Publicado na Folha de S. Paulo –
08-08-14
Em sua estratégia para evitar reajustes extras de tarifas ou mais
sangria no caixa do Tesouro no ano eleitoral, o governo anunciou nesta quinta
(7) a segunda rodada de empréstimos para socorrer as distribuidoras de energia
elétrica, no valor de R$ 6,6 bilhões e a juros mais altos.
A nova operação conta, até agora, com a participação de oito bancos
--três públicos e cinco privados--, que vão receber juros mais altos para
bancar o financiamento. O governo afirma que esse será o último empréstimo.
Ao todo, o governo negociou R$ 17,8 bilhões com instituições financeiras
neste ano, um pouco mais da metade de bancos públicos, para que as
distribuidoras possam pagar pela energia mais cara que estão sendo obrigadas a
comprar.
Sem esses empréstimos, o governo teria de socorrer as distribuidoras de
energia elétrica com recursos do Tesouro em valor semelhante ao dos empréstimos,
o que se mostrou inviável diante da queda na receita provocada pela retração da
economia.
Ou teria de optar por reajustes extras de tarifas já neste ano, num
momento em que a inflação segue acima dos 6%, o que poderia estourar o teto da
meta, de 6,5%.
A segunda rodada de empréstimo terá juros de 2,35% ao ano, mais correção
pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário), com prazo de carência até
outubro de 2015 e pagamento entre novembro do ano que vem e novembro de 2017. A
primeira operação, de R$ 11,2 bilhões, teve taxa de 1,9%, mais CDI.
"A equação do setor elétrico não se faz apenas de empréstimo. Estou
afirmando que não teremos mais empréstimo e não consta no planejamento do ano
que vem nenhum tipo de empréstimo", disse o secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, Paulo Cafarelli.
Questionado sobre se haverá novo aporte do Tesouro, caso as
distribuidoras precisem de mais recursos, o secretário afirmou "não
sei" e explicou que, dentro do compromisso do Tesouro de R$ 13 bilhões com
o setor elétrico neste ano, o órgão já gastou R$ 6,45 bilhões até agora.
A operação já tem garantida a participação de sete bancos --Banco do
Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Itaú, Santander e BTG Pactual (como
antecipou a Folha) e Citibank--, além do BNDES, que vai arcar com
R$ 3 bilhões da operação.
Segundo Caffarelli, outros seis bancos ainda avaliam a proposta. O prazo
para novos participantes é o dia 15, quando o dinheiro estará disponível às
distribuidoras.
Como na primeira rodada, a garantia são os encargos cobrados pelas
distribuidoras.
Os R$ 3,6 bilhões da operação que serão bancados pelos demais bancos,
fora o BNDES, serão distribuídos seguindo a proporcionalidade do empréstimo
anterior, afirmou o secretário. BB e Caixa devem entrar, cada um, com R$ 750 milhões.
Na primeira rodada, foi R$ 2,45 bilhões cada um. Bank of America, Credit Suisse
e JPMorgan são os bancos que participaram da primeira rodada e não confirmaram
presença na segunda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário