quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Em Minas, Lula evita confronto com Aécio Neves para favorecer Hélio Costa e abre crise no comitê do PMDB


Lula rejeita ideia de medir forças com Aécio por Hélio

A reação de Antonio Anastasia (PSDB), candidato de Aécio Neves ao governo de Minas, abriu uma crise no comitê de Hélio Costa (PMDB).

Ministro das Comunicações até abril, Hélio reivindica uma injeção de Lula em sua campanha.

O vice de sua chapa, Patrus Ananias (PT), ex-ministro do Bolsa Família, compartilha da mesma opinião. Para os dois, só Lula pode, a essa altura, estabelecer um contraponto à presença de Aécio na campanha rival.

Ouvido, Lula se dispôs a ajudar, mas rejeitou a idéia de travar com Aécio uma guerra de prestígio em Minas. Aécio não mede esforços. Chegou a gravar um pedido de voto que o comitê de Anastasia leva aos ouvidos do eleitorado mineiro pelo telefone.

O time de Hélio desejava que Lula fizesse o mesmo. O presidente torceu o nariz. Disse que a esse ponto não chegaria. Recordou que já havia gravado mensagem de apoio para a propaganda eletrônica de Hélio Costa. Desejava-se que fizesse nova gravação. Na peça, mais do que expressar apoio à chapa PMDB-PT, pregaria contra Anastasia e o PSDB de Aécio.

Lula, de novo, levou o pé atrás. Disse que prefere fazer campanha a favor, não contra. Por último, solicitou-se do presidente que participasse, junto com a presidenciável petista Dilma Rousseff, de uma série de atos de campanha em Minas.

Por ora, Lula topou participar apenas de mais um comício mineiro, provavelmente na quinta-feira (9) da semana que vem. Nesta terça (31), em meio ao curto-circuito que o crescimento de Anastasia provocou na campanha de Hélio, PMDB e PT reuniram-se em Brasília.

Hélio foi representado no encontro por Michel Temer, presidente do PMDB federal e candidato a vice na chapa de Dilma. Pelo PT, além de Patrus Ananias, o presidente da legenda, José Eduardo Dutra. Produziu-se na conversa mais diagnóstico do que receita.

Constatou-se o obvio: dá-se em Minas algo semelhante ao que se passa na cena nacional. O eleitor parece pender para a continuidade. A exemplo do governo Lula, a administração mineira de Aécio dispõe de alto índice de aprovação.

Em âmbito estadual, Aécio rivaliza com Lula em termos de popularidade. E converte o prestígio pessoal em votos para Anastasia. Assim como Lula faz com Dilma. Aécio diz que, no Estado, o discurso da continuidade que Lula esgrime no Brasil joga a seu favor. As pesquisas indicam que o tucano tem razão.

Do ponto de vista de Lula, o objetivo prioritário já foi alcançado em Minas: Dilma ultrapassou nas pesquisas do Estado o rival José Serra. Curiosamente, o presidente parece enxergar o caso de São Paulo de maneira diversa. Ali também Dilma já está à frente de Serra. Porém…

Porém, Lula decidiu tonificar sua presença na campanha estadual de Aloizio Mercadante, que mede forças com outro tucano, Geraldo Alckmin. Para o presidente, parece mais prioritário o esforço para dobrar a espinha do tucanato em São Paulo do que em Minas. Natural.

Alckmin é um tucano de bico mais duro que o de Aécio. Num eventual governo Dilma, tende a causar mais problemas. De resto, São Paulo é o berço do PT. E Alckmin foi o adversário de Lula na sucessão de 2006. Há na atmosfera um quê de revanche.


Fonte: Josias de Souza – Folha de S. Paulo

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