Fonte: Agência Minas
Soltar pipa é uma
brincadeira muito popular no Brasil, mas os números da Companhia Energética de
Minas Gerais (Cemig), de janeiro a maio deste ano, mostram que essa prática é
uma coisa séria. Ela foi responsável por 1.200 ocorrências de interrupção do fornecimento
de energia elétrica, prejudicando 641 mil consumidores. Somente na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, foram registrados 516 desligamentos provocados
por pipas na rede elétrica.
O uso do cerol – mistura
cortante feita com cola, vidro e restos de materiais condutores – é um dos
principais causadores dos desligamentos, pois geralmente causam o rompimento
dos cabos de energia quando entram em contato com a rede elétrica. Além disso,
muitos curtos circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios
presos aos cabos.
De acordo com o engenheiro
de tecnologia e normalização da Cemig, Demétrio Venício Aguiar, uma novidade
que surgiu recentemente, e que vem agravar os problemas e os riscos, é a “linha
chilena”, tipo de cabo cortante feito em
escala industrial, portanto mais refinado e com materiais mais abrasivos do que
o cerol.
“Esse tipo de linha é muito
mais cortante do que o cerol comum e, infelizmente, é possível adquirir esse
material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet”, diz
o engenheiro.
Acidentes Graves
Além dos prejuízos causados
pela falta de energia, a Cemig também alerta para os riscos à segurança que a
soltura de pipas pode trazer quando praticada próximo à rede elétrica. No ano
passado, foi registrado um acidente fatal com pipa em Minas Gerais. Já em 2011,
a Cemig registrou dois acidentes com vítimas de ferimentos causados por
papagaios. E, no ano anterior, 2010, também foram dois registros, sendo que uma
das vítimas morreu.
Demétrio Aguiar conta que a
maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e
as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de
madeira ou barras metálicas. O contato com a rede elétrica pode ser fatal, além
do risco de queda em função do impacto causado pelo choque elétrico. Nesses
casos, as consequências mais comuns são traumatismos causados pelas quedas e
queimaduras graves causadas por choques.
Além disso, muitas crianças
amarram as pipas com arames e fios. “São materiais altamente condutores de
energia e acabam sendo energizados quando tocam os cabos de energia”, explica
Demétrio Aguiar. O engenheiro chama a atenção, ainda, para o uso do cerol, que
pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e
provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede.
No ano passado, mais de 2,7
milhões de consumidores em todo o Estado foram prejudicados com desligamentos
causados por papagaios presos nas linhas de distribuição. Durante o ano, foram
registradas 5.019 interrupções no fornecimento de energia provocadas por pipas,
representando 1,5% do total.
Mais da metade dos
desligamentos (3.064) ocorreram exatamente durante o inverno, entre junho e
setembro, atingindo 1.558 mil consumidores. Em 2012, o maior número de
interrupções causadas por papagaios na rede elétrica, 2.211 ocorrências,
aconteceu na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
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