domingo, 1 de maio de 2011

Tucanos ensaiam voo solo à PBH

Roberto Tross e Reinaldinho Oliveira

Marcus Pestana e o novo presidente da JPSDB-BH Vitor Colares


Diretório do PSDB na capital quer candidato próprio na disputa pela prefeitura no ano que vem


Bertha Maakaroun e Ezequiel Fagundes / Estado de Minas



O PSDB colocou ontem definitivamente o time da sucessão municipal em campo, sinalizando com candidatura própria à Prefeitura de Belo Horizonte. O deputado estadual João Leite e o deputado federal Rodrigo de Castro são os mais cotados para encabeçar a chapa. O recado é dirigido ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), que governa a cidade em uma peculiar coalizão de forças, entre as quais petistas e tucanos.

À frente das secretarias da Saúde, do Desenvolvimento Econômico, da BHtrans, da Sudecap e da Regional Pampulha, os tucanos, que ontem deram posse a João Leite na presidência do diretório municipal, se consideram pouco representados na administração. “Tenho cobrado do prefeito. O PSDB municipal não tem nenhum reconhecimento de Marcio Lacerda. As pastas são dirigidas pelo partido, mas todo o entorno e os demais cargos são ocupados pelo PT”, discursou o vereador Henrique Braga, líder do PSDB na Câmara Municipal, sob aplausos das bases. Na abertura do encontro do diretório municipal, o tesoureiro do PSDB, Reinaldo Oliveira Batista, que é gerente de políticas sociais da Regional Nordeste, deu o tom: “Sei como funciona a prefeitura. O atual comandante deve sair de cima do muro”.

A disputa à Prefeitura de Belo Horizonte, prévia eleitoral que se vincula à sucessão estadual de 2014, quando tucanos e petistas voltarão a se enfrentar nas urnas nos planos estadual e nacional, deixa o socialista Marcio Lacerda sob fogo cruzado. De um lado, as bases petistas também anunciam candidatura própria, malcontida pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que tenta articular a reedição da aliança PT e PSB, desta vez sem o PSDB. O vice-prefeito, Roberto Carvalho (PT), emerge no seio de sua legenda como o nome mais cotado.

De outro lado, os tucanos. Enquanto o governador Antônio Anastasia e o senador Aécio Neves trabalham pelo cenário em que socialistas e o PSDB concorrerão juntos ao governo municipal, as bases da legenda também querem candidatura própria, entendendo que o partido não ocupa, na capital mineira, o espaço político que representa na sociedade. “Temos apenas três cadeiras na Câmara Municipal. Deveríamos ter pelo menos seis. Não vamos esquecer que José Serra (PSDB) venceu Dilma Rousseff (PT) em BH no segundo turno das eleições presidenciais, apesar de o prefeito ter balançado bandeira nas ruas”, acrescentou Henrique Braga.

Antecipar o debate da sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte não interessa a Marcio Lacerda, que mantém boa interlocução com os quadros do PSDB no governo. “Henrique Braga até hoje não perdoou não ter sido eleito presidente da Câmara. Até a eleição, não reclamava”, rebateu Lacerda, referindo-se ao fato de, dentro do PSDB, ter sido escolhido, com o seu apoio, Leo Burguês para presidir a Casa. “Tenho que priorizar a administração. Qualquer coisa que eu faça que coloque brasa em disputas futuras prejudicará a administração”, afirmou o socialista. “A população não está interessada com a eleição neste momento. Ela quer saber se tem médico no posto e se o ônibus passa no horário”, assinalou.

Segundo Lacerda, a cidade elegeu uma aliança com 12 partidos coligados formalmente mais o PSDB. “A demanda do PSDB de participação na gestão foi atendida. Além disso, o apoiamos para a presidência da Câmara Municipal. O equilíbrio existe. O PSDB ajuda no governo, que está bem avaliado”, acrescentou o prefeito.

SINAL Pressão das bases tucanas à parte, dentro do PSDB, o desenho do projeto político maior é traçado por Anastasia e por Aécio. Ao sinalizar com João Leite à frente da direção municipal, parlamentar que já concorreu duas vezes à Prefeitura de Belo Horizonte, o PSDB indica que se prepara para a guerra eleitoral em todos os cenários. Se Lacerda optar pela legenda – o que por exclusão significaria o rompimento com o PT –, Rodrigo de Castro seria o mais provável vice da chapa. Essa articulação traz, em si, uma outra promessa futura: a de que em 2014 Lacerda venha a integrar a composição da chapa para a sucessão de Anastasia. Se o PSB ficar com o PT, os tucanos apresentam o seu poder de fogo na briga pela administração do orçamento da capital mineira.

A aposta do PSDB na disputa à PBH é alta. O partido precisa se sair bem para cacifar, no ninho tucano, a pré-candidatura de Aécio à Presidência da República. “O partido tem esse sentimento de candidatura própria, mas o PSDB de BH está sob a liderança de Aécio e Anastasia. O projeto é a candidatura presidencial de Aécio”, disse Leo Burguês. “O PSDB está unido em Minas”, afirmou João Leite, que promete ser a ponte entre a base do PSDB e os líderes tucanos. “Há apelo pela candidatura própria. Estamos construindo uma chapa forte para vereador e a candidatura majoritária é importante para ajudar na legenda . Mas ela tem de ser discutida com os líderes”, acrescentou.

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