Em respeito aos
critérios anteriormente fixados pela Folha em função do período eleitoral,
escrevo hoje a minha última coluna, em uma manhã de sábado em São Paulo. E me
despeço manifestando, mais uma vez, o meu respeito pela atividade política.
Sei que corro o risco de
ser mal interpretado, em um país em que, lamentavelmente, sobram motivos para o
descrédito da ação política, mas a cada dia me convenço mais do acerto da
decisão que tomei há 30 anos, quando entrei na vida pública.
Poucas escolhas na vida
nos permitem reunir ao mesmo tempo as razões do coração e da razão. Dizem que
as pessoas que conseguem encontrar o dever e o prazer no mesmo lugar têm uma
chance especial de encontrar a felicidade. E, apesar de todas as dificuldades,
poder imprimir à vida um sentido no qual se acredita não deixa de ser uma
oportunidade a ser celebrada.
Nunca tive dúvidas sobre
a escolha que fiz, nem nas horas de dificuldades. Nunca as tive nos momentos de
frustração quando fui confrontado com a impossibilidade de realizar tudo o que
gostaria, nem nos momentos em que sou atacado de forma covarde por calúnias e
difamações.
Vejo nisso apenas mais
razões para continuar a minha caminhada e colaborar para a construção de um
tempo em que a política tenha mais a ver com a verdade e com a realidade, e
menos com a manipulação e com a hipocrisia. Acredito na política como
instrumento de transformação da sociedade. Onde falta política sobra
autoritarismo.
Fiz desta coluna um
testemunho de meu compromisso com a política voltada ao bem comum e do meu
compromisso com os brasileiros. Busquei refletir sobre o Brasil, consciente de
que escrever para um jornal como a Folha é sonhar em voz alta.
É falar para o Brasil.
Nunca me omiti diante das grandes questões. Me expus ao crivo da opinião
pública e saio fortalecido da experiência. E ainda mais convencido de que a
arena pública deve estar sempre permeável ao debate.
Olho para o Brasil e
vejo um país banhado por uma energia positiva que parece adormecida, mas que é
essencialmente nossa. Alegria, esperança e confiança são um patrimônio coletivo
da nossa nação. Não podemos perdê-lo.
“A nação renasce porque
está renascendo nos olhos dos moços”, escreveu meu avô Tancredo no discurso
preparado para o dia de sua posse na Presidência e que o destino não permitiu
que ele lesse. Ele falava daquela energia única, do “calor sagrado que torna as
pátrias imperecíveis”. Esta é a energia que me move.
Encerro a minha coluna
surpreso com a velocidade com que o tempo tem passado. Foram três anos. Meu
agradecimento à Folha pelo convite. A você, meu agradecimento pela companhia,
meu abraço e desejo de que o tempo seja generoso com cada um dos nossos sonhos.
*Aécio Neves é senador
(PSDB-MG), presidente nacional do PSDB e candidato do partido à disputa pela
Presidência da República
**Coluna publicada na
Folha de S. Paulo – 16-06-2014
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