Confira artigo publicado na edição desta segunda-feira, dia 21, no jornal Folha de S.Paulo
A ÉTICA DEVERÁ GUIAR AS MUDANÇAS
AÉCIO NEVES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A espetacular velocidade de transformações do mundo no último século torna qualquer projeção sobre o futuro tarefa quase inimaginável.
Do ponto de vista do Brasil, o salto foi formidável.
Passamos de um vasto país agropastoril, com baixa densidade demográfica, educação restrita à elite, profundo atraso tecnológico e grave dependência econômica para uma economia diversificada; rede de cidades considerável; sistemas de serviços públicos abrangentes; produção intelectual e cultural vigorosa, reconhecida, e uma crescente integração ao mundo globalizado.
As reformas estruturais realizadas nos anos 90 nos permitiram dar passos decisivos para alcançarmos a posição que ocupamos hoje.
Não há como vislumbrar um cenário pessimista para um país sem distensões, com extenso volume de terras agricultáveis, poderosas reservas naturais e potenciais latentes, especialmente no do nosso capital humano.
Mas ainda nos falta, para realizá-los, um inédito e vigoroso senso ético. Não apenas aquele restrito às nossas obrigações de contenção da corrupção e do compadrio.
Mas um senso ético mais amplo que torne generosa e solidária a construção do desenvolvimento nacional.
Se, no século 20, a nossa população e o PIB foram multiplicados, pouco ou quase nada fizemos para alterar nossa profunda e dramática desigualdade social.
Nenhuma outra tarefa será capaz de mobilizar tanto o Brasil dos próximos 90 anos.
Para superar esse fosso, precisamos compreender a construção do futuro não como uma dádiva, mas como conquista coletiva.
Poderemos ser o país dos talentos, se o nosso senso ético nos permitir democratizar a educação de qualidade.
Seremos o grande provedor de alimentos do mundo e representaremos um novo modelo de produção de energia renovável, se a ética nos ensinar a compatibilizar essas vocações à ideia da sustentabilidade.
Seremos uma das mais promissoras sociedades, se a ética nos exigir crescer sem regiões isoladas.
As razões que nos impuseram tantas décadas perdidas são muitas. Todas, no entanto, passam pela discussão ética sobre o nosso próprio destino e projeto de país.
Precisamos responder que Brasil queremos ser e como construí-lo com o trabalho, as crenças e as esperanças de todos os brasileiros.
AÉCIO NEVES é senador eleito pelo PSDB em Minas Gerais, Estado que governou de 2003 a março de 2010; foi também deputado federal por quatro mandatos.
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