quinta-feira, 3 de março de 2011

Retaliação federal: Nárcio Rodrigues diz que corte no Orçamento teve fins político contra oposição


Tucano vê corte com fim político

Fonte: Maria Clara Prates – Estado de Minas

Orçamento Presidente mineiro do PSDB, que teve 98% de suas emendas cortadas, acredita em retaliação por parte do Palácio do Planalto

O presidente do PSDB de Minas, deputado federal licenciado Nárcio Rodrigues (PSDB), criticou ontem a falta de critérios do governo federal

para promover o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União desse ano. Nárcio, que hoje ocupa o cargo de secretário de Ciências e Tecnologia, teve 98% de suas emendas parlamentares vetadas e dos R$ 13 milhões que seriam liberados, restaram apenas R$ 200 mil para a rede Sarah de Hospitais, o que para ele significa “sinalizações óbvias de retaliação política”. O secretário fez questão de frisar também que verbas para as áreas de cultura e ciência e tecnologia, que eram historicamente blindadas no orçamento, foram atingidas pelo contigenciamento do governo federal, colocando em risco vários projetos em andamento no estado.

Para demonstrar a falta de critério, o tucano citou como exemplo as emendas parlamentares do deputado federal, Reginaldo Lopes, presidente do PT mineiro, que, por sua vez, foram integralmente preservadas dos cortes. “A desconfiança sobre o conteúdo político dos cortes – que flagram uma retaliação condenável para um governo que se prometeu republicano – aumenta mais quando se faz uma visita ao quadro de cortes de emendas individuais da bancada de Minas Gerais. O corte acertou deputados da base e da oposição. Nenhum, contudo, teve corte superior a 50% do valor total de suas emendas, que, individualmente, totalizam R$ 13 milhões”, explicou. As emendas assinadas por Nárcio Rodrigues R$ 10 milhões eram destinadas a área de Ciência e Tecnologia e R$ 2,8 milhões à Cultura.

Pregação O presidente tucano disse que está sendo difícil digerir os cortes e a forma como eles aconteceram. Nárcio Rodrigues sugeriu que o que se esperava era a convocação do Congresso para contribuir com o ajuste necessário, indicando prioridades e sugerindo onde aplicar os cortes. “O governo – autoritário pela sua própria natureza – optou pelo corte sem critério e acabou por revelar que, na falta de um critério técnico, saberia introduzir sutilmente o componente político para atingir alvos estratégicos, como os adversários”. Além disso, para o parlamentar, a necessidade de corte de recursos com valor tão elevado revelaram a desorganização financeira do governo petista. “O anúncio em si desnuda a mentira do governo, que se transformou em pregação eleitoral, de que as finanças estavam em ordem e o gasto público sob controle. O corte faz a verdade vir à tona: era preciso urgentemente um choque de realidade no orçamento para acabar com a farra do gasto público patrocinada às vésperas de uma eleição”, conclui.

Com discurso oposto, o presidente do PT, deputado Reginaldo Lopes, garantiu que nenhum projeto em Minas está prejudicado em razão no corte das emendas parlamentares. Ele afirmou que, em uma análise geral dos números, fica claro que programas importantes foram preservados como os da área de educação – Prouni, Reuni, entre outros -, e disse: “Estamos tocando a duplicação das BRs 040 e 381, metrô, projetos considerados estratégicos para Minas”. Lopes disse que ainda não sabe dizer se suas emendas foram preservadas dos cortes, mas afastou de antemão, o caráter político dos cortes. “O deputado Nárcio deve ter cuidado ao politizar exageradamente o contigenciamento sob pena de ser cobrado no futuro pelo oportunismo eleitoral”, advertiu o petista.

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