou precisando. Não interessa só isso não. Eu quero aquele negócio que foi escrito no papel, que o Agostinho fez.

Simeão: Mas aí eu não vou discutir o negócio do Agostinho (ex-deputado federal petista Agostinho Valente) com você, não.

Nilton: Eu sei que você não vai discutir, mas pode saber que… é aquilo que eu preciso.

Simeão: Não, mas eu…

Nilton: São aqueles negócios que eu pedi da Caixa e do Banco do Brasil, pra liberar pra mim urgente no BNDES, lá.

Simeão:Não, isso eu não vou discutir, não.

Nilton: Ih, então mudou a assinatura. Bem que falaram comigo, viu? Filho da p…, viu?

Em outro trecho da Gravação A AMEAÇA:

As investigações da Polícia Federal avançam. Em conversa com o deputado Rogério Correia, Nilton Monteiro cobra o pagamento pelos serviços prestados, diz que está ficando apavorado e ameaça revelar o esquema caso a quadrilha não lhe dê apoio.

Nilton: Ô, Rogério, eu não vou entregar nada de graça. Rogério. Eu vou falar com toda honestidade, eu vou virar o capeta, viu? Eu falei para você e o Agostinho virem para cá. ‘É bom pegar a estrada de Brasília e vir pra cá, porque o trem vai feder. Já estive com advogado hoje, tô falando, eu não vou ficar sozinho neste trem. Me deram uma facada nas costas. Não vai ser igual a do Azeredo, o trem vai feder, viu Rogério?

Rogério: O (inaudível) é quem faz. Tem que acertar logo aquilo. Vai ficar tudo certo. Vai ficar tudo certo.

Nilton: Tô muito preocupado. Sentei agora com o Amauri. Eu tenho o documento, mas não adianta.

Rogério: É isso que tem que fazer. O resto está acertado.

Nilton: Agora, é o seguinte: eu preciso de urgente, né? Agora vocês têm que ver esse negócio desses delegados, aí, que botou todo mundo para f…. Botou a estrutura todinha.

Rogério: Pois é, você tem que agilizar aquilo logo, sô.

Nilton: Mas eu sei. Eu não vou fazer isso sem mais nem menos, sô! Tudo que marca é uma dificuldade danada. É, eu tô ficando apavorado, já. Agora eu quero saber se o delegado tem poder de prender, né? outra coisa: a perícia lá, não é isso que a imprensa tá falando não, tá?

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