terça-feira, 14 de junho de 2011

Deputados aliados de Anastasia formam bloco de oposição ao Governo para cobrar investimentos em Minas

Tucanos comandam blocão

Fonte: Juliana Cipriani e Isabella Souto – Estado de Minas

Legendas aliadas do governador Anastasia decidem formar grupo de oposição a Dilma Rousseff, para fortalecer Aécio Neves e, ao mesmo tempo, pressionar o prefeito de BH a tomar posição

A sucessão presidencial de 2014 contaminou ontem as conversas políticas em Belo Horizonte. No mesmo dia em que 13 partidos aliados do governador Antonio Anastasia (PSDB) acertaram a formação de um bloco de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o Movimento Pró-Minas da Dilma, formado por PT, PMDB, PRB, PCdoB e PR, contra-atacou apresentando uma agenda de investimentos federais previstos para o estado (leia na página 7). No centro da disputa, uma possível candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência.

Em um café da manhã marcado por críticas ao governo federal, os aliados de Anastasia decidiram formar uma comissão para se reunir com Aécio e empenhar o apoio ao seu nome como candidato a presidente. Segundo os líderes partidários, os governos do ex-presidente Lula e de Dilma pouco ou nada fizeram por Minas Gerais. Como bandeiras, os partidos colocaram a defesa de três pontos: recursos para o anel rodoviário, o metrô da capital e Belo Horizonte para abrir a Copa do Mundo de 2014.

Os aliados de Anastasia reclamaram a falta de recursos federais. “O governo federal não liberou um centavo para a Copa do Mundo, e o estado colocou R$ 400 milhões. Se BH é um canteiro de obras elas têm como referência e são todas encaminhadas pelo governo de Minas”, afirmou o presidente da Assembleia, deputado Dinis Pinheiro (PSDB). Até o presidente do PR municipal, Leonardo Portela, aliado de Dilma, fez coro às críticas. “Realmente Minas esperava uma atenção maior da presidente, até pelo fato de ela ser mineira. Podemos dizer que até agora tem deixado a desejar.” Outras queixas foram a falta de recursos para segurança pública e a atuação da guarda municipal em Belo Horizonte.

Em uma demonstração de força, representantes do PSDB, DEM, PR, PP, PSDC, PTN, PSC, PHS, PRTB, PMN, PPS, PTB e PSD afinaram o discurso e prometeram, como primeiro ato, apoiar uma candidatura à Prefeitura de BH apoiada por Aécio e Anastasia, com ou sem o prefeito Marcio Lacerda (PSB). O encontro ocorre enquanto o prefeito não decide se caminhará com PT ou PSDB, que juntos o elegeram em 2008, mas colocam resistências para reeditar a aliança em 2012.

O PSB de Lacerda não foi convidado para o encontro na casa do presidente da Câmara, vereador Léo Burguês (PSDB). “Não chamamos porque aqui estão aqueles alinhados com Aécio e Anastasia em qualquer ocasião e que, mais do que definir candidato, querem contribuir para voltar a ter grandes obras em BH”, afirmou o tucano.

De acordo com o presidente do PSDB da capital, deputado estadual João Leite, o grupo estará em rumos opostos ao PT e ao PMDB, que, apesar de estarem no governo federal, não trouxeram obras para BH. “Não queremos como aliados aqueles que não têm feito nada pela cidade”, disse. Segundo o tucano, o acordo é apoiar Lacerda até o fim do seu governo, mas não é impossível um entendimento para concorrer à reeleição.

ALMOÇO Mais tarde uma reunião entre o presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana, e representantes do PPS, PV e PRP, foi apontada como uma alternativa de aliança caso os tucanos sejam os preteridos por Marcio Lacerda (PSB), dividido entre PT e PSDB. Presente no almoço, o pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, o deputado estadual João Vitor Xavier (PRP) disse que foi apenas uma primeira conversa e ainda será preciso muito debate para a definição das chapas. “A partir dessas conversas é que saberemos se haverá união ou cisão.”

Pestana fez várias críticas ao PT, que classificou como decadente e em crise de identidade. Para petistas e tucanos estarem no mesmo lado nas eleições, de acordo com Pestana, será preciso um processo “respeitoso” e de “afinidade”. “Não sei o que o PT vai fazer. Em festa de Inhambu, tucano não entra. Quem está com problema de decadência e afirmação de identidade é o PT”, afirmou, quando questionado sobre a hipótese de reedição da dobradinha. Marcus Pestana emendou que em eleições passadas o PT fez alianças “desastrosas”, a última delas em 2010, quando indicou o ex-ministro Patrus Ananias como vice do ex-senador Hélio Costa (PMDB) na disputa para o governo do estado e saiu derrotado.

Participaram ainda do almoço os pré-candidatos a prefeito, os deputados estaduais Délio Malheiros (PV), Luzia Ferreira (PPS), João Leite (PSDB).

Aparato
O café da manhã na casa do presidente da Câmara, Léo Burguês, teve uma boa cobertura institucional. Apesar de ser um ato político, foi acompanhado pela estrutura de comunicação do Legislativo, que se encarregou da divulgação. De acordo com o Ministério Público, o uso da estrutura para eventos partidários não é permitido e pode caracterizar uso da máquina administrativa.

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