Artigo do Senador Aécio
Neves
Fonte: Folha de S.Paulo
Além
do aumento do preço da gasolina, anunciado pelo governo federal, a Petrobras
voltou a entrar em evidência, semana passada, ao perder o posto de maior
empresa da América Latina.
O
jornal "Financial Times", um dos mais respeitados no mundo na área
financeira, colocou a colombiana Ecopetrol no topo do ranking das empresas de
maior valor de mercado. As ações da Petrobras perderam 45% do valor ao longo
dos últimos três anos, de acordo com a publicação britânica.
No
decorrer de 2012, com perplexidade, o Brasil foi tomando conhecimento da
existência das graves dificuldades na gestão da estatal, com aumento das
importações, problemas de caixa, desvalorização de seus papéis no mercado,
dentre outros. Houve uma troca brusca no comando da empresa, para tentar
colocá-la nos trilhos novamente.
Há
um estudo recente que traz uma síntese digna de nota sobre os males capazes de
corroer a vida de uma companhia pública. Intitulado "Gestão Estatal:
Despolitização e Meritocracia", o trabalho foi realizado pelo Instituto
Acende Brasil para o setor elétrico, mas suas conclusões são válidas para a
Petrobras e outras estatais mal gerenciadas, de uma maneira geral.
Dentre
os entraves descritos na literatura econômica tratados no estudo, destaca-se a
administração inepta: os dirigentes são nomeados pela sua lealdade aos
governantes, desconsiderando-se as qualificações requeridas para o cargo.
As
empresas sofrem também com o uso político que se faz delas. A falta de
disciplina orçamentária pesa muito. Por terem como acionista majoritário o
governo, muitas estatais vivem na expectativa de que eventuais deficits serão
necessariamente cobertos por aportes oficiais. O processo decisório
burocrático, típico da má administração pública, acaba sendo a cultura
dominante, prejudicando a agilidade necessária.
O
estudo cita uma estratégia para se bloquear o uso político das estatais, com
uma "blindagem" contra as pressões externas. São medidas como
recrutamento profissional e competitivo de diretores, uso de indicadores e
metas, transparência nos resultados, prestação periódica de contas e aplicação
de incentivos e penalidades por desempenho.
O
governo federal está na contramão desses preceitos que poderiam oxigenar --e
muito-- a economia brasileira. De um lado, ocuparam-se as estatais existentes
como se patrimônio do PT fossem. De outro, aumenta-se o número delas
--levantamento divulgado ano passado mostra que o PT criou mais estatais que
todos os governos pós-militares.
Parafraseando
um dilema de outrora, a saúva do aparelhamento partidário pode acabar com o
Brasil.
Meritos ao Dr Mantega...rs
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